Em Branco
O LADO REAL DO ABSTRATO, meu primeiro romance, disponível em: http://www.selojovem.com.br/pd-62fc17-o-lado-real-do-abstrato.html?ct=4356e&p=4&s=1
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Pegou um copo d’água.
E saiu andando pela casa enquanto o tomava. Entretanto, derruba parte do líquido no chão mediante seu então agitamento.
Na escada, depara-se com alguém lá embaixo. Alguém que não reconheceu. Seria por culpa da distância? Distância astuta.
– Quem é você?
Então o homem – o desconhecido lá embaixo –, na verdade um senhor, que lia sossegado um jornal com auxílio de óculos, olha a menina um pouco perplexo, sem entender a pergunta, intolerante para brincadeiras.
– Como quem sou eu?
– Quem é você? Já disse! – agora o temor afasta-se dela, criando um tom autoritário e exigindo-lhe uma resposta exata.
– Sou seu tio, oras! – perde a paciência. – Não está me reconhecendo? Será que tá precisando de óculos também? – agora parecia mais compreensivo.
Então a garota sai correndo de volta à cozinha (de onde emergiu). Estava aflita, temperada ao desespero.
Sabia perfeitamente que enxergava muito bem. E que a questão não era essa: também não reconheceu a voz daquele senhor. Seria, mesmo assim, verdade? Era cética demais para lhe acreditar.
Então, visando salvar seu pai (com quem vivia) do pior, busca pelo revólver que sabia que ele tinha em casa, onde, certa vez, ainda mais jovem, descobriu “por um acaso” o esconderijo do objeto – que, aliás, por falta de desconfiança, o pai nunca mais o mudara de lugar.
Mas não havia revólver. Será que o idoso ladrão disfarçado de seu tio já tinha se apoderado dele antes?
Num repente, se lembra de que o solicitado revólver fora enterrado junto de seu pai.