“Ele vai, mas tu ficas. Pertencemos a morte! ” (Última frase do filme A Noiva de Frankenstein, 1935)

I

Eu procurava sempre me sentar no mesmo banco. Que ficava abaixo de uma árvore. Entre cinco e meia da tarde até pertinho das oito, numa pracinha em Guarajuba, não muito longe da praia. Eu odeio sol e calor, e odeio me sentir suado, principalmente no sovaco e nas coxas. Me deixa inquieto, nervoso. Eu tomo quantos banhos sejam necessários para não me sentir assim, e me lavo na pia várias vezes ao dia. Essa obsessão atrapalha minha vida porque a mesma limpeza... ou melhor... a mesma PUREZA, que tenho em mim, eu cobro que os outros também tenham. E é difícil para uma mulher, se relacionar comigo e ter que tomar banho sempre que eu mandar ou sofrer as consequências de um namorado que não a quer por perto. No início elas acham bonitinho... o excêntrico é sempre um charme na hora da sedução. Mas depois de um mês ou dois elas começam a se chatear e não só com isso... eu também gosto de isolamento. Sou uma pessoa que se envolve demais com os sentimentos das pessoas, eu absorvo o problema dos outros e sofro com as pessoas que amo. De modo a ficar sobrecarregado, sufocado. Precisando então de algumas horas de silencio. Sozinho. Como uma pilha recarregando ou um corpo parado esperando que sua alma volte.

E é sobre isso que eu quero falar... sobre a alma.

A gente associa sentimentos de amor e paixão ao coração, ao cérebro, à capacidade de empatia, e os prazeres do corpo. Isso parece obvio porque são essas as principais informações que percebemos. As reações corpóreas. Mas a verdade é que... o que realmente produz o amor – e ironicamente, ao mesmo tempo, se alimenta do mesmo - é o ESPÍRITO... enquanto o que sentimos na pele e tentamos quantificar, são apenas uma série de efeitos colaterais.

E eu só tive a certeza disso tudo quando conheci Boggs. A Bela Kim Boggs.


II

Como eu dizia, eu estava no meu banquinho preferido, e eu tinha um radinho ao meu lado. Nele tocava a trilha sonora do filme “Edward Mãos de Tesoura”, composto por Danny Elfman. Enquanto isso eu lia algum livro de Stephen King, mas nem sei dizer qual era...

Porque desde que descobri esse cara nunca deixei de lê-lo e relê-lo, todos os dias em momentos, em momentos de insônia, isolamento, ou em momentos como aquele. Percebi que uma pessoa tinha sentado ao meu lado e torci o nariz. “Tem tanto banco aqui...”, pensei. “pra quê se sentar colado comigo?”.

Continuei minha leitura e a música lembrava um momento do filme que me fazia rir.


- É um livro de terror... porque você está rindo? – Perguntou-me a voz ao meu lado.

Primeiramente não levantei a cabeça, tentei continuar o que estava lendo. Aquilo às vezes acontecia... vez ou outra uma pessoa chata se sentava ao meu lado querendo puxar assunto. Eu não era o único assíduo por ali. Havia toda uma comunidade que todos os dias estava naquela praça. Acho que algumas pessoas tinham curiosidade de saber quem era mesmo aquele rapaz silencioso que sentava todo dia no mesmo banco, ouvindo músicas estranhas e com a cara sempre colada em algum livro. Eu os ignorava.

Primeiramente o que vi foram suas pernas. Usava um mini short jeans muito curto. Quando olhei aquelas pernas, instantaneamente olhei para cima. Tinha que ver quem era a dona daquelas lindas pernas. Brancas demais, mas, lindas. A moça era MUITO branca. Ela sorria e me olhava. Mas seu olhar era tétrico e perdido. Ela tinha a coluna muito ereta, daquele jeito que normalmente só bailarinas conseguem ter.

