Guerreiros das Sombras Capí 1 Parte I
Os quarenra melhores guerreiros da sociedade Amorf e mais alguns poucos anciãos do clã estavam reunidos em uma grande sala de reuniões, com seis grandes janelas laterais; três de cada lado, que proporcionava uma vista deslumbrante da mata do lado de fora. A casa ficava no alto de uma montanha, bem afastada da agitação da cidade. Eles discutiam sobre os novos ataques de vampiros na região e quem seriam os possíveis suspeitos. Toda a população estava apavorada com a proporção de novas vítimas; uma a cada noite. A expressão de todos ali evidenciava a seriedade do caso, mas sem transparecer exaltação.
A sociedade Amorf havia sido criada a pouco mais de trinta anos, e agora tinha como líder um jovem guerreiro chamado Deivi, que herdou a liderança do clã de seu pai. Apesar do pouco tempo de criação, o clã era muito respeitado entre todas as sociedades e clãs independentes, que se destinam a caçar essas criaturas das trevas. Temidos entre os vampiros, os Amorfs não tem a mínima piedade para com essas criaturas e o código de ética seguido por eles é extremamente rígido. Todos os vampiros que cruzassem o caminho de qualquer membro do clã deveriam ser aniquilados no mesmo instante, não importando quem fosse.
A reunião já se estendia por horas afinco de debate e todos se mantinham concentrados em tudo o que estava sendo falado. Um pequeno detalhe poderia fazer toda a diferença. Até que um estrondo vindo da porta da frente deixou todos alarmados e alguns se colocaram imediatamente em posição de combate. A porta da frente havia sido arrombada e um rapaz careca de pouco mais de vinte anos, surgiu com o corpo de perfil. Três outros rapazes se juntaram a ele.
- Quem são vocês e o que querem!? – Disse o líder do grupo, um rapaz de pouco mais de vinte anos e com os fios de cabelo espetados.
- Queremos sangue. – Respondeu o jovem careca, de forma maliciosa.
- É muita petulância de vocês virem até aqui... Mas foi bom, nos poupou o trabalho de procurá-los.
O rapaz careca mostrou um pequeno sorriso, deixando em evidência suas presas afiadas.
- Isso vai mostrar aos outros que nenhum amaldiçoado é páreo para os Amorfs.
O jovem caçador voltou o olhar para os seus companheiros e em seguida falou.
- Eu cuido deles sozinho.
Sem qualquer arma em mãos o jovem caçador se lançou para atacá-los e imediatamente os três vampiros, que acompanhavam o rapaz careca, se lançaram para o confronto. Aos olhos de qualquer um aquela não era uma luta muito justa, mas não para o jovem caçador ou para os seus companheiros, que estavam acostumados a entrar em um confronto sempre em desvantagem.
As três criaturas o atacavam ao mesmo tempo, obrigando-o a redobrar a atenção para não ser ferido com gravidade. O caçador deu um salto mortal para trás de um dos vampiros e rapidamente sacou uma estaca, que estava presa a cintura, e golpeou a criatura fatalmente. Os outros vampiros lançaram um olhar raivoso e desferiram um ataque duplo contra seu adversário, que conseguiu se defender habilmente. O vampiro mais alto o atacou com um soco, bloqueado pelo guerreiro, em seguida o caçador o segurou pelo braço e o jogou contra a mesa. Um dos caçadores se aproximou da criatura, pegou um pedaço de madeira do chão e desferiu um golpe fatal.
O único vampiro ainda de pé soltou um curto urro enquanto partia para atacá-lo. Desferiu um soco contra o caçador, atingindo apenas um espaço vazio, em seguida o golpeou com outro soco, atingindo-o na face e fazendo-o dar alguns passos desequilibrados para o lado. O caçador passou as costas da mão no canto da boca, limpando um pequeno filete de sangue e voltou a encará-lo com o olhar raivoso. Ele se lançou para atacá-lo e desferiu uma sucessão de socos contra seu agressor, todos bloqueados pelo vampiro, que em resposta o golpeou na face. O caçador o atingiu com um chute na altura do pescoço jogando-o contra o solo, e rapidamente pegou sua estaca. Saltou sobre o corpo de seu oponente, cravando-a em seu coração.
O rapaz careca que, junto com os demais, apenas observava o confronto, começou a bater palmas caminhando na direção do caçador. Todos os guerreiros lançaram um olhar curioso para o vampiro, que sorria com a situação.
- Meus parabéns, você acabou de matar três jovens vampiros que não demonstraram ter tanta serventia. Espero que não esteja cansado, seria uma pena perder toda a diversão. – Olhando-o com sarcasmo.
O rapaz soltou um assobio estridente e um grupo de vinte vampiros e vampiras adentraram o local, todos armados com espadas e pistolas automáticas. O caçador se juntou aos demais e olhou para o grupo a sua frente, apreensivo. Uma das vampiras, que segurava duas espadas, se aproximou do rapaz careca e as entregou a ele.
- Que comece a festa. – Com o olhar malicioso.
Os Amorf estavam desarmados, mas rapidamente tiraram essa desvantagem usurpando as espadas de seus oponentes. O tilintar das lâminas se chocando e os gritos de raiva e dor logo tomaram conta do ambiente. Jatos arteriais mancharam o chão e as paredes, deixando tudo ali num tom avermelhado grotesco. As lâminas das espadas decepavam membros e rasgavam a carne, abrindo cortes profundos e às vezes fatais. Vampiros com a cabeça decepada e caçadores com cortes profundos e com buracos de bala em locais fatais, sangravam jogados no chão até a morte.
