Trilha sangrenta
- Da próxima vez eu escolho a trilha. – Disse Levi, retirando o capacete.
- Sem essa. É sempre você quem escolhe. – Retrucou Alissom. Ele estava agachado em frente a sua moto, verificando a corrente.
- Quem foi que escolheu esse lugar? – Perguntou, olhando a mata a sua frente.
- Eu. – Disse Luiz, como um pequeno sorriso.
- Você já percorreu esse caminho antes?
- Não. Há anos ninguém vem aqui.
- E por quê? – Perguntou Alissom, se levantando.
- Dizem que a floresta é amaldiçoada.
Hugo soltou uma curta gargalhada abafada pelo capacete.
- E você acredita nessas coisas? – Perguntou Rafael. Seu cabelo pendia sobre os ombros.
- É claro que não, mas estou curioso para saber o que desperta tanto medo nesse lugar.
- Então vamos descobrir. – Disse Levi, prendendo o capacete sob o queixo.
Os cincos motociclistas aceleraram suas motos e seguiram pela trilha. Levi liderava o grupo de aventureiros. A trilha era estreita e alguns buracos se espalhavam aqui e ali. O rapaz olhou para seus companheiros rapidamente e acelerou, instigando-os a aumentarem a velocidade. A trilha se abriu em uma bifurcação e Levi escolheu o trajeto entre duas árvores, mas ao passar entre elas seu corpo, na altura dos ombros, foi cortado ao meio.
Os outros motociclistas frearam bruscamente. A moto de Levi se chocou com violência contra uma árvore.
- Vamos dar o fora daqui. – Disse Luiz, assustado ao perceber a linha de nylon presa entre as árvores.
Barro e folha seca foram lançados para o alto enquanto eles seguiam o mais rápido possível para o início da trilha. Luiz sentiu um nó se formar em sua garganta e engoliu em seco, tentando afastar os terríveis pensamentos que o acometeu. Um tronco de madeira amarrado por uma corda foi lançado na direção dos motoqueiros, atingindo Alissom no peito.
- Mais que diabos está acontecendo!? – Gritou Hugo.
- Faltam poucos metros para o início da trilha. – Avisou-os Luiz, com o tom de voz tenso.
- O que você fez com a gente? – Disse Rafael, olhando-o rapidamente.
Luiz acelerou, tomando a frente de seus colegas. No alto de uma árvore uma jovem estava posicionada com um arco e flecha em mãos. Fechou um dos olhos e disparou. A flecha atingiu Luiz no meio do peito. Rafael desviou a moto para o lado com um movimento ligeiro e olhou para o corpo do amigo estirado no chão, rapidamente.
- Tem alguém naquela árvore. – Disse Hugo, apontando com a cabeça.
- Onde?
Ele olhou na direção que Hugo apontava e não percebeu que seguia na direção de um toco de uma árvore. Com a força da batida seu corpo foi arremessado para frente e sua cabeça se partiu ao se chocar contra uma árvore.
Hugo sentiu algo se chocar contra o seu capacete, fazendo-o perder o controle e deslizar pelo chão. Escutou passos se aproximarem, esmagando folhas e gravetos, e se levantou com um pulo, mas antes que pudesse fugir foi golpeado na nuca, nocauteando-o. Um sujeito com a expressão carrancuda o agarrou pelos tornozelos e o arrastou mata adentro.