NADANDO PARA SOBREVIVER
Fui lutador de Luta Olímpica e de judô, que ainda pratico. Teve uma época que passei para lutas cênicas, usando o pseudônimo de Scaramouche. Numa das minhas turnês como lutador cênico apresentei-me em Lima no Peru no ano de 1970.
As minhas folgas eram extensas, pois lutava duas vezes por semana e nesse interim frequentava as magnificas praias do oceano Pacífico. Num belo domingo fui a praia do Calhau que era também espaço portuário e os navios ficavam ali ancorados, sabendo que a profundidade era própria para os navios... ao entrar na água, ela já não dava pés. Como eu estava no meu melhor desempenho como atleta e gostava de nadar e as aguas ali eram calmas e convidativas para umas boas braceadas, fui nadando e contornando os navios de vários tamanhos até ultrapassá-los, ou seja fui mar adentro e ficava imaginando a profundidade que ali existia. Parei de nadar porque teria que voltar, mas sem pressa, e ela estava nos meus planos.
Mas antes resolvi ficar na posição ereta e emergir um pouco o corpo para sentir um contato maior com o Pacífico antes de iniciar a minha volta... Mas os meus pés tocam em algo que seria impossível numa área portuária e profunda. Pensei em alguns tipos de peixe, tubarão, baleia, mas pensei também na minha sobrevivência, será que meus pés não foram mordidos e junto com ela o medo por estar numa pais diferente e sozinho. O meu retorno até a beira da praia e desviando dos navios foi um dos mais rápidos crawls que consegui – e quando coloquei as mãos em terra firme olhei meus pés que estavam no lugar e os dedos também. Sobrevivi Ufa. Posso lutar na próxima apresentação.
A FALTA DE EDIÇÃO É CÚMPLICE NOS MEUS CONTOS