a coisa

A floresta tropical é um lugar inóspito para o homem. Embora nicho de nossos ancestrais simiescos do passado, há muito fomos expulsos desse paraíso. Abrimos nosso caminho no seu chão tropeçando entre as pernas de gigantes, com muito menor destreza que nos campos abertos. Mesmo na estação seca, o orvalho matinal cai em chuvisco constante , encharcando as folhas caídas e escorregadias e transformando a terra em lama. Emaranhados de raízes e trepadeiras restringem nossos passos. Cipós eriçados de espinhos arranham nossos braços. Avançar um quilômetro é galgar troncos caídos por vinte vezes ou mais. Ao longo dos riachos , é constante o assedio de legiões de carrapatos, pernilongos , mosquitos , centopeias, escorpiões e lagartas urticantes. Sem contar as feras que espreitam em meio as moitas. Em meio a esse caos verde a esses escombros e esses perigos, espiamos lá em cima a luz distante que se filtra polidamente através da folhagem de gigantescas arvores centenárias . A vida que prolifera nas copas desses arvoredos está além do nosso alcance, apenas com cordas e roldanas e que conseguimos chegar a esses inacessíveis espaços
O chão sombrio da floresta oferece para nossa espécie poucas atrações estéticas, seus habitantes são solitários fantasmagóricos a maioria de seus pássaros são de cores moderadas suas flores não minúsculas verdes, brancas sem perfume. Nenhuma pintura ou foto consegue captar a presença envolvente , misteriosa desse “inferno Verde” com sua solidez plástica, um labirinto onde os incautos podem facilmente se perder. Na distancia macacos uivadores rugem seu desafio primal diante do vazio esmeralda. Em seguida faz-se o silêncio ouvimos apenas o zumbido dos insetos ou o farfalhar das folhas. É apenas a noite que a floresta revela o pulsar da vida, na escuridão abissal se ouvem ganidos, gritos e guinchos de sapos e o rugido das bestas carnívoras pássaros e insetos envolvidos em um milhão de dramas de caça, fuga e copulação.
Nas profundezas sombrias dessa floresta , havia uma pequena vila de pescadores, os nativos abitam toscas cabanas de terra batida cercada por uma paliçada feita de espinhos para evitar perigos ocultos na imensa mata equatorial , a aldeia esta nas margens do grande rio , acontece que num período de Sete meses diversas pessoas que entravam na mata não voltaram com vida seus cadáveres surgiam descarnados apenas os ossos ensanguentados, rumores sobre isso chegaram a cidade de Manaus. Acontece que dois caçadores experientes estavam na cidade, Herom e Charles, esses dois intrépidos aventureiros a mais de 25 anos percorrem o mundo inteiro a procura de aventura. Estavam habituados a caçar os mais perigosos animais que existiam na natureza eram grandes caçadores, possuíam os modernos equipamentos de caça, eles pretendiam caçar a tal fera que estava mantando pessoas, muitos caçadores já tinham tentado pegar a tal fera mais nunca voltaram . Ao saberem disso os dois caçadores havidos por emoção, pensaram que aquilo seria um desafio a altura deles, - Charles vamos pegar essa fera , seremos famosos no mundo inteiro – sim Heron, vamos ser considerados os melhores caçadores do mundo – Charles e Heron eram sócios em uma grande empresa de construção civil , eram casados e pais de crianças, eram ricos dinheiro não era problemas sendo assim todo ano nas férias, eles escolhiam um lugar no mundo para caçar, nesse ano eles ouviram os rumores que vinham da Amazônia e resolveram ir pra lá.