Usava um casaco abotoado até o pescoço. E eu não entendi porque tapar tudo em cima já que embaixo estava bem à mostra. Eu tentei sorrir de volta, mas não sou bom nisso e acabei dando um riso amarelo com a boca fechada, sem mostrar os dentes e logo desviei o olhar envergonhado.


- ... as vezes você encontra coisas bem engraçadas nessas histórias. – Respondi.
- Meu nome é Kim... Boggs.

Subitamente ela veio e me deu um abraço seguido de um beijo na bochecha. Meu coração disparou e meu rosto ficou extremamente quente. Uma sensação de estar fora do corpo vendo uma situação acontecer. Uma situação daquelas que vemos em filmes e séries de comédia romântica. Uma mulher linda se aproximar de um cara excêntrico, seguido de um final feliz.

Mas eu não tive um final muito feliz.


III

- Pode continuar lendo... não vou te incomodar. Mas... posso ficar aqui?
- Claro. É um país livre. – Respondi tentando ser simpático, e falhando novamente.

Tentei por alguns segundos intermináveis olhar o meu livro e parecer atento..., mas estava mentindo. Era como se eu tivesse ficado analfabeto. Não conseguia processar nada que tinha ali escrito... não com aquela mulher ao meu lado. E percebi que apesar do silencio, ela continuava virada para mim, com aquelas pernas juntinhas e lisas, aquela pele leitosa, quase albina, e continuava me encarando, com seus olhos azuis claros que pareciam de vidro.

Seus cabelos eram loiros e claríssimos. E até suas sobrancelhas eram loiras também. Não havia nada que não fosse muito claro no corpo dela. “Parece um anjo... nossa... parece um anjo! ”, eu repetia comigo.


- Você... você está perdida?
- Não. Porque a pergunta?
- Normalmente quando uma mulher muito bonita vem falar comigo... é porque está perdida. – Dei uma risadinha. Ela não riu. Quer dizer... não gargalhou, como eu esperava.

É, eu me achava engraçado às vezes. Muito cedo na vida percebi que na hora da sedução a gente tem que ser um desses: O “bonitão”, o “Ricaço”, o “Romântico”, ou... o “Cara Engraçado”. E como não dava pra ser romântico com uma pessoa que eu tinha acabado de conhecer sem parecer um esquisitão ou um tarado, eu tentei arriscar com minhas piadinhas. Mas ela não riu. Ela sorriu. Ela deu um largo e belíssimo sorriso. Como quem diz “eu não te compreendo, mas te acho fofo. ”. Não era bem o que eu queria, mas era uma vitória.


- Olha, eu tenho que ir. – Ela disse, fazendo um beicinho que quase acabou de vez comigo. Juro que cheguei a me imaginar pedindo-a em casamento ali mesmo.
- Ahn... jááá? Pensei que a gente ia começar a conversar!
- Eu não tenho muitas lembranças... – ela disse. – Só de uns dias para cá... acho que não tenho muito a oferecer conversando.

Cocei a cabeça, sem entender... mas não queria que ela fosse embora. Tampouco estava pensando em leva-la para casa dela ou para a praia... por motivos sexuais. Por mais que a achasse incrivelmente maravilhosa da cabeça aos pés, o que eu sentia era pura e unicamente, uma preocupação. Um terrível receio de deixa-la ir embora sozinha.


- Em qual rua você fica? Quer companhia?
- Não. – Ela respondeu secamente.
- Não estou querendo fazer nada não... digo... nada de errado... só ir com você e pronto... – Me expliquei, tentando parecer um pouco ofendido.
- Te vejo amanhã? – Ela perguntou. Mas antes de eu conseguir responder ela se foi.

Não consegui disfarçar e sorri. Mas desta vez sorri de verdade. Sentia como se fosse a coisa mais importante do mundo, vê-la novamente.

