O filho do monstro
Perdido um dia, depois de cair do caminhão da mudança, o filho do monstro andou a esmo.
Viu uma casa e a luz acesa.
Bateu na porta.
Não demorou que um homem aparecesse de pijama.
Primeiro, o homem espantou-se com a feiura da coisa. Era um bicho de três metros de altura, com quatro chifres na cabeça, dez olhos amarelos, uma língua verde saindo para fora da boca cheia de dentes afiados, um corpo repleto de pelos ouriçados, e suas mãos pareciam tentáculos e por seus ombros saíam diversos espinhos, e se não bastasse tudo isso, o filho do monstro ainda exalava um cheiro de peixe estragado.
Passado o susto da primeira impressão, o homem perguntou:
— O que deseja?
O filho do monstro não respondeu, pois não podia falar, em vez disso, emitiu alguns grunhidos altos e medonhos.
— Vamos, entre, não fique aí fora, está frio.
Como os dias passavam e ninguém aparecia para reclamar o filho do monstro, o homem tomou-o por pupilo e resolveu ensinar-lhe tudo o que sabia.
Primeiro, ensinou-o a jogar baralho e ensinou os truques e dizia:
— Você pode ganhar uma boa grana em uma mesa com otários.
E dizia mais:
— O mundo é dos espertos.
Levou o filho do monstro até um bar e deu-lhe um copo de bebida.
O homem bebeu todas e foi jogar baralho.
Em dado momento, cismou que estava sendo roubado e partiu para a briga e acabou matando um dos jogadores.
A policia veio e prendeu o homem e jogaram-no em uma cela com bandidos perigosos e o filho do monstro viu o momento em que o homem foi estuprado e surrado e viu como os bandidos se divertiam enquanto estupravam e batiam no homem.
O delegado achou que não era de bom senso que o filho do monstro permanecesse na cadeia e tratou de mandar uma viatura policial levá-lo para a terra dos monstros.
Lá, o filho do monstro contou sobre o que aprendeu com o homem e ensinou os outros monstros a beber, jogar baralho, apostar, enganar, matar, estuprar e brigar.
E a terra dos monstros nunca mais foi um lugar de paz e sossego.