O Medo Imperial
O frio tocava a ponta de meus dedos, o silêncio era ensurdecedor, eu sabia o porquê de estar lá, sabia até mesmo que meu futuro não era mais incerto, preso nessa espécie de cadeira metálica eu aguardava meu destino, minha punição, eu era um rebelde, todos sabem o destino de um rebelde quando cai nas mãos gélidas do império, não havia mais nada que eu pudesse fazer, poderia até dizer que estava calmo.
O ambiente em si não era amedrontador, chão e paredes de um cinza robótico, botões piscando em um painel ao lado da porta, não havia luzes no teto, e sim entre a parede e o chão, o que não deixava o ambiente claro, porém não tão escuro.
Já faziam horas que eu estava lá, o relógio digital na parece me fazia a todo momento me lembrar disso, quisera eu morrer de tédio, até que de repente sinto a pressão do ar mudar, era como se eu estivesse no fundo do mar e uma força incomensurável me apertava de todos os lados possíveis, meu coração disparou, o que poderia ser aquilo? Sentia que cada suspiro meu, poderia ser o último, naquele momento era como se meus sentidos auditivos se aprimorassem instantaneamente, podia ouvir tudo, do vento saindo do ar-condicionado, até o escorrer de gotas de suor em minha testa, até minha própria respiração me incomodava.
E essa mórbida e aterrorizante sensação só aumentava, a tal ponto de querer estar inconsciente só para não poder ser obrigado a sentir tal dolorosa agonia.
Cada vez menos era capaz de mexer minha cabeça, tentava olhar em volta de mim, para ver se achava alguma coisa que pudesse me ajudar naquela situação, desesperado, olhava para esquerda, para a direita, para cima e para baixo, tentava de tudo. Quando tentei com todas as minhas forças berrar por socorro, nem o menor som saiu de minha boca, era como se alguém segurasse com o punho minhas cordas vocais e as torcesse, era uma sensação indescritível, agoniante e dolorosa, naquela hora eu só poderia pedir para estar morto. Olhei o relógio que estava na parede e um súbito ar gelado tomou conta de meu corpo, toda aquela agonia que parecia estar durando horas e horas não haviam passado de rápidos segundos, o que estava acontecendo comigo? Usava de todas as minhas forças braçais para escapar daquelas amarras metálicas, mas apenas me machucava mais e mais, era inútil, chegava a sentir o quente gotejar de sangue escorrendo de meus pulsos, era um terror total!
Foi então que consegui fazer meus olhos se direcionarem para o bolso de minha calça, onde estava meu revolver blaster reserva escondido, tentei me acalmar, se eu usasse a força, talvez fosse capaz de fazer algo útil, usando de todas as minhas forças tentava me focar para abrir o zíper do bolço da minha perna e tirar a arma, fechei-me os olhos e reuni
toda a minha vontade de viver restante, tentei respirar fundo e me concentrei, e para minha surpresa, aos poucos o zíper se abria, meus olhos já doíam por conta da força e da posição que eu fazia para tentar olhar para minha perna. Uma força tomou conta de mim, começou a apertar mais e mais meu pescoço, minha visão ficava turva, já não era capaz de mexer um único músculo de meu corpo inteiro, sentia que estava prestes a desmaiar, a assombrosa sensação me esganando era extrema, já estava sem esperanças.
Até que subitamente para meu espanto, meu revolver blaster sai de meu bolso, como aquilo era possível? Minha concentração já havia se esvaído, aos poucos ele subia e chegava próximo a altura de minha cabeça, uma esperança colossal tomou conta de mim, olhei para aquela arma com toda a felicidade do mundo, até que do nada, seu cano começou a entornar e sua traseira a se afunilar, e rapidamente ela era amassada e destruída diante dos meus olhos.
Aconteceu tudo tão rápido, porém não houve tempo para chorar, ao sair de meu campo de visão, caindo destruída no chão, noto uma figura negra que pairava o tempo todo atrás da arma enquanto era destruída, lá, me observando, me torturando, tirando de mim minha sanidade, tão alto quanto uma porta e sem expressão alguma, possuía um capacete negro, tão escuro quanto sua longa capa, suas lentes oculares do capacete eram de um vermelho sanguíneo e em seu peito pequenas luzes pistavam no que parecia ser um painel tecnológico. A criatura ficou parada lá, em quase absoluto silêncio, com exceção de uma mórbida e vagarosa respiração. Era como um demônio negro que observava cada movimento meu, quando olhei para sua mão, tive certeza do que estava acontecendo, de onde viera tão força sinistra ao redor de meu pescoço, sua mão estava em uma posição de enforcamento, e cada vez que ela lentamente se fechava, sentia maior agonia em perder o ar de meus pulmões.
Ali eu vi que eu meu futuro havia mudado, eu iria ter um destino bem pior que a própria morte, e aos que leem esse breve relado e são rebeldes contra o império, eu só tenho a desejar uma coisa, que a força esteja com vocês ... Vocês irão precisar ...