O PALHAÇO
Era quase duas horas da madrugada. O palhaço estava do lado de fora da casa. Jefferson estava atônito de medo, mas conseguiu fechar as portas as janelas. Enquanto isso, Maria tentava ligar para a polícia, Porém, nem o telefone estava mudo. Os vizinhos não acordaram, nem mesmo com os diversos gritos da família pedindo socorro.
– Vamos lá pra cima. – Gritou Jefferson para Leonardo seu filho mais novo de sete anos.
O palhaço era alto, com cabelo laranja, um nariz vermelho e a volta dos olhos pintada de azul marinho. Ele vestia uma roupa colorida e enormes botões roxos. Parte de sua roupa estava molhada de sangue, que ainda escorria, respingando no chão.
Ele tentava arrombar a porta, com murros, socos e chutes, contudo ao perceber que não conseguiria derruba-la ele desapareceu. Jefferson acreditava que ele havia ido embora, então se aproximou da porta e olhou pelo vitro da mesma. Ele observou todas as direções, até se certificar que ele não estava mais lá fora, então disse.
– Acalmem-se, ele já... – Jefferson não pode nem terminar quando algo acertou a porta e fez-lhe um buraco.
– Oi... Voltei... – Disse o palhaço gargalhando, com um machado nas mãos.
– Agora eu acho que abro essa porta.
Jefferson correu das proximidades da porta, contudo logo notou que Daniel seu filho mais velho de doze não anos, havia sumido. Maria procurou-o em todos os cômodos, mas infelizmente não o encontrou.
– Abram logo esta porta, eu não quero machuca-los... – Falou o palhaço agora com uma voz grossa e uma risada irônica.
Em seguida houve um silencio e as machadadas na porta cessaram.
Leonardo puxou o braço da mãe e disse.
– Mamãe, ele esta abrindo a porta.
Naquele momento, Jefferson viu Daniel girando a chave da porta e a abrindo, hipnotizado pelo palhaço. No mesmo momento que ele abriu a porta, o palhaço saltou na sua direção e o apanhou, levando-o para fora.
Jefferson até tentou alcançar Daniel e impedi-lo de abrir a porta, mas não chegou a tempo.
– Daniel não! – Gritou Jefferson
Ele queria queria tentar recuperar Daniel, mas sua razão foi mais forte, ele sabia que saindo por aquela porta ele certamente seria morto. Portanto, vendo que a porta entreaberta, ele correu na direção contraria, o mais rápido que pode. Porém, não conseguiu ir muito longe. Uma mão adentrou por trás da porta e esticou-se por quase seis metros até agarrar a perna dele.
– Me deixem entrar... me deixem entrar... me deixem entrar ou nunca mais vão vê-lo de novo.
– Porque vocês estão com medo. Eu só quero brincar... venham comigo... vamos brincar aqui fora...
Jefferson gritava pedindo socorro. Maria tentou ajuda-lo, segurando seus braços, mas a força era tremenda. Jefferson mal conseguia se segurar.
– Vem pai, está tudo bem... ele só quer brincar... – Falou Daniel do lado de fora.
Leonardo olhou pela a janela do quarto e viu do lado de fora Daniel estirado no chão, de olhos abertos, parecendo estar morto. Quando o palhaço notou que Leonardo estava olhando para ele da janela, ele começou a rir, gargalhando euforicamente para Daniel com um rosto medonho que se deformou abruptamente, transformando-se numa criatura horrenda, cheia de dentes pontiagudos, olhos vermelhos, pele escura cheia de escamas e de sua boca escorria um liquido preto pegajoso que parecia lodo.
Jefferson ainda estava sendo puxado pelo palhaço que começou a puxa-lo com mais força, seu corpo parecia um cabo de guerra. A dor era tão insuportável que não aguentava, era como se seu corpo fosse ser rasgado em dois.
Maria ouviu a carne de Jefferson rasgar e o sangue espirrar em seu rosto, logo em seguida ela ouviu um som de ossos quebrando, e a perna de Jefferson foi arrancada e voou para fora, puxada pelo braço do palhaço.
Maria começou a gritar...
Jefferson morreu segundos depois.
Maria subiu as escadas e correu na direção de Leonardo. Quando olhou para trás viu o corpo do marido sendo arrastado para o lado de fora.
– Maria, aonde você está... eu estou subindo.
Maria se escondeu no seu quarto junto a Leonardo. Após trancar a fechadura, ela percebeu uma sombra embaixo da porta. Uma sombra espreitava a porta e algum tempo depois, alguém encheu um balão e assoprou por debaixo da porta, estendendo com uma linha. O balão estava escrito, Estou Chegando.
A maçaneta tremia, como se alguém lhe forçasse para entrar.
Maria levou o filho para banheiro, mas quando estava entrando no mesmo, alguma coisa agarrou-lhe e a puxou para debaixo da cama. Leonardo ouviu ela gritar, em seguida tudo ficou em silencio. Ele trancou a porta do banheiro...
– Leonardo... seus pais estão aqui... venha... venha comigo... – Gritou o palhaço.
– Filho vem conosco. – Falou uma voz parecida com a de Jefferson.
– Vem filho, a mamãe está aqui... pode abrir a porta está tudo bem.
– Falou agora uma voz parecida com a de Maria.
– Vem Leonardo, aqui é mais divertido... papai e mamãe também estão brincando... é muito legal aqui fora... vem conosco. – Disse uma voz como a de seu irmão Daniel.
Leonardo se agachou perto da privada e começou a chorar.
– Por favor... para... mamãe... Pai... Dani...
Leonardo permaneceu naquela posição durante horas, até que a luz do sol penetrou pela janela do banheiro e iluminou banheiro, em seguida alguém começou a forçar a maçaneta. Ele fechou os olhos e continuou parado, o banheiro era fechado e a janela pequena demais para ele tentar fugir, sendo assim não havia como ele sair daquele lugar. Desta forma ele só aguardou, até que momentos depois conseguiram arrombar a porta...
– Ei garoto... você está bem.
Leonardo abriu os olhos e...