Encontro mortal
Encontro mortal
Fui casada durante quinze anos com Sebastião. Nunca fui mulher dependente. Sempre trabalhei demais. Ele também era muito trabalhador, mas enquanto o que eu ganhava era para manter a nossa casa e cuidar dos nossos filhos, o pagamento dele era para curtir a vida com as vagabundas.
Um dia cansei, peguei os meus meninos e saí ,fui embora.
O tempo passou e um dia dizendo ter perdido o emprego e sem ter onde morar, ele procurou-me. Era tudo mentira. Sebastião havia feito acerto na empresa e construira uma casa boa em um bairro chique. Pior, já constituíra outra família. Revoltada pedi o divórcio. Ele recusou, pois estava interessado também na casa que eu conseguira comprar com muito esforço. Alguns anos depois ele teve um infarto fulminante e morreu.
A raiva que eu sentia dele não passava e todos os anos no dia dos finados eu ia ao cemitério para ofendê lo. Passava horas chingando baixinho.
Em um dia desses porém enquanto eu dirigia palavras de revoltas em direção ao seu túmulo,vi saindo por entre as frestas uma fumaça esverdeada e em seguida meu ex marido se materializou. Seus olhos maldosos chispavam de ódio e numa voz horrível ele disse que esperara muito por aquele momento e que ia levar- me para a sua última morada. Um lugar onde o sofrimento era permanente. Que lá não tinha separação. Ficaríamos juntos para sempre. Trêmula de medo comecei a rezar e saí rápido do cemitério. Não vi um carro que vinha em alta velocidade.
Morri e graças a misericórdia divina fui para um lugar tranquilo.
Já não sinto nenhuma mágoa de Sebastião e sou eternamente grata aos meus filhos que sempre visitam o nosso jazigo e rezam por nós.