Como se eu tivesse ganhado um prêmio só pelo fato de existir. E definitivamente eu não sou um cara que acredita na sorte. Acredito que um homem – após uma grande sequência de eventos ruins – ele não necessariamente se torna um ser triste. Mas pode tornar-se apático e insensível. E apegado a coisas egoístas e materiais. De repente eu cheguei numa idade em que eu não acreditava em acontecimentos maravilhosos, ou pessoas maravilhosas, relações maravilhosas... dias inesquecíveis. Eu simplesmente não prestava atenção em nada nisso. Se eu conseguisse ouvir o Little Richard, e os Rolling Stones, vez ou outra, durante o dia... se eu conseguisse ver um bom filme de terror e dormisse com olhos exaustos após uma longa leitura, com certeza eu estaria muito satisfeito com minha vida. Nada de amores, passeios radicais, lugares exóticos, drogas, adrenalina... nada disso.

Mas ao ver Kim Boggs indo embora pela passarela que levava a praia, meu coração estava disparado e eu quase vomitei. E ao mesmo tempo não parava de sorrir. Eu sorria e em minha cabeça a pergunta ecoava... “Te vejo amanhã? ”.


IV

No dia seguinte eu estava lá, no mesmo lugar... com um livro em mãos. E no radinho tocava uma música do Bon Jovi, chamada “Always”... uma música que diz assim: "E eu vou te amar, querida. Sempre. E estarei aqui, para sempre e mais um dia...”.

Aquela letra, que naquele momento parecia ser feita para mim, me deixou mais inquieto do que contente.

“Você nem conhece ela. ” Eu dizia para mim mesmo... – “... e já está pensando em amor... AFF. MAS. Ela não vem... deixa pra lá. Deixa... deixa pra lá. ”.

E realmente ela não apareceu. E eu fiquei ali, olhando pro livro aberto... e as páginas ainda pareciam estar criptografadas.

Desinteressantes. Eu me sentia raivoso, triste, envergonhado. Eu tinha abaixado a guarda... depois de vários anos seguindo à risca o meu itinerário onde nada de maravilhoso acontecia, logo... nada trágico também. Uma existência protegida. Estável.

Mas eu não estava estável, muito menos me sentia protegido... eu estava muito pouco à ponto de começar a chorar. Bastava que o Bon Jovi cantasse um pouco mais... e eu estaria arruinado. Desliguei o rádio. Mas continuei olhando o livro, de pernas cruzadas, imóvel. Quem estivesse passando e me vendo - se ELA estivesse passando, dentro de um carro e me vendo... – Eu estaria exatamente do jeito que estava todos os dias.

Acabei me perdendo em pensamentos e quando me levantei do banco já eram nove horas. Acho que no fundo eu pensava que ela surgiria ao meu lado, do mesmo jeito esquisito que surgiu antes. Contando alguma história sobre o porquê de ter se atrasado.

Olhei em volta e estava quase vazio. Não haviam mais crianças nas gangorras sendo empurradas por suas babás. Nem mesmo os casais que trocavam beijos estalados, irritando as velhas senhoras católicas que passavam. Apenas lá do outro lado, aquele cara de topete que toca músicas do Elvis. Ele era a minha pessoa favorita da praça. Ele não tentava falar comigo, como os outros. Ele era muito parecido comigo na verdade... perdido em si mesmo. Consumindo seus vícios ali sem se preocupar com as outras pessoas. A diferença é que eu curtia literatura e ele rock. Eu gostava muito dele.

Levantei e fui andando devagar, quase me arrastando. Quando passei pelo cara do topete, algo muito estranho aconteceu. Ele que normalmente não interrompia suas músicas por nada no mundo, parou subitamente de tocar quando passei. Assustado parei e o encarei. Ele então fez um breve aceno com a cabeça, cuspindo um palito de dentes que estava mastigando no chão. Deu um breve sorriso e voltou a tocar. Eu sorri de volta e continuei o meu andar pesado.

