O Sorriso de Satanás
Capítulo 15 - A Queda da Grande Babilônia
O infeliz mensageiro havia chegado com notícias ainda mais infelizes do que sua desgraçada vida de serviçal. Trouxe notícias de que os anjos celestiais estavam prestes a iniciar o grande expurgo contra as forças satânicas. Ouviu Satanás tal informe, não havia muito o que se lamentar ou chorar, era preciso organizar as hordas e falanges infernais.
Chamou então seus principais para uma reunião sobre a situação crítica em que se encontravam. O ataque poderia ser eminente, não havia tempo para discursos bonitos, para negociações ou especulações sobre a impotências diante das forças inimigas.
Era preciso defender um portal de energia extremamente forte que seria aberto, por questões simbólicas no território da Antiga Babilônia, de receberiam a energia necessária para pelo menos impor ao inimigo alguma baixa significativa.
Embora determinados, seus generais não conseguiam levar as suas tropas o vigor e a moral necessária para fazer frente ao conflito. Era uma guerra de extermínio e captura, contra forças provavelmente mais fortes.
A resistência teria um sentido puramente moral e pouco poderia influenciar para uma vitória contra as forças oponentes.
Mandou Satanás convocar Lúcifer, cuja a popularidade e má fama poderiam render alguma moral para as tropas. Era preciso que estas se vissem como algo além de aglomerado de condenados armados e prontos para a morte.
Tornou Lúcifer seu marechal de campo, mas não sem antes contar sobre a real situação diante do inimigo. Não haveria vitória, mas queriam que a batalha fosse uma violenta blasfêmia, a última proferida na face da terra.
Se dirigiu Satanás às suas tropas, juntamente com seu novo marechal de campo. Resolveu falar a verdade, ainda que com pouca prática nisto, de que marchariam em direção à morte certa. Isto causou certo alvoroço e medo entre as falanges, porém o medo foi interrompido com uma promessa: a última blasfêmia seria um ato de todos, com a assinatura de todos os envolvidos, dos soldados aos do mais alto escalão.
Era preciso encarar com bravura e orgulho a marcha para o campo da morte. Era preciso vencer pelo menos no campo moral e antes de tudo mostrar ao inimigo que não foram vencidos em suas almas putrificadas. A última blasfêmia seria ouvida um pouco antes que a morte os assolasse.
O inimigo os esperavam no antigo campo chamado Armagedon. Não havia escolha ou iriam ao encontro deles ou eles bateriam em suas portas com mais força e espaço de manobra.
A batalha durou algumas horas. O inimigo prevaleceu com baixas aceitáveis. A maior vitória foram os relatos do campo de batalha. Aqueles seres infernais haviam lutado com honra, fizeram de suas bravura e resistência a última blasfêmia. Com menos de 30% de suas forças, as tropas lideradas por Lúcifer recuaram para a antiga Babilônia.
Adornaram a cidade, reergueram Zigurates e estátuas de deuses pagãos. Fortificaram as defesas em torno do Eufrates e as passagens Leste receberam tropas móveis e ligeiras prontas para agir sob terreno aberto e salvaguarda dos anjos caídos concentrados nas muralhas de energia em torno da Cidade. Deixaram, no entanto a passagem Sul aberta, o que não foi negligenciado pelo inimigo.
Avançaram então as tropas celestiais sobre a brecha deixada nas defesas. Ao se aproximarem das muralhas, reuniram-se as tropas Oeste e leste cercando os anjos de Deus e cada um consumiu toda a energia para ele disponível devorando tanto seus seres quanto dos inimigos ali cercados. Era como se uma grande quantidade de energia, algo parecido com a de bombas atômicas, iluminassem continuamente o lugar, um brilho devorador sem dúvidas.
O estrago perpetrado ao inimigo fora grande, pois esta avançou com 70% de suas forças na tentativa de romper as muralhas de energia em um lugar aparentemente aberto e desprotegido. Lúcifer havia sacrificado praticamente tudo que havia lhe restado da primeira batalha. O que não resolveria definitivamente a situação, porém esperariam que avançassem até o centro da cidade e detonariam a própria fonte de energia.
Foram até o Zigurate mais avançado que tinham a espera de um novo ataque, que acharam equivocadamente que seria com o que restou das tropas celestiais. Vieram quase o dobro dos números iniciais. Pouco afetaria detonar a fonte.
Tiveram então que decidir entre uma rendição humilhante ou detonarem a fonte, morrendo com honra. Esperaram então as tropas celestiais se aproximarem o bastante para que os danos os alcançassem com máximo vigor.
Eram Lúcifer, Satanás e Antiga Serpente e o que restou das tropas infernais. Era questão de alguns minutos. Olharam uns para os outros. Riram e gargalharam diabolicamente, debochados, rebeldes, desobedientes mesmos diante do fim eminente. E assim terminaram, da mesma forma como começaram seu fim na época da criação.