O TREM EXPRESSO - Parte final

O Irlandês percebeu que o trem parou próximo a uma plataforma no meio do nada. Do lado de fora o frio era congelante e a escuridão era quase total. A luzes do que parecia ser uma estação e as luzes das cabines do trem eram as únicas que rompiam a escuridão.

O grupo viu naquele momento uma oportunidade única para escapar do trem e não pensou duas vezes. Alfred foi o primeiro a pular do vagão e sentiu um frio intenso nos pés os outros pularam em seguida e caminharam com neve até os joelhos com grande dificuldade para longe do trem indo em direção à estação. Tompson olhou para trás e viu o fiscal funcionário do trem que havia recepcionado eles quando embarcaram. Havia um sorriso macabro em seu rosto e Tompson percebeu que ele olhava em sua direção.

Por fim chegaram a estação e ao entrarem perceberam que havia um grande bar que ficava atras da estação. A estação era bem iluminada mas estava completamente vazia. Nenhum passageiro, nenhum funcionário, nada. Tudo em seu devido lugar. Tompson pensou ouvir alguém falar isso em voz baixa, numa mensagem quase dirigida a ele.

O Irlandês olhou em volta e constatou horrorizado que não haviam árvores, ruas ou outros prédios ali. Nenhum carro, ônibus ou algo parecido. Apenas um frio intenso e a escuridão total, exceto agora pelo bar iluminado.

Estavam congelando e correram com muita dificuldade devido à neve para dentro do bar certos de que se ficassem ali fora não passariam daquela noite devido ao frio intenso.

Ao entrarem acharam o ambiente agradável. A temperatura era ambiente e o bar estava bem iluminado com muitas pessoas rindo e bebendo. Casais namorando, homens aplaudindo uma dançarina e várias outras "cortesãs" que estavam "fazendo companhia" para os homens animados. Estavam todos se divertindo e cuidando da própria vida como se nada estivesse errado ali.

Os homens se olharam e então Alfred se aproximou de um homem jovem que parecia estar se divertindo com uma moça e então Alfred perguntou ao jovem casal que lugar era aquele ali ao que o jovem respondeu que não sabia pois havia acabado de chegar.

Alfred achou a resposta estranha e ia responder de volta quando foi interrompido pelo Irlandês que o chamou para perto do grupo. Alfred se afastou enquanto o casal continuou a conversa animada.

Foram ao balcão e pediram uma bebida ao que o barman atendeu rapidamente com um excelente uísque que todos beberam e se sentiram revigorados. Foram então para uma mesa que o Irlandês indicou não muito longe da porta principal do bar. Conversaram entre si e queriam saber onde estavam e como poderiam saber. Sentiram que havia algo estranho embora não tivessem visto nada ainda.

Então um velho sentado na mesa ao lado começou uma conversa dizendo, como se adivinha-se o que o grupo pensava, que eles estavam no lugar certo junto com todos os outros. O Irlandês perguntou que lugar era aquele e o velho respondeu dizendo que eles deveriam saber. Então mostrou um homem gordo sentado no canto e que falava sozinho com sua bebida ao que Alfred reconheceu o homem dizendo que o conhecia mas parecia não acreditar no que estava vendo. O velho riu e respondeu claro que você o conhece ele era o segurança do primeiro banco que vc roubou, ele morreu sem perceber o que estava acontecendo e ficou louco quando chegou aqui. Estão vendo aquele outro casal lá no fundo? Conhece eles Jack? Jack olhou para os amigos e começou a chorar e acenar com a cabeça ao que o velho respondeu dizendo claro que conhece você os atropelou quando fez sua fuga naquele assalto em Chicago. Eles iriam se casar naquela semana. O Irlandês então segurou o velho e perguntou ao velho quem ele era e o velho respondeu não me reconhece rapaz? Eu sempre estive com vc todo esse tempo, sempre te ajudei, sempre te protegi e vc não sabe quem eu sou? Você é um dos meus favoritos, como matou gente em sua carreira de assaltos hein meu amigo? Lembra daquela caixa que vc não matou? Ela está ali olha, ela perdeu o emprego de caixa e foi acusada de colaborar com vcs e depois disso nunca mais conseguiu um emprego decente, ela acabou trabalhando como dançarina em bares pobres do subúrbio para sobreviver até que um daqueles ladroes a esfaqueou num beco quando voltava pra casa...tudo isso por apenas 40 dólares... nada igual a você que matava por milhares as vezes milhões de dólares. hahahahahaha

O Irlandês soltou o velho sem pernas que então começou a flutuar enquanto soltava gargalhadas. Nesse momento todos no bar se voltaram para o grupo, com olhar fixo e cheio de ódio. Foi quando Tompson o reconheceu como sendo o velho zelador da fabrica onde fez o seu primeiro assalto. Tompson havia metralhado suas pernas que foram amputadas. O velho olhou para Tompson e sorriu para ele dizendo olá filho.. pensou que o inferno fosse quente não é? hahahaha mas não é não e hoje você não vai me escapar novamente.

