Perigo em alto mar
Um navio cargueiro, após ter sido surpreendido em alto mar por uma tempestade, ficou a deriva em meio ao Oceano Pacífico. Os cinco únicos tripulantes da embarcação lutavam para se manterem vivos já que suas provisões estavam acabando. Pequenas rachaduras foram abertas no casco do navio e a água penetrava lentamente.
Depois de dois dias a deriva os tripulantes experimentaram a noite mais fria de todas as suas vidas, não uma noite fria qualquer, o frio que sentiam era algo surreal.O vento zunia feroz e soprava uma ventania cortante. Os tripulantes se agasalharam com todas as roupas que conseguiram encontrar e esvaziavam as garrafas de bebidas, buscando amenizar o frio que sentiam, mas nada era capaz de afastá-lo.
Um som ecoou perturbador, algo como milhares de corvos enfurecidos e animais selvagens famintos, deixando-os alarmados. Se armaram com o que conseguiram encontrar na embarcação e se prepararam para enfrentar o que é que tivesse causado aquele som horrendo. Os tripulantes se entreolharam tentando encontrar coragem para enfrentar a situação, mas tudo o que achavam era o medo.
Uma lufada de vento varreu o convés, jogando todos para trás com um baque oco. Um tiro de espingarda foi disparado para o alto. Dois rapazes se levantaram com um salto e olharam ao redor. O corpo do capitão do navio estava estirado no chão sobre uma extensa mancha de sangue, que escorria de sua cabeça. O rapaz que segurava a espingarda se aproximou e meneou a cabeça para seus companheiros.
Uma criatura negra como a mais profana noite surgiu no convés, deixando-os sem qualquer reação. No lugar onde deveria estar os olhos da criatura dois buracos negros os encaravam, em sua boca carne em decomposição saltava da costura que se estendia no que um dia havia sido uma boca humana. Uma capa tão escura quanto sua figura se estendia sobre seu corpo, rasgada sob os pés. As armas dos tripulantes caíram sobre o convés quase simultaneamente. Não conseguiam tirar os olhos da criatura, pareciam hipnotizados perante a face do terror.
Uma atmosfera de morte iminente tomou conta da embarcação e um dos tripulantes começou a sentir dificuldades para respirar. O rapaz mais baixo entre eles começou a vomitar todo o sangue existente em seu corpo e instantes depois caiu sobre o convés, abraçando a escuridão. A criatura olhou para o corpo e abriu um sorriso putrefato. Dois corpos tombaram simultaneamente, seus olhos estavam abertos, mas o coração já não pulsava mais.
O único homem ainda vivo se arrastou aos pés da criatura, sentia seus órgãos internos derreterem. Ela o olhou com aqueles olhos inexpressivo e o rapaz soltou um chiado engasgado.
O navio e os corpos dos tripulantes desapareceram misteriosamente, sem deixar qualquer vestígio de sua existência e a criatura nunca mais foi vista novamente.