O seu aceno parecia dizer “não é teu dia, hein? ”, “melhoras pra você! ”. E realmente eu sabia que no dia seguinte estaria em paz novamente. Uma coisa sobre quem já sofreu demais na vida: a gente não fica muito tempo se lamentando com infortúnios. Estamos mais aptos à possíveis infelicidades do que pessoas muito alegres e sonhadoras. Quando algo de ruim acontece, a gente aceita e pronto. E qualquer coisa que você não tenha medo de abraçar... você também não terá tanto medo de largar também. Quando algo de ruim acontece com um cara que está sempre feliz da vida, ele não suporta... não sabe como lidar e acaba se matando.

E então ganhei a rua - que estava muito escura - com apenas dois postes acesos, e continuei andando devagar e cabisbaixo. Não estava nem pensando nela. Na verdade, estava muito distraído com as faixas amarelas do asfalto e com uma música do Little Richard chamada “Send Me Some Lovin’”... que tocava em minha mente. Eu não consigo me lembrar direito, mas acho que estava sorrindo e cantarolando. Foi quando senti de novo aquela sensação de que precisava suspender a cabeça e ver o que estava adiante. E lá estava ela... Kim... Bogss... sentada no meio fio em frente à minha casa.

Por alguns segundos pensei realmente que estava alucinando. Parei de andar por alguns segundos olhando pra ela e esfreguei os olhos bestamente. Ela tinha o olhar perdido, olhava para as estrelas. Eu não tinha reparado o quanto o céu tinha estrelas naquela noite até então. De repente ela se virou e me viu. Mas não sorriu... apesar de tamanha beleza, ela agia como se não soubesse sorrir... na verdade, ela tinha um jeito de quem não entendia muitas coisas óbvias. Como se realmente tivesse nascido há poucos dias. Ela deu um aceno e eu acenei de volta.

Quando cheguei perto ela se levantou e novamente me abraçou e me beijou... mas beijou a minha boca. Como se fosse natural. Como se ela beijasse todas as pessoas na boca. Não foi um beijo sensual. Foi apenas um beijo. Eu sorri. De repente eu me senti incrivelmente feliz.

Mas uma coisa me estranhou... algo que eu não tinha notado na noite anterior. Ela parecia não ter cheiro algum. Não havia perfume, não havia nenhum odor. Era como encostar o rosto num isopor.


- Como você achou minha casa?
- Não sei... acho que porquê... eu gosto de você.... Eu não conheço mais ninguém.
Mais uma vez cocei a cabeça. Ela parecia aflita e envergonhada.

- Você diz umas coisas... estran... VOCÊ ESTÁ PERDIDA?
- Você fez essa brincadeira ontem...
- Desta vez eu realmente quero saber.


Ela olhou em volta, como se precisasse ter absoluta certeza de que estávamos a sós antes de falar qualquer coisa.

- Eu... eu sou... bem, olha... eu estou morta. Você nem percebeu...

Estremeci. Dei alguns passos para trás. Kim me olhou com tristeza. E então eu respirei fundo e novamente voltei até perto ela, segurei as suas mãos.

- Eu sou um cadáver... ou algo assim... – ela disse. – Não me lembro de muitas coisas... de antes. Eu estou presa.
- Como você está aqui?! Você é um espírito?
- Meu espírito não consegue deixar este cadáver morrer e ir embora... não sei para aonde... para onde espíritos vão..., mas... e então... vi você. E meu avô, também gosta muito de você.


De repente as coisas começavam a fazer o mínimo de sentido.

- Seu avô... é o cara do topete?! QUE TOCA ELVIS?
- Sim. Ele mesmo.
– Ela esticou a mão sobre o meu rosto. Mãos frias, porém macias. – Eu senti meus músculos ficarem fracos.
- Eu acho... eu acho... que amo você. – Sussurrei. E de repente comecei a chorar involuntariamente.

Ela continuou acariciando meu rosto, pegou minha mão e levou ao rosto dela, fazendo com que eu a acariciasse também.


