Batendo nas Portas do Inferno
Eles se arrastavam até as portas do inferno.
Satanás os esperava com gozo e júbilo
Alguns tentaram em vão retornar a terra
E o sofrimento os reconduzia ao caminho
Gritos, choros e sussurros horripilantes
Um poeta tentou versar sobre aquilo
Suas palavras eram insuficientes
O poema nascia morto na boca
Um pastor e um padre foram chamados
A multidão lhes exigia respostas e preces
Estes homens não podiam pronunciar Deus
Estavam com medo e apavorados como todos
Seguiu-se a multidão em dolorosa procissão
A caminho do inferno e do último destino
As almas urravam de dor e lamento em vão
Divertiam os demônios que os escoltavam
A marcha dos condenados se aproximava
Enchiam Satanás de alegria e contentamento
A cada passo cada davam em sua direção
Havia festa no inferno e um demônio para cada alma
O demônio que os conduzia bateu então a porta
Eram fortes as batidas, não que Satanás fosse surdo
Batiam no ritmo da pressa e dos famintos que lá dentro estavam
Na multidão havia mulheres, homens, idosos, crianças
Homossexuais, heterossexuais, judeus, cristãos
Havia petistas, tucanos, comunistas e neoliberais
Abriram os enormes e ruidosos portões do inferno
Todos olharam para o céu ao mesmo tempo
Não havia céu onde ele deveria estar
Olharam para o chão e viram larvas e mais larvas
Todos começaram a chorar e começaram a rezar
Não queriam comover o demônio
Queriam ser ouvidos pelo céus e seus anjos
Chamaram o Zé Ramalho pra cantar o famoso hit
"knockin' on heaven's door" de Bob Dylan
Satanás riu-se disto e deixou Zé Ramalho por último
Ele cantava enquanto a multidão adentrava no antro eterno da morte