Ao chegar na vila  os ribeirinhos informaram que havia uma “coisa” na mata que estava mantando pessoas, os moradores evitavam passar em certos lugares  temendo serem apanhados, os experientes caçadores pensavam nas possibilidades que fera seria essa? Os animais mais perigosos da região eram a onça , o jacaré, e a sucuri, mais pelas características dos ataques os ossos descarnados eles logo excluíram essas possibilidades além do mais nenhuma dessas feras seria capaz de matar com tanta regularidade tantas pessoas e os caçadores que tentaram apanha-la , não era natural, onças evitam as pessoas só atacam quando confrontadas, sucuris, tem um metabolismo muito lento, uma vez alimentadas passam as vezes um ano sem voltar a comer sendo assim se uma cobra grande devora uma pessoa se passa muito tempo até ocorrer outro ataque, a regularidade dos ataques um ou duas pessoas por mês inviabiliza essa hipótese , os jacarés da região eram relativamente pequenos e quase nunca atacavam pessoas se alimentando mais de peixes. Descartadas essas espécies nativas eles acreditavam que deveria ser um tipo de fera que veio de outro lugar mais qual? Ninguém jamais tinham visto a criatura todos a chamavam de “ a coisa” todos estavam com medo na vila após a primeiras vitimas ( seringueiros e caçadores nativos) foi construído a paliçada de espinheiros como proteção. Aquelas pessoas vivam em contato com a natureza eles conheciam todos os perigos da mata, todas as criaturas perigosas, mais nada se comparava a coisa, era furtiva, misteriosa não deixava rastros ou vestígios ( a não ser os cadáveres descarnados ) atacava e sumia mesmo os indígenas que abitavam uma tribo não muito longe da vila não sabiam explicar oque era aquilo alias os índios fugiram pra outro lugar temendo a “coisa” que para eles era um espirito da mata vingativo irritado com os homens já outros achavam que era o mapinguari um monstro lendária que habitaria aquelas matas .
Mais Erom e Charles descriam do sobrenatural , eles estavam confiantes, eles acreditavam que conseguiriam matar a coisa, os moradores da vila aconselharam eles a desistir mais Arom respondeu rindo – até hoje nos sempre pegamos o que caçamos , e não vai ser dessa vez que vamos fracassar confiou em nossas habilidades de caçador e nas minhas armas, - como era um caso diferente do habitual, eles trouxeram um equipamento de extra pra selva, fuzis de caçar elefante, metralhadoras e bombas ,óculos de visão noturna, camuflagem militar, bombas incendiárias e de gás e mantimentos para um mês na selva . Se nesse tempo eles não conseguissem pegar a besta eles partiriam para outra região .
Mais de algum modo essa exuberante floresta com seus mistérios e indomável beleza exerce um fascínio sobre os civilizados, atrai como um ímã viajante e pesquisador para as profundezas sóbrias de seus domínios, atendendo talvez a o apelo primal no interior de sua alma em busca do contato com sua antiga natureza simiesca, os homens brancos e civilizados vencendo seus receios naturais pelo desconhecido acabam penetrando, desafiando, devastando se apropriando, domando a grande floresta, porém muitos pagaram com a vida a ousadia. Quantos homens e mulheres pereceram ou enlouqueceram a o adentrar na grande floresta, mais os caçadores confiantes em sua experiencia adentram no mar verde da selva.
A partir dos relatos dos nativos, os dois caçadores caminhão em direção a margem de um pequeno riacho, apesar do calor e da umidade, os dois homens são experientes já estiveram em florestas tropicais antes caminhão com desenvoltura entre os arbustos, e o emaranhado de raízes e cipós, ao chegar a margem eles param armam acampamento fazem uma pequena refeição , então bebem agua, e conversam – que espécie de criatura será essa – herom – não sei ninguém viu nada nem pegadas, nem vestígios a não ser os restos humanos – mais que tipo de fera faz isso – seja lá oque for, nos vamos descobrir e destruir -
Os caçadores começam então a colocar armadilhas, várias em diversos pontos nos arredores do acampamento, eles acreditavam que a coisa apareceria pois tinham sido naquele lugar que a ultima vitima foi encontrada, eles abatem algumas aves para usar como iscas, a noite chega logo na floresta e um assustador silencio se instala experientes caçadores como eles estranharam habituados aos sons da mata aquilo não parecia normal havia algo naquele lugar. Os dois caçadores sobem em arvores e com seus óculos de visão noturno vigiam o perímetro camuflados com capas escuras para se confundir com a escuridão , eles observam os locais onde colocaram as armadilhas, por volta das 20 horas os dois caçadores avistam com seus binóculos uma forma indefinida cruzando o pequeno riacho parecia um tipo de nuvem , mais emitia calor não dava para distinguir formas apenas a emissão de luz infra vermelha , eles ouvem o barulho das armadilhas sendo disparadas, mais não ouvem o que esperavam um rugido de dor, quando a forma se aproximou mais perto do local do acampamento , os dois homens disparam abrem fogo com seus rifles , o som dos tiros rompe a silencio da noite, os cartuchos voam para o chão úmido da mata, miríades de pássaros voam, macacos berram, uma barulheira infernal mais tão rápido como começou parou , quando a fumaça se dissipou, eles olharam com seus binóculos mais nada viram esperavam ver um corpo destroçado mais nada, desceram com cuidado checaram as armadilhas estavam todas destruídas , mais nem sinal da coisa, não encontraram marcas nas arvores, rastros , manchas de sangue nada confusos os homens voltaram para seu acampamento. Na manhã seguinte eles resolveram atravessar o riacho e ir atrás da coisa determinados a abate-la .
