Encontro com o Henrique
Chico acordou sem a mínima vontade de sair daquela cama, até pensou em não ir à aula aquele dia, ainda podia faltar mais duas vezes, e o semestre estava quase acabando. No entanto foi só se virar para dormir de novo e veio uma voz na sua cabeça, como o inicio de um sonho. A voz dizia: Você tem que encontrar o Henrique.
O jovem abriu novamente os olhos, abalado com aquela misteriosa voz. No entanto não entendia a sua mensagem, já que não conhecia nenhum Henrique. O jeito era virar para o outro lado e retomar o sono. Mas então voltou a voz, dessa vez mais enfática: Você tem que encontrar com o Henrique!
Mas que palhaçada era aquela!? Será que não ia conseguir dormir? Até pensou em tentar fechar os olhos mais uma vez, mas já previa a voz falando com ele. O jeito era ir para a faculdade então. Tomou banho para acordar, tomou o café da manhã, e foi pegar o carro, já esquecido da misteriosa voz.
Enquanto dirigia para a faculdade pensava em como a sua vida tinha mudado nos últimos cinco anos, mudara até de cidade para cursar a faculdade de direito, agora estava quase se formando, como a faculdade que cursava era pública, os pais tinham dinheiro para manter um apartamento, não muito grande, mas confortável, na cidade e deram um carro.
E assim, o garoto foi passando esses cinco anos, cursando uma faculdade que ele não tinha certeza se era o que realmente queria, mas também sem querer sair. Afinal, sair para fazer o que? Ia da faculdade para o estágio, do qual não gostava, e de lá para casa.
Estava frustrado com a vida que levava. Sentia-se velho aos 23 anos. Não era assim que imaginava que seria sua vida quando chegasse nessa idade quando era adolescente. Pensando nessas questões começou a afundar o pé no acelerador, e nem viu quando passou no sinal vermelho. Outro carro avançou rápido demais, batendo no carro de Chico.
Qualé, filho da puta! Não presta cuidado no transito!? Berrou o ocupante do outro veículo, saindo de seu carro.
Chico, também saiu irritado, e prestes a sair na mão com o outro motorista. Quando esse, visivelmente alterado, sacou um revolver que vinha escondido na cintura e executou Chico com três tiros.
O motorista entrou no carro e fugiu do local deixando o cadáver de Chico abandonado no asfalto quente. No entanto o dono da padaria daquela rua conseguiu anotar aplaca do carro, e a policia localizou o assassino. No dia seguinte um jornal sensacionalista da cidade noticiava o assassinato de um estudante de direito, por um jovem ligado ao tráfico conhecido como Henrique.