Criaturas do medo
Você já sentiu medo? Medo de algo ou de alguém? Um medo que gela seu sangue e o (a) faz ficar paralisado (a), sem ação? E se você soubesse que existem criaturas que se alimentam justamente do medo que provocam em você, o que você faria? Pois é. Elas existem. Ainda que você ignore a presença delas. Elas são letais, pois sugam a reação do medo que provocam na vítima até matá-la, quando então, procuram uma nova vítima para se alimentar e continuar seu ciclo nefasto. Tais criaturas são invisíveis a olho nu para maioria da população, mas pessoas puras, de bom coração, tem o poder de vê-las e de as combater.
Joana Lines tinha diversos medos e os tratava num psiquiatra. Tinha medo de altura (acrofobia), medo de lugares fechados (claustrofobia), medo de palhaços (coulrofobia) dentre outros. O problema é que sempre que ela conseguia a cura de um de seus medos, surgia outro logo em seguida.
Num dia ensolarado de inverno, Joana estava passeando no calçadão de Copacabana, com sua melhor amiga, Míriam, quando, inesperadamente, uma idosa negra baixinha toda vestida de branco a olha de cima a baixo e agarra sua mão direita, dizendo em seguida:
― Cuidado, minha filha! Sua vida está em perigo! As criaturas do medo estão em você!
― Como é que é? ― disse Joana Lines, assustada mais com a abordagem da velha senhora do que com suas palavras.
― Essa mulher é louca, Joana. Vamos embora...
― Você precisa de ajuda e logo ou... morrerá! ― disse a provecta mulher largando abruptamente a mão de Joana Lines.
Joana e Míriam, foram embora e deixaram a mulher que parecia uma mãe-de-santo falando sozinha. Joana estava assustada. Mais um medo para sua conta: o medo da morte (tanatofobia).
Passados alguns dias, uma semana para ser mais exato, Joana Lines já tinha esquecido o encontro com a senhora de branco. Era noite de lua cheia e ela estava sozinha em casa assistindo à televisão. Passava uma sessão especial de filmes de terror. O primeiro foi um filme sobre vampiros e o de agora, que já estava quase no fim, era um filme em que Jack Nicholson interpretava um lobisomem. Por incrível que pareça, apesar dos diversos medos que Joana tinha, ela gostava de assistir a filmes de terror, semelhante a um diabético que continua consumindo açúcar mesmo sabendo que isso pode abreviar sua vida.
De repente, à meia-noite em ponto, a televisão e todas as luzes da sala se apagam. Joana pega o celular para ligar para Míriam. Sem sinal era a mensagem que aparecia no visor do celular. Influenciada pelo filme, Joana estava assustada. Muito assustada. A luz do celular se apaga e ela não tem lanterna, nem fósforos. Então, o inesperado acontece: Joana começa a ter visões. Numa delas, vê seu psiquiatra invadindo seu apartamento e matando-a com sua mandíbula e corpo enormes e cheios de pelos. Mas não era uma visão... Era noite de lua cheia...