Não era fácil intimidar aqueles caçadores , eles já tinham enfrentado todo tipo de feras em suas caçadas pelo mundo, elefantes, hipopótamos, rinocerontes, búfalo, leões e tigres mais nada em seus 25 anos de experiencia os havia preparado para o que eles iriam enfrentar, algo muito além de qualquer coisa que existia na terra, algo diabólico, inteligente e astuto e faminto por carne, por proteína animal e agora que tinham provado carne humana queria mais e mais.
Os caçadores procuravam algo na mata que indicasse para onde a criatura tinham ido mais nada nenhum sinal, era como se ela não caminhasse mais pairasse , - Herom será que essa coisa tem asas não deixa rastros visíveis nem galhos quebrados nada que denuncie sua passagem – e muito estranho Charles – os dois homens montam um acampamento para passar a noite, foi ai que eles notaram o silencio absoluto, experientes como eram seus olhos habituados a enxergar os habitantes das mata não viam nada nem formigas, nem insetos, ate a folhagem tinham um aspecto diferente eram mais verdes que o normal e tinham formas esquisitas, e um cheiro agradável de jasmim ou eles julgavam ser jasmim, mais não existia jasmim na floresta amazônica, era como se aquele lugar fosse diferente do resto da mata para um incauto pareceria tudo igual , mais não para dois mateiros experientes como aqueles dois – eu não estou gostando desse lugar ele parece diferente do resto da floresta – Charles e se nos abortássemos a caçada – nunca Herom , nunca não vamos amarelar nos viemos para caçar essa coisa maldita e vamos caça-la você esta com medo? – não é isso e que não sei existe algo de errado , aqui, essa coisa não parece ser uma criatura normal – pare de bobagem não seja supersticioso, não existe nesse mundo nada que resista a uma bala calibre 12 – talvez nesse mundo mais e ser for de outro ? – hora , hora pare de bobagem não de ouvidos a lendas absurdas sobre óvnis ou monstros , e apenas um animal, estranho mais um animal nos vamos mata-lo como sempre fizemos – os caçadores armam seu acampamento, eles retiram suas rações militares não eram muito apetitosas mais eram energéticas e isso e oque importava, depois fazem café e bebem, a caçada seria a noite eles sabiam que os grandes predadores geralmente caçam a noite, porem enquanto comiam herom olhou casualmente para um canto da mata então ele viu, algo que ele jamais esperaria ver naquele lugar longe de tudo, uma mulher linda e nua, Herom arregala os olhos não acredita no que vê a pouco mais de 20 metros de onde ele estava, uma bela jovem branca de cabelos avermelhados, sorri pra ele, seu corpo estava meio encoberta pela vegetação ele só avista parte do corpo , da cintura pra cima, um seio a mostra o outro encoberto, o caçador pasmo diante daquela visão como que hipnotizado se levanta larga tudo que tinham e vai pro mato em direção a mulher estranha , Charles vê o amigo caminhar pelo mato mais não da maior importância pensa que ele foi fazer suas necessidades , herom esta enfeitiçado pela misteriosa mulher, que corre pelo mato ele grita – ei moça quem é você? Como veio parar aqui ? – mais a mulher se afasta correndo o caçador portamdo apenas uma faca corre atrás dela – ei pare eu não vou te fazer mau – mais a moça some no meio da vegetação , mais Herom não desiste e avança se aprofundando mais e mais na floresta procurando a moça por fim chega a uma clareira, para descansar senta numa pedra, a essa altura Charles já sente falta do amigo levanta e grita – Herom cadê você , Herom onde você está ? – mais não tem resposta , na clareira Herom vê algo ainda mais extraordinário em meio a um forte cheiro de jasmim, ele avista uma criança, era seu filhinho de 7 anos – Felipe e você? Oque faz aqui? – diz perplexo o caçador – o garotinho sorri e entra na mata – Herom corre na direção da criança ai ele avista o filhinho no meio das sombras das arvores ele se aproxima quando coloca a mão no ombro da criança ...