Oak Island, o portal do inferno.
Oak Island é uma pequena ilha no condado Lunenburg, Nova Escócia, Canadá. Desconhecida até que em 1795 foi encontrado um estranho poço. Curiosos começaram a escavar na expectativa de encontrar dinheiro, já que a ilha é cercadas por lendas sobre piratas. A cada 3 metros encontravam camadas de tábuas de Carvalho, até os 9 metros quando a escavação parou por 8 anos. Quando retornaram as escavações encontraram uma pedra com uma escrita estranha, que provavelmente significa “Quarenta pés abaixo, dois milhões estão enterrados", certamente associaram os dois milhões a dinheiro, o que aumentou suas expectativas. A pedra desapareceu misteriosamente em 1919 e logo em seguida o poço se encheu de água atrapalhando drasticamente a escavação. Para resumir, tiveram mortes, inundações, e muitas desistências, mas ninguém conseguiu até hoje entrar e descobrir o que realmente tem dentro do poço. Eu sou engenheira, trabalho para uma das maiores empresas de engenharia do mundo, sócios maçons - poderosos e ricos - investem desenfreadamente em projetos ínfimos, o que não me surpreendeu quando oak Island surgiu em murmúrios. Foi questão de tempo até que recebi uma proposta de cair o queixo, meu salário seria triplicado se embarcar em um avião e ir acompanhar as escavações de oak Island, óbvio que aceitei, mesmo se não tiver nada naquele poço, o que é muito provável, ainda sim sairei ganhando. Minha viagem foi rápida, recebi uma pasta com o resumo do progresso das outras empresas, o que não foi muito, mas confesso que fiquei impressionada, ninguém sabe quem construiu e para qual finalidade, mas estudiosos dataram as fibras de coco encontradas no poço entre 1.400 a 1.600 d.C. O poço é muito antigo, mas nem as tecnologias avançadas de hoje conseguiram superar a engenhosa construção desse buraco cheio de armadilhas. Encontraram coisas estranhas como quatro pedras formando uma cruz, pedras em forma de cone, uma cabeça encontrada no centro da cruz, um homem que chegou o mais fundo disse ter visto corpos conservados pelas águas frias. Algumas teorias se levantaram tentando explicar o motivo de proteger tanto aquele poço, arca da aliança, tesouro dos templários, tesouro de piratas e até obras secretas de William Shakespeare. Teorias impressionantes, mas pouco plausíveis. Assim que cheguei na ilha fui convocada para uma reunião com o responsável da escavação.
-Meu nome é Jerald.
Homem alto, cabelo grisalho, pele enrugada, vestia terno escuro e respirava com dificuldade.
-Eu sou Helena - fiz uma pausa.
Ele não me respondeu apenas me levou até a abertura do poço.
-Onde estão as outras pessoas? - questionei.
-Desça e descubra.
Fui equipada e preparada para descer o poço, escuro e frio, os primeiros metros senti cheiro de carne queimada, levantei a lanterna e nas paredes tinha pedaço de carne colada, algumas frescas, outras torradas.
-São humanas? - questionei.
-Sim, houve uma explosão inesperada ontem.
Jerald descia acima de mim, batia os pés na parede jogando pedaços de carne sobre minha cabeça. Continuamos descendo e de repente o ar ficou quente, comecei a suar, minha boca ficou seca, senti uma pontada na nuca, a pressão aumentou apertando meus órgãos internos.
-O que está acontecendo?
-Continue descendo Helena.
Não tive escolha, seus pés praticamente me empurravam para baixo, meu corpo ficou leve, inclinei meu corpo para frente tentando respirar. De repente cai na água fria, o choque térmico me deu uma pontada terrível na nuca, o homem caiu sobre mim.
-Prenda a respiração.
-O que? - questionei.
Jerald me puxou para dentro da água, tentei lutar e dizer que não sei nadar, mas continuei descendo, fiquei sem ar entrando em desespero, me debatia, lutava, até que perdi a consciência. Acordei em um lugar escuro, quente, silencioso, estava deitada sobre uma poça de suor. Procurei a lanterna intensamente, de repente uma chama acendeu diante de mim, Jerald segurava uma tocha acesa.
-Oi Helena, dormiu bem?
Tentei levantar mas sentia meu corpo formigar, não tinha forças para nada. Jerald inclinou a tocha e a encostou em uma outra bem maior, que se conectava a outras pequenas tochas, que por sua vez se encontraram a mais tochas, o lugar começou a sair das trevas pouco a pouco.
-Não são dois milhões em dinheiro, são pessoas. - sussurrei.
