FORÇAS DO MAL - DTRL 29
SÃO PAULO – CAPITAL
DIA ANTERIOR
Seus lábios estavam contraídos, esfregava as mãos, o olhar escrutinando cada ponto da imensa sala de estar como alguém se afogando e que busca desesperadamente algo em que se agarrar. Não falou durante alguns minutos. Parecia não ser capaz. De repente, explodiu:
– Eu não acredito no que vocês fizeram desta vez! Não passam de garotos mimados que acham que podem fazer o que bem entenderem.
– Não foi nossa culpa, aquela professora...
– Cala esta boca! Claro que foi culpa de vocês, nada justifica esta atitude... nada! Desta vez vocês vão assumir a responsabilidade pelos seus atos, eu não vou fazer nada para ajudar, pelo contrário.
– Calma, Paulo – são nossos filhos – eles ainda tem muito o que aprender sobre a vida, mas, se eles não puderem contar conosco nos momentos difíceis, quem mais irá ajuda-los?
O homem suspirou, não um suspiro qualquer, mas daqueles que a gente dá quando tem que fazer algo que nos deixa muito contrariados. Depois de alguns minutos em silêncio, falou olhando para os dois jovens de 17 e 15 anos:
– Ok, mas vocês precisam de uma lição. Já faz algum tempo que venho pensando nisso e agora foi a gota d´agua, amanhã mesmo vou manda-los para um internato na Argentina.
– Pai, você não pode estar falando sério – disse Marcos, o mais velho dos irmãos.
– Seu pai tem razão, vocês precisam de disciplina e estou de acordo com ele, é para o seu próprio bem.
Téo, o mais novo, não segurou as lágrimas ao ouvir a mãe. Marcos, apenas balançou a cabeça contrariado, mas de certa forma resignado.
– Conversa encerrada! Vou mandar os pilotos prepararem o avião, deixem suas coisas arrumadas, vocês partem amanhã pela manhã e tenham certeza que só voltarão para esta casa quando estiverem prontos para honrar o nome desta família.
Você deve estar pensando que este é um jeito meio estranho de resolver conflitos com os filhos, mas não se esqueça que pessoas muito ricas, com acesso a recursos praticamente ilimitados tem formas bem peculiares de tratarem seus problemas familiares. E dinheiro, poder e influência, definitivamente era algo que não faltava a este homem, empresário paulistano, com uma das maiores fortunas do Brasil.
*****
A tarde estava ensolarada, era um voo tranquilo, dentro do pequeno jato da família haviam 6 pessoas: o piloto, o copiloto, uma aeromoça, Jorge – um homem enorme na faixa dos 35 anos que era uma mistura de segurança com faz tudo – e os dois garotos, Marcos e Téo.
– Eu disse que aquela professora ia ferrar com a gente – resmungou Téo – mas você se acha o cara mais esperto do mundo! Agora vamos ter que morar na Argentina, não conheço ninguém lá, nem portunhol a gente fala.
– Engraçado, quando as coisas deram certo eu era o cara! Não é questão de me achar esperto, merdas acontecem. Não vamos ficar nos lamentando – respondeu Marcos.
– Vou sentir saudades da mamãe! Do pai, não. Mas, da mamãe, com certeza.
– Pois eu não, deixou de ser minha mãe quando nos mandou embora.
– Não nos mandaram embora, e sim para um colégio interno.
– Porra, Téo! Um colégio interno castelhano na puta que o pariu? Pra mim dá no mesmo. Só o pai mesmo para nos obrigar a fazer uma merda destas, não está nem aí pra nós, só se preocupa com o nome da família. Que tipo de pai faz isso? Nem maior de idade a gente é ainda...