Poças de sangue se juntavam e formava pequenos lagos cor vermelha escarlate. O cheiro de suor e sangue impregnou o local, tornando-o desagradável para os humanos e satisfatórios para os vampiros, fazendo com que alguns, embarcados pelo delicioso aroma, abandonassem a batalha se ajoelhando em volta do líquido para saboreá-lo, e acabavam com suas vidas ceifadas pelas mãos dos guerreiros.
Uma garota ruiva saiu correndo do local sem olhar para trás.
- É esse tipo de guerreiro que compõe o clã? Um desertor? Não me surpreende que estejam perdendo. – Disse um dos vampiros para Deivi.
O caçador franziu o cenho e correu para atacá-lo desferindo um golpe com sua espada, mas teve seu ataque bloqueado. As lâminas soltaram um ruído estridente ao se chocarem. Eles estavam com os rostos a poucos centímetros de distância. O vampiro deu um solavanco com a espada, empurrando-o alguns poucos centímetros para trás. Deivi segurou a espada com as duas mãos e fixou o olhar em seu adversário, em seguida desferiu um ataque, golpeando apenas um espaço vazio. As espadas de ambos os guerreiros se moviam com rapidez e precisão, atacando e se defendendo.
A criatura soltou um longo grunhido antes de se lançar para atacá-lo, porém seu ataque foi bloqueado pelo guerreiro, que em resposta o golpeou com um chute um pouco abaixo das costelas, fazendo-o dar alguns passos para trás e encurvar o tronco. Deivi saltou em sua direção e o golpeou com a lâmina de sua espada de baixo para cima, abrindo um profundo e extenso corte no peito de seu oponente. O vampiro soltou um urro gutural de dor e se prostrou no chão, logo após a espada do caçador abriu outro corte tão profundo e extenso quanto o primeiro, fazendo-o desmoronar. O caçador se aproximou da criatura, que ostentava uma profunda expressão de dor, e como golpe de misericórdia decepou sua cabeça.
O caçador abafou um grito com os dentes cerrados ao ser atingido de raspão nas costelas por uma bala. Ele se virou na direção que o projétil foi disparado, mas não havia ninguém com uma arma apontada em sua direção. Havia sido atingido por uma bala perdida, uma bala que atravessara o corpo de Lívia. Correu na direção da caçadora, mas antes que pudesse alcançá-la foi atingido por um soco no rosto, que o jogou a poucos metros de onde estava. O caçador tentou se levantar, mas antes que o fizesse sentiu um par de mãos o segurar pela gola da camiseta e o suspender no ar, lançando-o com uma força brutal contra a parede do outro lado do cômodo.
Seu agressor correu em sua direção e o atingiu com um chute no estômago. O caçador tossiu algumas vezes e se apoiou sobre os antebraços. Um generoso filete de saliva escorreu de sua boca e gotejou em direção ao solo, olhando-o de maneira disforme. Voltou o olhar para o vampiro a sua frente, ele o encarava com um profundo ódio. O pouco vento que penetrava pelas janelas balançava fracamente seus longos cabelos negros. O caçador fixou o olhar na criatura sentindo o gosto amargo da derrota. Suas costelas ardiam. Soltou um curto rosnado e se levantou com um solavanco, em seguida desferiu um soco destinado à face de seu adversário, mas o vampiro o bloqueou e girou seu punho, imobilizando-o. Deivi franziu o cenho e logo após escutou alguns de seus dedos estralarem.
A criatura inclinou o pescoço de sua vítima para o lado, e o caçador pôde sentir o bafo quente dele se aproximar de seu pescoço. Seu coração se acelerou com a possibilidade de ter seu sangue saboreado por um vampiro. Ele tentou se soltar, mas com apenas uma das mãos era praticamente impossível. Sentiu as presas da criatura roçar seu pescoço e em seguida ouviu um grunhido de espanto. O vampiro o soltou e ele imediatamente se virou para ver o que tinha acontecido.
Uma estaca de madeira havia atravessado seu peito. O rapaz colocou a mão sobre a ponta da estaca sentindo o líquido pegajoso que a cobria. O caçador voltou o olhar na direção da porta e viu a garota ruiva com uma balestra apontada em sua direção. Ele fez um pequeno aceno para ela, que retribuiu, e logo após pegou sua espada do chão e golpeou um vampiro no abdômen.
A jovem ruiva sacou uma das estacas do cinto que usava transpassado no pescoço, e fez mais um disparo atingido com precisão um vampiro três metros a sua frente. Pouco a pouco as criaturas iam caindo, tornando-se muito inferiores ao número de caçadores.
- Vamos embora! – Disse o jovem careca, olhando para seus companheiros, apreensivo.
Com uma velocidade absurda eles atravessaram o que restou da porta e desapareceram em meio à montanha, deixando para trás um verdadeiro cenário de guerra. Vários corpos estavam espalhados por todo o cômodo. Os móveis ficaram completamente danificados, com exceção de um pequeno lustre de formato piramidal. Manchas de sangue danificaram toda a pintura da parede e boa parte de piso.