- Charles procura o amigo na mata tenta achar uma trilha, foi ai que escuta o grito mais apavorante que ele jamais ouviu - haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa – era um berro de dor, profundo como um lamento, guiado pelo som o experimentado caçador logo chega na clareira nisso se depara com algo aterrador, o corpo descarnado de Herom , era um esqueleto ensanguentado , com as mandíbulas abertas num último grito de vida, faltava os globos oculares , em choque ele não acredita no que testemunha , fica por um instante parado tentando processar o que aconteceu. Porem logo ele se controla, carrega sua arma olha ao redor o silencio, ai num acesso de fúria o caçador brada – onde você esta maldito apareça, vamos venha me pegar, apareça seu desgraçado – abre fogo aleatoriamente, descarrega sua espingarda calibre 12 , mais nem um som , nada, mais ai ele escuta uma gargalhada, alta estridente, Charles recarrega sua arma, foi ai que olhando pro chão vê algo bizarro um corpo ensanguentado coberto de buracos de bala, era como se ele tivesse alvejado o corpo, Charles sente uma tontura , aquele cheiro forte de jasmim, sente náuseas e vomita, resolve sair daquele lugar amaldiçoado retorna para seu acampamento, ali se sente melhor faz uma fogueira porque a noite chega rápido na floresta, senta come algo e espera – esse maldito logo vira atrás de mim mais eu acabo com ele vou vingar Herom - era a única coisa que avia em sua mente um desejo ardente de vingança contra a maldita coisa, a essa altura ele já tinham compreendido que não era um simples animal, era algo diabolicamente inteligente, astuto e que sabia, manipular a mente de suas vitimas, mais o fato e que era cruel e faminto por carne humana. Charles armou armadilhas ao redor da barraca, ele sabia que eram inúteis mais mesmo assim ele as armou, ficou sentado com uma Ak- 47 carregada , esperando a criatura , tencionava passa a noite acordado de vigília , mais por fim acabou vencido pelo sono, caio no chão com sua arma sempre pronta para atirar. Quando os primeiros raios da manhã surgiram os olhos do caçador se abrem ele tem um susto, diante dele estava Herom vivo e sorrindo – ei acorda cara esqueceu oque viemos fazer aqui – Herom e você ? – claro que sou eu quem você esperava o papai Noel – Herom como e possível, eu vi você morto – eu morto? Você tá maluco cara, estou bem vivo você deve ter sonhado a noite – é deve ser isso – Charles estava desatinado, mais queria acreditar que era real, talvez tivesse sido apenas um sonho nada mais – os dois caçadores se preparam pra entrar na mata caçar a coisa, - Charles vamos por essa trilha -sim vamos – respondeu meio desanimado o caçador - Charles oque você acha que e essa coisa? – não sei talvez algo de outro mundo – e isso mesmo meu amigo , e isso – ele falou com tanta convicção que impressionou Charles que parou de andar e indagou – Herom você sabe de alguma coisa ? – o outro parou se virou pra ele com uma expressão estranha e disse – só agora você percebeu, como você e estupido e você se acha um grande caçador qual nada não passa de um idiota como o outro  que corre na mata atrás de uma mulher e de uma criança como tu é burro – o que voce esta dizendo? – ele desatou a rir do amigo – você não sabe de nada , haaaaaa, eu devia deixar você perdido aqui pra sempre, seria divertido brincar com você – o que ? Quem é você? – percebendo que aquele não era Herom ele saca sua arma e aponta pra ele – seu desgraçado não sei como mais você é a coisa – como você é esperto chegou aqui na minha casa cheio de marra se sentido o maioral , o grande caçador Charles mais você é só uma coisa carne – quando ele terminou essa ultima palavra Charles atirou, descarregou um pente da Ak – 47 – desgraçado tome chumbo - berrou Charles, foram suas ultimas palavras, a saraivada de balas se perdeu no vazio, não havia ninguém ali , quando a ultima bala foi disparada , as mãos de Charles tremiam ele larga a arma , ele suava e ofegava sua cabeça girava de súbito ele não via mais nada , a floreste verde se tornou seu túmulo ...
Se passou 3 dias então um índio que passava perto do rio achou uma Ak 47 jogada no chão da floresta, estava descarregada e suja de sangue humano seco , um grupo de busca foi formado mais não encontrou nenhum sinal dos dois caçadores, no entanto o grupo não teve coragem de atravessar o rio.
Um ano depois seringueiros vagavam perto da margem , os ataques da coisa haviam cessado, mesmo assim ninguém se atrevia a travessar e ir pra a outra margem todos acreditavam que aquela região estava amaldiçoada, um dos seringueiros parou para beber água ao erguer os olhos ele avistou na margem oposto , dois caçadores conversando com uma mulher e uma criança....









 
ideraldoluis
Enviado por ideraldoluis em 03/04/2017
Reeditado em 14/08/2021
Código do texto: T5960285
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