“BOA TARDE A TODOS, ESTAMOS NOS APROXIMANDO DE PORTO ALEGRE, ONDE FAREMOS UMA PEQUENA PARADA. TRIPULAÇÃO: PREPARAR PARA O POUSO”
“ – RAPAZ, ESTOU COM UMA RESSACA DAQUELAS”
“ – É O QUE DÁ, POR ISSO QUE NÃO TENHO AMANTE”
– Jorge, vai lá na cabine e avisa que esqueceram o microfone ligado novamente. Não estou com saco de ficar ouvindo eles falando bobagens – disse o garoto mais velho para o “segurança-faz-tudo”.
– Ok, vou agora mesmo, Marcos – disse Jorge enquanto levantava-se.
“ – O QUE É AQUILO ALI NA FRENTE, NUVEM MEIO ESTRANHA”
“ – MELHOR DESVIAR “
“ – NÃO TEM COMO, É ENORME! PARECE QUE ESTA TOMANDO CONTA DE TODO O HORIZONTE”
O jato entrou na nuvem, na verdade, foi a enorme massa gélida que absorveu o avião por completo como um abraço gigantesco. Rajadas de vento atingiam o avião por todos os lados. Um frio intenso invadiu a cabine, mas um suor escorreu pela testa do piloto quando olhou novamente para o altímetro, estavam perdendo sustentação. Desejava desesperadamente que não acontecesse, se pegou rezando em pensamento.
– De onde saiu isto? De onde saiu isto? – gritou o piloto em desespero.
– Você esta perdendo o controle do avião, vai nos matar a todos – Álvaro murmurou entre os dentes cerrados, tinha experiência suficiente como copiloto para saber a gravidade da situação.
Lá fora, a nevasca imperava absoluta. Os motores do Learjet 60 rugiam em agonia numa brava luta com o vento impiedoso e implacável, até que deram seu último suspiro.
– Vamos cair! Vamos cair! Vamos morrer, meu Deus, vamos morrer!!!
– gritou Álvaro – Ave Maria, cheia de graça...
– Vou tentar um pouso forçado – disse o Capitão Fraga com a respiração acelerada, agarrando o manche com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos. Os gritos dos passageiros e a reza de Álvaro nos seus ouvidos fazendo um irresistível convite para abandonar a razão e também se entregar ao desespero.
– ...O Senhor é convosco...
Liberou o combustível dos tanques.
– ...rogai por nós pecadores...
Conferiu a velocidade. Corrigiu como pode o grau de inclinação.
– ...agora e na hora... MEU DEUS! MEU DEUS! NÃO... NÃO... NÃO QUERO MORRER... NÃO... NÃO... NÃO...
*****
A força da colisão havia sido imensa, a parte traseira e as asas foram arrancadas na queda, mas, milagrosamente e graças a habilidade do piloto as estruturas da cabine e da fuselagem de alguma forma resistiram ao impacto na neve.
Alguns passageiros não tiveram a mesma sorte, havia sangue por toda parte, pedaços de corpos se confundindo com um emaranhado de assentos e todo tipo de objetos comprimidos. Fraga, o piloto, e Álvaro estavam vivos, machucados, mas vivos. Naquele mesmo momento, Marcos saía do meio dos destroços, seu rosto estava ensanguentado, mas seus ferimentos eram leves. Os três começaram a afastar os destroços, a medida que iam retirando as poltronas, encontraram Téo ileso. Um tubo de aço havia empalado a aeromoça e quando tentaram retirar, parte do seu intestino veio junto, provavelmente já estava morta. O ferimento de Jorge era o mais pavoroso, o músculo da sua panturrilha direita havia sido arrancado do osso e estava pendurado apenas pelo que parecia um tendão. Cuidaram dos feridos como puderam, improvisando ataduras e colocando o cadáver de Carla do lado de fora da fuselagem. Não tiveram tempo para mais nada, a noite estava chegando e tinham que se abrigar da melhor forma possível dentro da fuselagem, nada daquilo fazia sentido, o piloto disse que com certeza estavam nas proximidades de Porto Alegre, era verão, mas tudo que viam era gelo e desolação. O frio era insuportável. A medida que a noite chegou, a escuridão total e a temperatura abaixo de zero foi um prenúncio do suplício que tinham pela frente.
