A estudante de branco
Não costumo escrever contos, também não sou do tipo que acredita em lendas urbanas, não gosto nada de mentiras, mas quando vi o titulo do livro “A mulher de branco e outras mentiras verdadeiras”, lembrei-me de uma situação que meu pai contou. Não resisti! Deixei de ser escritora apenas de artigos científicos e poesias para contar este conto que se passou com meu pai, hoje ele tem oitenta anos e ainda se lembra do ocorrido. Portanto, este conto é dele, porém, não autorizou a divulgação de seu nome porque ninguém acredita nesta sua experiência e ele não quer ser chamado de Adão Mentira. Ops!!
Foi há mais ou menos quarenta anos, depois do trabalho, uma passadinha no boteco, o assunto da noite era a tal estudante de branco que aparecia por ali, mas o problema não é por que ela aparecia nas redondezas e sim por que ela desaparecia.
Muitos diziam ter visto, mas ninguém conseguia chegar bem perto porque ela desaparecia e reaparecia adiante. Naquele dia, depois da saideira, cheio de coragem, disse ele:
-Hoje vou ver essa tal mulher! Não tenho medo! Eu chego perto, vou até conversar com ela, e lá se foi ele a pé...
Quase meia-noite, ao chegar à proximidade da esquina da escola lá vinha ela, cabelos negros e longos, caderno na mão, passos rápidos...
- Boa noite! Disse ele, mas ela não respondeu.
Ao chegar mais perto, viu que ela não tinha rosto e a mesma desapareceu, cerca de cinco metros a sua frente. Confuso, tentando descobrir como ela desapareceu, se realmente tinha visto aquilo ou se tinha bebido demais, olhou para trás e lá ia ela, a uns oito metros de distância. Nessa hora, nem as pernas tremendo e o corpo arrepiado impediu a disparada corrida para casa. Sem olhar para trás.
Conto publicado no livro "A mulher de branco e ..." - Edição Especial - Outubro de 2015