Batendo nas Portas do Inferno

Eles se arrastavam até as portas do inferno.

Satanás os esperava com gozo e júbilo

Alguns tentaram em vão retornar a terra

E o sofrimento os reconduzia ao caminho

Gritos, choros e sussurros horripilantes

Um poeta tentou versar sobre aquilo

Suas palavras eram insuficientes

O poema nascia morto na boca

Um pastor e um padre foram chamados

A multidão lhes exigia respostas e preces

Estes homens não podiam pronunciar Deus

Estavam com medo e apavorados como todos

Seguiu-se a multidão em dolorosa procissão

A caminho do inferno e do último destino

As almas urravam de dor e lamento em vão

Divertiam os demônios que os escoltavam

A marcha dos condenados se aproximava

Enchiam Satanás de alegria e contentamento

A cada passo cada davam em sua direção

Havia festa no inferno e um demônio para cada alma

O demônio que os conduzia bateu então a porta

Eram fortes as batidas, não que Satanás fosse surdo

Batiam no ritmo da pressa e dos famintos que lá dentro estavam

Na multidão havia mulheres, homens, idosos, crianças

Homossexuais, heterossexuais, judeus, cristãos

Havia petistas, tucanos, comunistas e neoliberais

Abriram os enormes e ruidosos portões do inferno

Todos olharam para o céu ao mesmo tempo

Não havia céu onde ele deveria estar

Olharam para o chão e viram larvas e mais larvas

Todos começaram a chorar e começaram a rezar

Não queriam comover o demônio

Queriam ser ouvidos pelo céus e seus anjos

Chamaram o Zé Ramalho pra cantar o famoso hit

"knockin' on heaven's door" de Bob Dylan

Satanás riu-se disto e deixou Zé Ramalho por último

Ele cantava enquanto a multidão adentrava no antro eterno da morte

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 21/07/2017
Código do texto: T6060446
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