*****
Dia 1
Os sobreviventes padeceram naquela primeira noite, as horas foram intermináveis, mas finalmente a manhã chegou. A noite os abalara profundamente: dor, frio, choro, gritos e gemidos de agonia dos feridos.
– Fraga, o que está acontecendo? – perguntou Marcos.
– Não faço a menor ideia, nada disso faz sentido. Com esta nevasca, não conseguimos ver além de poucos metros, mas tenho certeza absoluta que estamos a poucos quilômetros de Porto Alegre, foi pura sorte termos caído neste descampado. A temperatura estava em 28 graus quando consultei, e isso foi a poucos momentos de entrarmos naquela nevasca.
– É o fim do mundo, é o Armagedon. Está na Bíblia que um dia o mundo ia acabar, é isto que está acontecendo – falou Álvaro nervoso metendo-se na conversa.
– Não acredito em Deus, para mim, deve haver uma explicação lógica. Algo a ver com o efeito estufa ou coisa do gênero – comentou Fraga.
– Foi Deus, Fraga. Foi Deus – e por causa de pecadores como você – disse Álvaro meio histérico.
Em silêncio, Fraga encarou Álvaro durante um momento como um animal decidindo se devia atacar a presa, acabou virando-se e se afastou.
Juntaram o pouco de comida que tinham encontrado, não era grande coisa: alguns biscoitos, chocolates e outros doces. Tinham que racionar o máximo que conseguissem até entenderem o que estava acontecendo.
*****
Dia 2
– Marcos, o que você acha que está acontecendo?
– Não sei, Téo. Sinceramente, não sei.
– Você acredita em Deus?
– Não.
– E no diabo?
– Também não. Por que está me perguntando isso?
– Estou com medo, Marcos. Quando o avião estava caindo, no meio da nevasca, eu acho que vi uma coisa...
– Que coisa? Como assim?
– Pela janela, tinha algo me observando. Parecia um homem, mas era algo diferente, uma coisa encapuzada, foi só por um segundo que eu vi, uma mistura de homem e bicho e estava me encarando e sorrindo.
¬– Deixe de bobagens, você está imaginando coisas. Temos que ser fortes, e descobrir um jeito de sair daqui.
– Tudo por causa daquela maldita professora, murmurou Téo inconformado.
*****
Dia 3
Era impossível sair da fuselagem, Fraga tinha tentado, não conseguiu dar mais do que poucos passos.
– Eu não sei o que é isso. Eu conheço neve, já estive nos Alpes, mas, isso aqui é diferente, parece que seu corpo literalmente congela, falta o ar, e meus olhos, tenho certeza que se ficasse mais alguns poucos minutos estaria cego agora.
– Mas, por que não congelamos aqui dentro também? – disse Marcos.
– Não sei, é extremamente frio, mas dá para sobreviver. Vamos ter que esperar e rezar para alguém vir em nosso socorro.
*****
Dia 4
A comida tinha acabado! Estavam famintos, feridos e congelando. As privações e as noites mal dormidas ouvindo Jorge agonizando estavam deixando muitos no limite entre a insanidade e o desespero. A perna dele com a carne podre e necrosada, o cheiro era insuportável e ninguém entendia como ainda estava vivo.
Quando o cérebro reconhece o começo da inanição, a razão dá lugar ao mais puro instinto de sobrevivência; famintos, pareciam cães de rua revirando diversas vezes o interior da fuselagem em busca de alguma migalha, farelos ou o que pudessem engolir. Alguns chupavam seus cintos de couro, outros mastigavam neve.
*****
Dia 5
Ainda tinham um pouco de água, mas teve que ser racionada desde o início porque não eram muitas garrafas e sabiam que sem ela estariam dependendo exclusivamente do processo de descongelar a neve e isso tinha se mostrado bem complicado.
– Marcos, tenho tido pesadelos horríveis. Aquela coisa quer me pegar, não só a mim, ele quer todos nós.
