A Rejeitada - Capítulo V

Eu estava adorando o emprego. Já estava nos 6 meses, barriga estava à mostrar, não podia mais esconder de ninguém. Todos me olhavam com receio, uma menina de 16 anos, grávida, sozinha, mãe solteira… o povo falava bastante.

Estava muito bem no emprego, o que estava ficando difícil era o trajeto do trabalho para casa. Decidi me mudar e morar mais perto do trabalho. Edifício Joelma, era o meu novo lar. Naquela época não existia muita burocracia para se alugar um apartamento. Fiquei no décimo nono andar, comprei móveis novos, arrumei o quarto para meu bebê. Estava esperando uma menininha. Isabella será o nome. Queria me chamar Isabella, acho um nome muito bonito.

Tudo estava indo bem, estava à espera da minha filha, feliz, com emprego, casa nova, vida nova. Fiquei me perguntando, como minha mãe deve estar? Não tenho notícias dela há meses, não sei o que está se passando lá, mas provavelmente ela nem queira saber como estou, não devia me preocupar tanto, mas seja como for, ela é minha mãe e eu a amo.

Conheci um garoto no trabalho, o nome dele é Jonas. Um garoto bonito aparenta ser bem de vida, ter muito dinheiro, mas o que isso importa? Ele é simpático, engraçado e me faz rir toda hora.

Uma história engraçada é a minha. Primeiro, rejeitada pela minha mãe pela morte do meu pai, depois, estuprada pelo meu próprio padastro, logo fiquei grávida e agora morando sozinha, trabalhando e me divertindo com o Jonas. Não contei a ele minha história, ainda não. Na verdade, não contei a ninguém sobre mim, só que era uma menina só, grávida de uma menina. Isso era o suficiente.

Ao lado do meu apartamento morava um casal. O homem era policial e chegava a casa tarde da noite brigando com a esposa e o filho. Muitas vezes chega bêbado e agride a esposa, posso escutar tudo do meu quarto, até mesmo o choro do pobre menino. A mãe grita por ajuda, mas ninguém interfere. Pela manhã, acordo para lavar a roupa, e lá vai o policial trabalhar e depois encher a cara, isso me lembra minha mãe e meu padrasto, e quando me lembro, sinto falta do meu pai. Por que ele se foi?Isso deve ter uma explicação, tudo o que acontece tem uma explicação, ou não? Só me pergunto por que isso tudo aconteceu comigo? Não tenho ódio de Deus, ou de qualquer outra pessoa, só gostaria de entender o sentido da vida.

David Alex Siqueira
Enviado por David Alex Siqueira em 05/08/2017
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