Doce beleza
Era noite, as portas e janelas já estavam fechadas e os portões de madeira trancados. Eu e meus pais já havíamos deitado e nos preparávamos para dormir, quando de repente meu celular que estava na mesinha ao lado da minha cama vibra, eu recebo uma mensagem de um numero desconhecido "137137", e logo me pergunto - Quem me enviou uma mensagem as 03:30 da manha? - Eu acendo a luz de meu abajur, pego meu celular e abro a mensagem, o que esta escrito me causa uma certa curiosidade - Estou aqui, vamos! Venha me encontrar - Em seguida torno a pensar - É um trote, vou deixar de lado e tentar dormir novamente - Desligo meu abajur e antes de fechar meus olhos o celular vibra novamente - É o mesmo numero, o que diz dessa vez? - Eu abro a mensagem e como num piscar de olhos um arrepio me sobe a espinha arrepiando todo meu corpo e causando uma paralisia que não dura muita mais do que alguns segundo. E na mensagem esta escrito - Não quer me encontrar? Mas eu só quero conversar, eu acho você tão bonito que adoraria te ver. Anda vamos! Vai ser legal. Então eu logo perco o sono, a curiosidade vem a tona. E eu mando uma resposta - Quem é você? Como conseguiu meu numero? O que quer comigo? - E em poucos instantes vem a resposta - Você parece ter a pele tão macia, posso tocar no seu rosto? - Meu corpo treme e minhas mãos travam, não consigo escrever de volta! - Talvez eu devesse dormir - Viro para o lado e tento livrar minha cabeça de pensamentos nos quais eu já estava tendo.
Se passa alguns míseros minutos e começo a ouvir passos no jardim em frente a minha janela, parecia que havia alguém ali, não demora muito para começar um cantarolar misterioso e sombrio, um cantarolar que era seguido de pequenas risadas juntamente com um arrastar de pés. Parecia que esse alguém tinha dificuldades para caminhar, parecia que estava perdido, então eu olho pela janela e avisto uma mulher de cabelos tão longos quanto o seu corpo e de pele tão suja quanto de um minerador. Ela olha para mim, e nesse momento vejo uma beleza estonteante que me faz passar um curto tempo pendurado em minha janela, ela sorri para mim e eu aceno para ela, ela se aproxima da janela na qual eu estou e com uma voz doce diz - Pessoalmente você e mais bonito, que vontade eu tenho de tocar sua pele! - Ela solta uma pequena risada tímida que me faz saltar para trás e desejar que aquilo fosse apenas um pesadelo. Eu olho para minha cama e de uma forma inexplicável lá esta ela, sentada, olhando para meu celular que eu havia deixado sobre a cama, e então, o rosto que antes era tão belo e formoso começa a se transformar. Começa a simplesmente derreter, se deformar, horrorizar. Eu só pensava em um motivo pelo qual minhas pernas não se mexiam, em por que eu não fugia dali, paralisei! Ela no entanto andava livremente pelo meu quarto como se estive em uma excursão escolar ao museu. Eu então consigo livrar minhas cordas vocais de uma mudes e pergunto - Q..Quem é você? - E ela responde - Sou uma admiradora, e só quero estar perto de você! Não quer estar perto de mim? - E num movimento rápido ela chega para perto de mim, começa a me tocar e a acariciar meu rosto dizendo - Você tem a pele tão macia, adoraria tê-la para mim! - Eu me deparando com aquilo solto um grito tão alto que a vizinhança inteira poderia ouvir. Doce ilusão, ninguém ouve meus gritos de desespero, a única coisa que me resta a fazer e esperar pelo pior.
Ela começa a aproximar o seu rosto do meu de uma forma que permite o cheiro de carne podre invadir minhas narinas, ela fica cara a cara comigo, tão perto que faz parecer a previa de um beijo. O arrepio de tremor volta, e só consigo pensar no que ela poderia fazer comigo, ela lambe meu rosto, cheira meu rosto, o mal cheiro de sua boca impregna em mim e então, desesperadamente ela começa a arranhar minha pele que faz meu sangue saltar pelas marcas do arranhado, eu grito de dor, ela me derruba e sobe em cima de mim, começa a arranhar cada centímetro de meu corpo e começa a cantarolar enquanto faz esse ato de abominação. Eu me debato e tento sair dali, meu rosto começa a deformar semelhantemente ao dela, ela ri, da gargalhadas enquanto me vê chorar, gritar e agonizar de medo e de dor. Aos poucos vou sentindo meu coração parar, meu corpo esfriar e meus olhos fechar, sim, estou morrendo, uma morte tão lenta e cruel quanto de uma mosca que cai na teia de uma aranha.
Amanhece, ela já não esta lá, tudo que sobra são marcas em meu corpo gélido e sem vida no chão. Meus pais adentram no meu quarto para ver se fui para aula ou se mais uma vez menti que estava doente, que cena horrível, o que antes era um quarto de um adolescente do colegial agora um lugar de sacrifício. Com um clima que supera qualquer velório, qualquer enterro, meus pais põem-se a chorar e gritar, perguntando o que havia acontecido com seu filho e onde estava seu rosto, sua pele, sua beleza. O por que de sua vida ter sido ceifada de uma maneira tão brutal, e quem faria uma audácia dessas. Eles nunca terão a resposta, pois a moça de beleza duvidosa tinha levado a beleza da vida para um lugar que não da para encontrar. o celular de meu pai vibra e a única coisa escrita é - Estou aqui, vamos! Venha me encontrar!
FIM.