– É a fome e o estresse que estão fazendo você imaginar estas coisas, não se preocupe, eu sempre dou um jeito, não dou?
Ele não falou para o irmão, não queria que soubesse que não era o único que estava com aquele estranho sentimento de estarem sendo observados.
*****
Dia 6
– Vamos morrer de fome! Não há nada aqui além de alumínio, roupas, gelo e pedra – murmurou Fraga.
Mas é claro que havia comida naquela imensidão gelada. Havia carne, e ao alcance da mão. Uma fronteira estava prestes a ser cruzada, e depois dela não há volta.
Era quase noite, estavam deitados no interior da fuselagem. Álvaro pousou o olhar sobre a grotesca ferida na perna de Jorge, ela estava úmida e em carne viva no centro, uma crosta de sangue seco entre o osso e a parte necrosada. Ele não conseguia parar de olhar para aquela massa de carne, podia sentir o cheiro fraco de sangue no ar enquanto sua boca salivava e seu apetite aumentava. Ergueu a cabeça e viu que os outros também observavam o ferimento. O instinto falou mais alto e Álvaro avançou sobre a perna de Jorge como um animal selvagem, deu uma mordida com toda força bem no centro arrancando carne e um grito pavoroso dele. Por alguns segundos os outros não souberam como reagir, até que investiram contra Álvaro e o retiraram com dificuldade.
– Está louco? Não somos animais!!! – gritou Fraga.
– E o que você quer? Que eu morra de fome? – grunhiu Álvaro limpando o sangue do rosto com as costas da mão.
– Ele está certo! Temos que nos alimentar, mas deixe Jorge em paz – respondeu Marcos indo para a abertura da fuselagem com um caco de vidro na mão.
Quando voltou, trouxe pequenos pedaços de carne nas mãos. Ninguém falou nada, não precisava, todos sabiam que eram de Carla, a aeromoça que havia morrido na queda.
*****
Dia 7
As noites eram a pior parte, uma mistura de sono, cansaço, frio e torpor. E nesta em particular seu pesadelo foi ainda mais desesperador, uma mão semi-humana, escura, apodrecida, com pelos grossos e unhas afiadas esgueirava-se como uma cobra pela escuridão. O sonho era sempre cruelmente vagaroso. Havia tempo de ver e sentir tudo. O que mais lhe angustiava era que não conseguia ver de onde aquela garra vinha, a vislumbrava por flashes, mais sentia do que via. Mas de alguma forma, sabia que estava ali.
Naquela manhã, todos estavam ainda mais calados, sentados próximos uns aos outros acomodados como podiam dentro do que restara no Lear Jet. Téo contou o sonho para os outros, que apenas se olharam, depois de alguns minutos em silêncio, Jorge falou:
– Conte para ele, Marcos – não dá mais para esconder, tem algo ainda mais sombrio e inexplicável acontecendo aqui. Conte você ou conto eu.
Marcos deu um suspiro e acenou com a cabeça antes de falar – Téo, todos estamos tendo os mesmos pesadelos que você. É verdade, todos temos a sensação que algo muito maligno está nos espreitando, queríamos proteger você, mas não tem mais sentido lhe esconder isso. Você tem que ser forte para tentarmos lutar contra isso.
Téo ficou sem reação por um momento, com seus olhos observando que todos estavam com as mãos nos bolsos dos casacos por causa do frio. – Vocês podem me mostrar suas mãos?
– Que bobagem, viram o que eu tinha falado? Agora o garoto vai nos deixar mais paranoicos ainda – disse Fraga.
– Está com medo de alguma coisa, Fraga? Qual o problema de mostrarmos as mãos? Não sei explicar, mas acho que faz sentido o que o garoto pediu – argumentou Álvaro.
– Concordo, disse Marcos – que apesar da pouca idade, tinha personalidade forte e claramente estava alternando com Fraga a liderança do grupo – quando eu disser 3 todos mostraremos as mãos.
1... 2... 3...