- Ele também não consegue deixar o corpo, o meu avô. Está aqui há muito tempo. Eu o encontrei aqui quando acordei... aqui na praia.
- De que você morreu?
- Acho que morri afogada..., mas isso não importa. O fato é que me sinto muito próxima a você. Acho que te amo, talvez. Você me faz sentir... uma vontade.
- Vontade de quê?


Ela então me abraçou com força e ficamos ali, colados um no outro. Mais uma vez fiquei à ponto de chorar.

- ... vontade... de continuar.

Nos demos as mãos e caminhamos em direção à praia.

- Eu não quero duvidar de você, mas... você pode amar, sem sentir? Assim com o corpo morto? – Perguntei enquanto caminhávamos pela areia.
- O amor não está no corpo. O verdadeiro amor nunca estará preso num corpo.

Caminhamos por um longo tempo, conversando. Kim não conseguia se lembrar de quase nada antes de seu afogamento. Então eu contei alguns acontecimentos importantes de minha vida, de modo a não fazer o tipo sofrido e desacreditado. Ela parecia querer saber de tudo. Sempre dizia coisas como “Conte mais! ” Ou “continue! ” E eu seguida falando. Até que em poucos metros a nossa frente estava o seu avô, parado nos olhando. Era um rapaz muito bonito. Tinha os olhos verdes, cabelos negros com gel, sobrancelhas grossas e extremamente negras. E se vestia como um roqueiro dos anos 50. Segurava seu violão e me encarava sorrindo. O seu sorriso me deu arrepios.

- Trouxe ele. – Disse Kim.

De repente me senti confuso e encurralado.


- Você é o que único que nos vê, cara. E parece ser um cara bem interessante. A minha neta gosta de você. – Ele disse, com agressividade na voz. – E sabe como é. TODO MUNDO PRECISA DE COMPANHIA.

Repentinamente Kim se agarrou a mim. E gritando implorou.


- FIQUE COMIGO! TODOS OS DIAS, TODAS AS NOITES!
- O que vocês querem?! O QUE QUEREM DE MIM? Me soltem, por favor!!

De repente o abraço de Kim se tornou forte como o de um urso. Eu tentava me debater como um animal que finalmente percebe que está sendo posto numa jaula.

- EI, CARA! Você disse que a amava! EU OUVI. Ele não disse, baby?
- DISSE SIM, VOVÔ! Ele disse!
- Eu AMO, mas...!


E então eles foram me conduzindo até o mar. Kim segurava o meu tronco e minha cabeça enquanto o seu avô segurava as minhas pernas. A força deles era incrível. E o pior é que em momento algum me veio à cabeça a ideia de gritar por ajuda. O amor que eu sentia por aquele cadávere conflitava com o medo que eu sentia.

Segundos depois a água gelada e salgada tomou conta de mim dilacerando minha garganta e pulmões. Foi uma morte lenta e dolorosa.


V

De repente abri os olhos e estava deitado, com a cabeça no colo de Kim. Estávamos de novo na pracinha. Ela acariciou meu cabelo e beijou minha testa.

- Boa noite, amor... seja bem-vindo à sua... nova vida.

Me sentei ainda atordoado. Percebi que tudo estava em seu devido lugar, porém não sentia frio ou calor, não estava respirando. Não podia sentir meu coração bater.

Kim me abraçou e me beijou.


- Eu te amo... – Ela disse. – Desculpe por tudo..., mas... eu realmente te amo, de verdade.

- Eu te perdoo. E te amo... queria continuar te contando coisas, mas não estou conseguindo me lembrar de nada agora...

Ela deu uma risada tímida. Finalmente.

Não sei que horas eram, mas a praça estava vazia. E lá ao longe o rapaz do topete tocava uma música do Elvis chamada “Love Me Tender”. E eu pude sentir várias coisas, emoção, felicidade, tristeza, TUDO. Mas de uma forma mais intensa. Tão intensa que a carapaça de carne que me envolvia não conseguia processar e minha face permanecia imóvel.

Era a minha alma... sentindo todo aquele prazer.