O PESADELO DO DIVÓRCIO
Era um casal muito apaixonado, como todos os outros, que se lançam de cabeça numa incógnita: onde não se sabe o que se vai encontrar, se um paraíso maravilhoso, ou um abismo cheio de cactos espinhosos.
No começo, ao desabrochar deste sentimento, tudo é de um encantamento inebriante, inefável, um torpor que invade o corpo inteiro, os sentidos, a mente. O casal é forte, inseparável. Nada, enquanto houver vida, consegue afastar, desunir. Nenhuma intriga, fofoca, difamação, nada estraga o dia.
Enfim, aconteceu o inevitável: casaram-se, foram incomensuravelmente felizes, geraram seus frutos, caminharam e progrediram juntos, fizeram história, dias de glória.
Porém, inevitavelmente, como um especialista estala os dedos para findar a hipnose, aquele microuniverso, aos poucos, foi perdendo a razão de ser, numa nefasta simbiose. As diferenças gritaram alto. Os egos rapidamente emergiram. E tudo culminou no questionamento do por que de se levar um relacionamento por tanto tempo, tendo tantas coisas muito mais interessantes ao redor, pois, com o tempo, os elos do amor vão cedendo e um dia, a tal magia se parte, não adiantam os remendos.
Então, vêm à tona, todas as situações encobertas pela névoa-anestesia. Fantasmas, pesadelos e visões do inferno passam a rondar e controlar todos os movimentos e atitudes. Já não se é mais um, mas dois pela metade. Vontade de acabar com o outro em pensamento, o asco, mágoa, um final sangrento.
"Não, não vamos brigar por nada, em nome do amor que já tivemos! Caminhamos tanto juntos, nem sei em que momento nos perdemos. Resta o divórcio amigável , pelo passado e a esperança em um futuro pleno!"
Viver um amor-paixão intensamente, é um privilégio de poucos, acontece raramente.