03 de abril de 1956

Depois de tantos anos e tantas duvidas que posteriormente transformaram-se em frustrações, ele (cujo nome não me é permitido revelar) se sentou calmamente numa cadeira e disse suas ultimas palavras. As seguintes: "Daqui não me levanto nunca mais.".

14 de dezembro de 1956

Sua mulher... bem... acabou que desistiu de tentar. Ele realmente vegetava sem esperanças de sorrisos, abraços, ou qualquer outra coisa. Costumava jogar bilhar nas noites boemias no Rio Vermelho. Voltava embriagado, rindo e muitas vezes excitado. Quem ia saber que no fundo era um homem infeliz?

13 de Fevereiro de 1957

Família e amigos reunidos em volta do vegetal. Todos cantavam. Uns com cara de pena, outros entediados, alguns bêbados.
Mulheres estranhas choravam mais que a própria mulher do sujeito... Olhares desconfiados. Risos incontidos. Sorrisos maldosos.


30 de julho de 1957

Cavaram um buraco na sala e puseram um caixão ao seu lado. A viúva bradou: "Se quer morrer, vou então enterrar-te Homem! ”. Todos estão loucos!

31 de Julho de 1957

Levantou calmamente e se deitou no caixão.
Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 02/03/2017
Reeditado em 17/03/2017
Código do texto: T5928549
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.