Acerto de contas
Caio atendeu o celular no segundo toque. Era Amanda, sua namorada. Sua voz era tensa e as palavras atropeladas. Parecia estar fugindo de alguém.
- Se acalme e me diga o que está acontecendo. – Preocupado.
- Ele me achou.
- Quem te achou?
- Estevam.
O som de algo caindo ecoou do outro lado da linha.
- Onde você está?
Caio pegou a chave do carro de cima da mesa de centro e seguiu até a porta com passos apressados.
- Perto do armazém do meu pai.
- Fique com ele até eu chegar.
- Ele não está aqui. O armazém está vazio.
- Que droga! – Batendo a porta do carro com força. – Tente arrumar alguma coisa para se defender. Eu chego aí em alguns minutos.
- Vem logo. Ele não pode colocar as mãos em mim.
- Ele não vai. Nós vamos sair dessa.
Caio jogou o celular sobre o painel do carro e pisou fundo no acelerador, fazendo os pneus cantarem. Um veículo, que vinha atrás, buzinou.
Amanda corria o mais rápido que podia. Lágrimas haviam riscado suas bochechas e segurava com força uma barra de ferro. Olhou rapidamente para trás, Estevam estava a poucos metros. Uma pistola presa numa bainha em sua cintura balançava no ritmo de seus passos.
Ela cortou à direita e por pouco não se chocou contra um carro estacionado sobre a calçada. O vento esvoaçava seus cabelos. Estevam sacou a arma e atirou contra ela. O projétil passou a poucos centímetros, deixando-a apavorada. Amanda atravessou a rua e por pouco uma motocicleta não a atingiu. O motorista gritou um palavrão, mas ela não escutou, e desapareceu pela rua. Ela olhou para trás, não via qualquer sinal de seu perseguidor. Sentiu um aperto no peito.
Virou à esquerda e, de repente, Estevam apareceu alguns metros a sua frente. Seus olhos se arregalaram ao vê-lo e deu meia volta. Escutou o estampido de um disparo e em seguida sentiu o sangue escorrer por sua perna. Abafou um grito e continuou correndo, no entanto seus passos se tornaram mais lentos.
Estevam saltou sobre ela, jogando-os contra o chão. Amanda tentou golpeá-lo com a barra de ferro, porém ele agarrou seu punho e a jogou para longe, em seguida prendeu seu braço atrás das costas.
- Finalmente coloquei minhas mãos em você. – Abrindo um sorriso vitorioso. – Eu disse que você ia me pagar por ter me jogado na prisão.
- Você merecia passar o resto da vida naquele lugar. O Adriano morreu por sua culpa. – Raivosa.
- Seu irmão morreu porque não soube ficar de boca fechada. Ele foi um idiota quando tentou enfrentar aquele traficante.
- Você o viu morrer e não fez nada.
- Claro que fiz. Salvei minha pele. – Sorrindo.
- Seu desgraçado!
Ela tentou se soltar, mas seus esforços foram em vão. Estevam sacou a arma e a encostou no rosto da jovem.
- Você vai ter o mesmo fim que seu irmão.
Engatilhou a arma, mas antes que pudesse atirar Caio o atingiu na cabeça, com um pedaço de madeira. Deixou a madeira de lado e ajudou sua namorada a se levantar. Se colocou em sua frente e encarou Estevam, que começava a se colocar em pé.
- Vocês estão juntos agora? – Levando a mão à cabeça.
Ela voltou repleta de sangue.
- Não é dá sua conta. – Respondeu ele, ríspido.
- Você costumava ser meu amigo.
- A deixe em paz.
- Nunca! Ela vai pagar pelo que fez comigo. – Apertando o cabo da pistola.
Caio saltou em sua direção e Estevam disparou, no entanto ele conseguiu desviar a trajetória da bala. Os dois entraram em uma disputa pela posse da arma e ela acabou disparando. Um grunhido escapou dos lábios de Amanda, temendo por seu namorado. O corpo de Estevam desabou aos pés de Caio, sangue escorria de um ferimento em seu abdômen.
A jovem abraçou seu namorado e o beijou.
- Acabou. – Disse ela, encostando a testa em seu queixo.
Caio viu quando Estevam sacou uma pistola, do tamanho da palma de sua mão, do tornozelo e agarrou Amanda pelos braços, girando-a e se colocando em sua frente. O projétil o atingiu no meio do peito e ele soltou um grunhido engasgado, caindo nos braços de Amanda.
- Eu te amo. – Balbuciou antes de seus olhos se fecharem.
Ela o agarrou com força e as lágrimas escorreram intensamente de seus olhos.