De caçadora a presa
Carol estava presa em meio à floresta sob a luz do luar. O cricrilar dos grilos se misturavam aos sons do vento e de alguns outros animais noturnos. Ela estava assustada. Sua roupa estava manchada de sangue. Cortes e hematomas coloriam seu rosto. Havia acabado de enfrentar um vampiro e seu corpo estava dolorido.
Névoa pairava sobre sua cabeça. Não havia cordas ou correntes a prendendo, seus pés estavam presos ao chão como se tivessem criado raízes. Seu corpo estava rígido, não conseguia mover um músculo sequer, era como se estivesse presa em seu próprio corpo.
Um homem com o semblante enraivecido saiu de trás de uma árvore e se aproximou da jovem.
- Por que você o matou?
- É o meu trabalho. - Com o maxilar cerrado.
- Você não tinha o direito de matar meu filho.
- Seja lá quem fosse o seu filho, ele já não pertencia mais a esse mundo e é meu dever destruí-los.
- Ele não era assim. - Seus olhos se encheram de lágrimas.
- Todos são iguais. O instinto assassino sempre acaba prevalecendo. - O ódio cresceu em seu olhar.
- Não, meu menino não era mal! - Avançando em sua direção de forma ameaçadora. - Ele não escolheu isso para ele, não fazia mal a ninguém. Você não tinha o direito de tirar sua vida.
Carol abriu um ligeiro sorriso.
- Você está enganado.
O sujeito deu um ligeiro salto para trás e estendeu o braço com a mão voltada na direção da jovem. Seu braço se elevou e o corpo de Carol levitou. Instantes depois sentiu uma pressão em seu pescoço. Levou as mãos ao redor, mas não tinha nada a sufocando. O homem franziu o cenho.
- Não faça isso.
Sentia o pavor crescer dentro de seu peito.
- Você não sabe o quanto eu desejei esse momento.
- Está comentendo um erro. Me solte, está me matando.
- Essa é a intenção. - Abrindo um sorriso sagaz.
Ele fechou ainda mais a mão e Carol soltou um chiado engasgado. Suas pernas se moviam freneticamente no ar e suas mãos deslizavam sobre seu pescoço, tentando se livrar da força que lhe privava o ar. O colar com um pingente de cruz de prata que ela usava no pescoço, foi arrebentado por uma força invisível e jogado para longe.
Uma leve brisa soprou esvoaçando os cabelos da caçadora. O mago fechou ainda mais a mão, seus dedos estavam muito próximos de se encontrarem. Carol sentia um zumbido em seus ouvidos, sua visão começava a ficar turva e a boca dormente. Sentia a morte se aproximando e se entregou a seu fim. No entanto o sujeito a soltou e seu corpo desabou no chão. Ela agarrou o solo sob seu corpo e sugou todo o ar que seus pulmões podiam suportar.
- Não quero ter sangue em minhas mãos como você, mas se cruzar o meu caminho outra vez não terá a mesma sorte. - Alertou-a ameaçadoramente.
Ela girou o corpo, se apoiando sobre o antebraço e o observou desaparecer pela escuridão da noite.