Bestial
Os corvos empoleirados na quaresmeira ,aguardavam há cinco
dias o momento do festim. Estavam ansiosos e vez por outra um deles descia ao solo e era espantado pela criatura estranha que embalava o corpo sem vida. O dia nascia, a noite caia e nada mudava naquela parte do bosque. Exceto pela quantidade de aves de rapina que aumentava consideravelmente, e pelas moscas varejeira que se multiplicavam atraídas pelo corpo em decomposição. O que jazia no chão pouco lembrava um ser humano. Os olhos haviam sido perfurados e a boca escancarada em um sorriso grotesco,mostrava o interior com a língua arrancada. As orelhas foram decepadas e a cabeça calva mostrava parte de massa encefálica. O rosto inchado e azulado contrastava com o restante do corpo de uma palidez terrível.
De vez enquanto um grito de desespero quebrava o silêncio, mas logo a paz retornava. A mulher então pegava a faca afiada e continuava a mutilar aquele que até algum tempo atrás fôra seu amado marido.