A multidão do bar avançou para o grupo. O Irlandes sacou a arma que travou. Tompson tentou sacar sua arma mas o homem gordo estava agora ao seu lado e segurou o seu braço quebrando em varias partes ao que Tompson deu um grito e largou sua arma no chão. O Irlandes deu um empurrão no homem gordo enquanto sentiu uma dor no ombro. Era o velho que com um único golpe lhe deslocou o ombro. Alfred e Jack correram para a porta seguidos por Tompson que foi ajudado pelo Irlandês que passou por eles como um raio, numa fuga desesperada.

Com a neve alta não conseguiram escapar com velocidade. Os outros os seguiam flutuando na neve. Todos mortos. Todos vitimas do grupo em sua carreira de crimes e que agora queriam um acerto de contas. Os outros os seguiam gemendo de dor, como se carregassem a dor de estar morto tantos anos. Se aproximavam rapidamente do grupo que tentava correr no meio na neve quando o Irlandês compreendeu que o Trem apitava e estava prestar a partir e que aquele lugar era o próprio purgatório do inferno. Chamou o grupo para correrem em direção ao trem. O grupo não vendo outra chance de fuga concordou e corriam com dificuldade principalmente Tompson que mesmo ajudado pelo Irlandês também ferido não conseguia acompanhar o grupo.

Ao sentir que estava com o braço dormente e que estava ficando fraco Tompson empurrou o amigo Irlandes e gritou para que ele se salvasse ao que o Irlandês voltou para ajudar Tompson a levantar mas Tompson ficou no chão gritando que nao conseguiria que o deixasse ali e que fugisse enquanto podia. O Irlandes ainda tentou levanta-lo mas Tompson ficou no chão mesmo e percebendo a aproximação dos outros gritou para o Irlandês fugir e salvar a vida. Ao que o Irlandês deixou o amigo no chão e correu o melhor que pode para ser o ultimo a embarcar com muita dificuldade sendo ajudado pelos companheiros Alfred e jack.

Olharam para trás e viram o amigo Tompson sendo levado pelos outros ao mesmo tempo em tinha tinha o corpo sendo queimado por um fogo vindo do nada. Conseguiam ouvir os gritos de dor de Tompson sendo queimado vivo ate que silenciaram devido a distancia.

O Tem avançada novamente em alta velocidade e o frio intenso os fez embarcar novamente no vagão.

Ao entrarem ouviram barulhos de alguém vindo mas não veio ninguém. Seguiram pelo corredor para a cabine e para espanto de todos encontraram William sentado na cabine com a camisa cheia de sangue, pálido como um fantasma e que parecia não entender muito bem o que fazia ali , como tinha ido parar ali e quem eram eles.

Conversaram com William que parecia perdido. Falava coisas sem nenhuma razão. Falava do coronel Hering, da moça e do padre. Então olhando para os antigos companheiros de crime por um breve instante os recomendou a procurarem o padre que poderia ajuda-los. Entao ficou repetindo o tempo todo.. O padre está aqui... ele ainda está aqui... mas cuidado com eles...eles vem buscar vcs.. O padres está aqui.. ele ainda está aqui... mas eles vão voltar porque o trem precisa comer!!!

Horrorizados os três sobreviventes abandonaram a cabine onde aquilo que um dia havia sido amigo deles repetia par procurarem o padre. O Irlandês então disse que talvez o que sobrou de William tivesse lhes dado a pista do que poderiam fazer para escapar.

Foram ao vagão onde deveria haver um pequeno escritório da companhia ferroviária onde deveria haver os registros daquela ultima viagem. Encontraram o vagão e o escritório. Alfred pesquisou os documentos e achou o nome do padre e o assento e vagão onde ele se sentou. Procuraram então vagão e então o Irlandês lembrou da bíblia que havia encontrado e abriu onde havia sido marcada para fechar em seguida e colocar no bolso. Quando voltavam encontraram o assento vazio mas viram a figura bizarra de um selvagem africano que do fundo do corredor olhava para outra figura macabra. Era o Coronel Hering que fez sinal ao selvagem que lançou a lança com corda e então atingiu Alfred no peito para então ser puxado sem vida pelo Selvagem que gargalhava alto e gritava em um dialeto africano. Notaram então que o corpo de Alfred estava totalmente congelado agora e que o Selvagem o arrastava para o vagão restaurante, seguido pelo Coronel Hering que os olhou nos olhos antes de sumir na escuridão.