Diante de mim havia milhões de corpos pendurados por um gancho na boca, nus, bem conservados, mas claramente antigos.
-Você já se perguntou que talvez todas aquelas armadilhas não foram criadas para impedir que entrem, mas sim para evitar que alguém possa sair?
-Claro que não - respondi - quem sairia?
-Eles - Jerald gritou.
Os corpos começaram a se mover, esbarravam uns nos outros, tentavam tirar o gancho da boca, soltavam sons de agonia, de repente seus maxilares se romperam e eles caíram de joelhos, olharam para mim como se estivessem famintos, levantaram e correram em minha direção. Comecei a gritar, me arrastar no chão de terra pisada, encostei à parede, fechei os olhos e senti mãos me puxando, dentes me mordendo, unhas me arranhando. Arrancaram tufos de cabelos, pedaços de pele, estavam literalmente me comendo. Abri os olhos, minha barriga estava aberta, assisti enquanto eles bebiam meu sangue, mastigavam meu intestino e estômago, de repente um deles enfiou o dedo em meu olho direito e arrancou meu globo ocular, mastigou enquanto eu assistia com o outro olho. Vomitei, cuspi sangue, senti dor e morri lentamente. Acordei em minha cabana próxima ao poço, respirei aliviada.
-Foi apenas um sonho - sussurrei.
Sai da cabana e assisti o amanhecer, Jerald surgiu por trás de mim.
-Dormiu bem Helena?
-Tive um sonho estranho, mas sim, dormi bem.
-Se lembra como que foi o dia de ontem?
-Claro, foi… Foi - fiz uma pausa confusa - não.
Girei o rosto e Jerald me lançou um olhar agressivo.
-Se prepara que vamos começar em 10 minutos. - disse Jerald se afastando.
Voltei para a cabana para me preparar, troquei de roupa, apanhei meus arquivos e o nome do responsável pela escavação me chamou atenção.
-Gregório? - fiz uma pausa - Quem é Jerald?
Voltei para fora e as milhões de pessoas do poço estavam em fila, Jerald sorriu para mim, e gritou algumas palavras estranhas, as pessoas correram, se lançaram ao mar, entraram na terra, pularam em árvores.
-Seja bem vinda Helena, o mundo que você conhecia não existe mais, contemple o fim do mundo.
-Quem é você? - gritei.
-Eu sou Jerald, você me conhece.
-Você entendeu a pergunta. - reagi.
-Sou o Deus da Morte, Oak Island é o portão do inferno, tentaram fechar, mas adivinha, vocês curiosos são idiotas de mais para ficarem longe. Aquilo são demônios - disse Jerald apontando para os milhões de pessoas deformadas - vocês o chamam de “zumbis”. Seja muito bem vinda para o fim do mundo.
Ignorei as palavras estranhas de Jerald, voltei para a cabana, os arquivos sobre a mesa estavam diferentes. “Mortes em Oak Island, corpos de engenheiros são encontrados e empresa interrompe escavação por 5 anos. Entre os mortos estão David Yang, Matheus Bruks e Helena Falley.”. Abri outro arquivo “Empresa projeta nova escavação em Oak Island, mortes são ignoradas “.
-Eu estou morta? - sussurrei - Faz cinco anos?
Corri até uma máquina de escavação, Jerold tentou me impedir e fomos para dentro do poço, a lateral desmoronou sobre nós fechando o portão do inferno. Fiquei pendurada no gancho, não sei por quanto tempo, até que fui acordada por uma explosão, Jerold se aproximou.
-Vai buscar nossa nova amiga.
Obedeci, subi o poço pulando na parede, os zumbis jogavam os corpos dos escavadores para dentro do poço, de repente um helicóptero pousou diante de mim, uma moça loira, estatura baixa, vestia roupa social, óculos de grau, e um ar superior.
-Olá, eu sou Agatha, a nova engenharia. Você é a responsável?
-Sou sim - sussurrei.
-Onde estão as outras pessoas?
-Desça e você verá. - respondi.
Ela desceu e Jerold tocou meu ombro.
-Finalmente encontrei alguém idiota o suficiente para encabeçar o fim do mundo. Seja bem vinda Agatha, para o fim do mundo. - disse Jerold.
Jerold estava errado, as armadilhas não foram feitas para impedir a saída dos demônios, e sim a entrada de pessoas idiota e arrogante como nós. Afinal todos nós viemos para ilha por ganância. Quem é pior, os demônios que saíram, ou nós demônios gananciosos que entramos? A humanidade já estava destinada ao fim, era apenas questão de tempo.
Wattpad : Ashira_Psycho