Convite

- Algum espírito pode nos ouvir? – Os três perguntaram em conjunto.

- Se estiver ouvindo, sopre uma das velas. - Mia falava enquanto apontava para uma das cinco velas acesas no centro do quarto.

O local estava completamente escuro exceto pela luz das velas, e em completo silêncio enquanto os três adolescentes esperavam por uma resposta.

Depois de alguns minutos, nada aconteceu.

- Vai ver não acendemos velas o suficiente? – Cesar perguntou timidamente.

- Sem chance. Fizemos exatamente o que o livro disse. – Nicolas falava enquanto mostrava uma página do livro que lhe pertencia.

- Não sei se estou aliviada ou desapontada. – Mia suspira.

- Vamos esperar só mais um pouco para ver. – Falou Cesar.

Depois de um curto período de silêncio.

- ESPÍRITO! – Nicolas começou a gritar repentinamente. – EU LHE PERMITO ENTRAR!

- Hein!? – Cesar ficou confuso.

- Fale baixo! Meus pais estão dormindo! – Exclamou Mia.

- Ok, foi mal. – Nicolas suspirou. – Só achei que tínhamos que dar um jeito de chamar a atenção de algum espírito perambulante ou algo assim. E pelo que eu li, há várias entidades que só aparecem se forem convidadas.

- Do que adianta seguir o livro à risca se você vai misturar com outras coisas? – Mia perguntou.

- Nunca se sabe. Vai ver vocês não estão tentando o suficiente.

- De qualquer forma, vamos ver se acontece alguma reação. – Cesar aponta para as velas.

Os três param e observam atentamente por alguns minutos.

De repente, uma das velas apaga.

- !!! - Mia e Cesar se afastam em surpresa.

- Não se preocupem, meu caros. – Fala Nicolas, que estava com o rosto perto das velas. – Não me parece que nada mais vai aparecer, então talvez devemos cessar nossas atividades por hoje.

- Não me assuste desse jeito! – Falou Mia, com o dedo no rosto de Nicolas.

- Mil perdões. Apenas achei que seria anticlimático acabar sem que ao menos uma das velas tivesse sido soprada.

- ...Ok, então. – Cesar se recompõe. – Vamos organizar as coisas para finalizar isso.

- Certo. – Mia respondeu.

Mia acendeu a luz, Cesar apagava as velas e ajeitava os materiais, enquanto Nicolas lia seu livro sobre ocultismo.

- Pff... – Ele deu uma pequena risada enquanto lia. – Esse livro realmente é interessante. Me pergunto por que as pessoas têm tanto interesse em algo que não tem compreendem.

- Você quem deve saber. – Retrucou Mia. - É o maior fanático por ocultismo que conheço. E devia parar de gastar tanto dinheiro nessas coisas.

- Hmmm... Eu sou, sim, claro. – Nicolas respondeu lentamente, com um sorriso. – E obrigado pelo conselho.

- Não esqueça de pegar suas coisas. – Falou Cesar, enquanto apontava para uma mochila e outros materiais.

- Sim, irei. – Respondeu Nicolas imediatamente.

Os três continuaram a arrumar suas coisas. Cesar tinha sua mochila pronta, Mia havia arrumado seu quarto, enquanto Nicolas parecia distraído no seu celular.

- Ok, nós vamos saindo. – Cesar começa a falar. – Certo, Nicolas?

- Perdão, mas pode ir seguindo em frente por enquanto? – Nicolas respondeu com um sorriso. - Gostaria de falar um segundo com Mia a sós.

- ... Ok. – Cesar não gostava daquela situação, mas não iria se dar ao trabalho de questionar.

Ele sai em direção à própria casa. Era tarde da noite, mas como moravam próximos um do outro, não era um problema em particular.

- Então, gostaria de falar algo antes de sair? – Mia se dirige a Nicolas, um tanto sonolenta.

- Ah, sim. – Nicolas para de olhar para o celular. – Havia me esquecido do quão impressionantes essas tecnologias atuais são. Desculpe-me. – Guardou o celular no bolso. – Esses rituais que fazemos como o de hoje são bem interessantes, não?

- Às vezes. – Mia não parecia muito interessada. - Na maior parte deles nada interessante acontece, mas alguns acabam como boas histórias para contar.

- De fato. Nunca se sabe quando algo de extraordinário pode acontecer, certo?

- Sim, sim. – Mia boceja.

- Mas não seria um problema se algo de ruim acontecesse a algum de nós durante esses devaneios?

- Hm? Se nada aconteceu até agora, não vejo porque me preocupar. – Mia olha nos olhos de Nicolas. Este que pega o celular de volta do bolso e começa a digitar.

- Você realmente é alguém bem sensata e inteligente, não? Estou impressionado.

- ... – Era a primeira vez que Mia escutava um elogio direto vindo de Nicolas.

Mia escutou uma vibração no celular dela, que estava na estante ao lado, mas não perto o suficiente para apenas esticar a mão e pegar.

Nicolas guarda seu celular.

- Acho que já vou indo, então. – Ele pega seus pertences.

- ...Ok.

Mas antes de se aproximar da porta, ele chega perto dos ouvidos de Mia.

- Vai ser você ou seu outro amigo. – Ele cochicha, antes de sair rapidamente.

Mia estava confusa e acabara de sair de seu estado sonolento.

Durante alguns segundos, não conseguiu se mexer. Mas logo depois, foi direto pegar seu celular.

Via que tinha recebido uma mensagem. Vinda de Nicolas, há dois minutos atrás.

“Deixe-me entrar”, a mensagem dizia.

RCS
Enviado por RCS em 01/11/2017
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