O Irlândes então disse a Jack para irem para o outro lado do trem. Andaram com dificuldade pelos corredores dos vagões chamando pelo padre. Então por fim o encontraram e foram ter com ele. O padre olhava para eles com ar serio ao que perguntaram o que poderia fazer para escapar. O padre respondeu que todos ali tinham pecados terríveis e que mereciam estar ali. Inclusive ele que havia estuprado freiras e crianças quando era um jovem padre. Ao terminar de fazer sua confissão o padre abriu um sorriso macabro e segurou Jack que nem teve tempo de escapar sentindo a mão do padre entrar em seu corpo, rasgado sua carne e congelando tudo por dentro. O Irlandês tentou em vão ajudar mas foi empurrado para a outra ponta do vagão. Sentiu dores terríveis no ombro e então compreendeu que todos que morreram no trem se tornaram parte do trem numa viajem sem fim para o próprio inferno de cada um. Voltou a cabine e viu que estava vazia e que o corpo de Jack estava sentado na cabine com o amigo morto com os olhos abertos e o peito dilacerado e congelado.

Irlandês então se lembrou do vagão onde encontrou a bíblia e foi andando para lá na esperança de conseguir se esconder do mal que havia ali naquele trem se é que isso era possível. Talvez julgasse ser ali um lugar sagrado por ter encontrado a bíblia lá.

Ao chegar o vagão abriu a porta e antes de entrar viu o Selvagem Africano no fundo do corredor olhando fixamente para ele. Entrou e fechou a porta atras de si quando ouviu passos dentro do vagão. Estava escuro e não conseguiu identificar direito quem era mas depois reconheceu a figura de Tompson que havia sido queimado vivo. Estava fedendo a queimado e desfigurado mas era o Tompson sem duvida.

O Irlandes se armou para uma ultima defesa mas o que outrosa fora Tompson lhe disse que nao era contra ele que deveria lugar. E entao disse que nao havia sido morto no trem e que nao era parte daquilo mas que viu como o Irlandes havia tentado salvar a sua vida e como salvou de fato algumas vezes durante suas vidas de crimes. Ouviram então barulho e o que fora Tompson disse que nao tinha tempo mas que a chave para fugir dali era ter fé em deus e usar a unica arma que poderia vencer o mal e perdoar seus pecados.

O Selvagem entao entrou no vagão com o Coronel Hering e falando algo para Tompson o fez se afastar lentamente do Irlandes mas ainda pode dizer ao amigo que tivesse fé e usasse a biblia para obter o perdão dos seus pecados. Com um grito do Selvagem Tompson sumiu na escuridão ao que o Irlandes ajoelhou e começou a ler a biblia com fé em deus no ponto que havia sido marcado pelo padre quando ainda estava vivo. O vagão começou a balançar ao que o Selvagem avançou com a lança e feriu o Irlandes no braço por duas vezes deixando cortes profundos mas o Irlandes continuava lendo e pedindo perdão a Deus pelos pecados por cada pessoa que tinha assassinado e orava com fé.

Então o Coronel avançou com as mãos sobre o Irlandes no exato instante em que o Irlandes concluia a leitura do capitulo da Biblia ao que por um breve instante o Irlandes viu Tompson no canto do vagão escuro acenar com a cabeça e lhe fazer sinal.

Foi quando o Irlandes viu a porta do vagão se abrir totalmente e viu as trevas e que o trem corria com grande velocidade mas se lembrou que precisava ter fé e saltou na escuridão na noite.

Acordou na floresta onde haviam embarcado mas era um fim de tarde. Ouviu cães e depois tentou se levantar mas caiu devido as fortes dores no ombro e aos profundos cortes nos braços. Ficou sentado e esperou quando viu que estava sentado nos trilhos da antiga linha ferroviária.

Ficou assustado e tentou novamente se levantar mas viu um grupo de policiais do FBI junto com policiais da cidade que deram voz de prisão.

Foi preso e levado a julgamento mas como ladrão de bancos nunca havia matado ninguém mas apenas roubado foi condenado a prisão perpétua em um presídio para doentes mentais. Ninguém acreditou em sua versão do que houve com o resto do bando. Acharam que ficou louco ou que sempre havia sido ruim da cabeça.

O Irlandês passou seus últimos anos em uma instituição para criminosos doentes mentais em uma área rural. Lia a bíblia todos os dias. Tinha comportamento exemplar mas sempre se recolhia com muito medo para sua cela antes das cinco da tarde para não ouvir o apito dos trens que passavam pela linha ferroviária que ficara próxima ao Hospital Psiquiátrico.

Cronista das Trevas
Enviado por Cronista das Trevas em 16/11/2017
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