Mostraram as mãos ao mesmo tempo, todos, com exceção de Álvaro que parecia realmente surpreso por não conseguir retirar de imediato a mão direita de dentro do casaco.
– Calma, pessoal. Acho que trancou no bolso.
Foi ficando nervoso ao tentar mover o braço, aplicando uma força desproporcional enquanto os demais instintivamente buscavam alguns objetos para se defender. Num impulso mais forte, conseguiu se desvencilhar. A mão dos pesadelos estava ali, podre, asquerosa e peluda com aquelas unhas afiadas mexendo-se como uma serpente, contorcendo-se, pronta para dar o bote.
– Tirem isso de mim! Tirem isso de mim! – Gritava Álvaro em desespero insano.
A coisa tinha vida própria, transformando-se numa aberração na frente de todos numa velocidade impressionante, o braço foi criando escamas, não era mais um membro, e sim o tronco de uma cobra com a garra na extremidade ao invés da cabeça. O mais pavoroso era que seu comprimento ficava cava vez maior.
A aberração deu um bote visando a garganta de Téo, por pura sorte ou instinto de seus vários anos trabalhando como segurança, Jorge conseguiu agarrar a criatura antes que atingisse o garoto. Jorge era um homem imenso e muito forte, mas aquilo não era humano, enrolou-se no seu braço exercendo uma pressão mortal enquanto as unhas aproximavam-se cada vez mais do seu rosto. Tudo ocorreu num átimo de tempo, Marcos correu até Álvaro – que continuava gritando desesperado – pelos cabelos, puxou sua cabeça para trás e num golpe só cortou sua garganta com um grande pedaço de vidro que tinha nas mãos. Ao último espasmo de vida de Álvaro, a coisa caiu ao chão, ficou imóvel por alguns momentos e gradativamente foi transmutando-se novamente no braço do hospedeiro, como se tudo aquilo não tivesse passado de um pesadelo.
*****
Dia 8
Não falaram sobre o que tinha ocorrido, haviam apenas arrastado o
corpo de Álvaro para fora. O ferimento de Jorge tinha piorado ainda mais – como se isso fosse possível – até mesmo o osso estava escurecido, denunciando o estado de decomposição que sua perna encontrava-se. O esforço do dia anterior tinha cobrado seu preço, ele mal se mexia e piorou muito. À noite, novamente, todos haviam tido o mesmo sonho. A sensação de algo muito antigo e maligno rondando a fuselagem, uma besta nefasta, que parecia se divertir ao não se mostrar abertamente. Ainda estava forte na mente de todos o barulho que ouviram por toda a noite: Créc! Créc! Créc!
*****
Último dia
Logo que abriu os olhos, Téo não sabia ao certo se estava dormindo ou acordado. Era o barulho novamente: Créc! Créc! Créc! Esta noite estava diferente, apesar do frio, a nevasca tinha passado, a lua iluminando de forma tênue o ambiente. Vislumbrou um enorme vulto que movimentava-se pelo interior da fuselagem com uma elegância sinistra. Créc! Créc! Créc! Era o barulho que aquilo fazia ao se movimentar. Ficou em pânico, na penumbra, silenciosamente cutucou as pernas de Fraga e seu irmão, não se mexiam. Estavam dormindo?
Ou ele próprio estava dentro de um pesadelo?
A coisa começou a vir em sua direção. Créc! Créc! Créc! Era Jorge, agora entendia a origem do barulho, era o osso fissurado de sua perna descarnada rangendo ao caminhar.
Viu que ele carregava algo em cada uma das mãos. Tentou gritar quando identificou as cabeças de Fraga e seu irmão Marcos. Estava sozinho, não sabia se era um pesadelo, mas o desespero era real.
Chorando, o menino ainda encontrou forças para perguntar:
– Você é o diabo?
– Algo do gênero – respondeu a coisa com um sorriso macabro – Você sabe porque estou aqui?
– Sim – limitou-se a responder o pequeno Téo.
EPÍLOGO
SÃO PAULO
– Eu não sei onde o mundo vai parar – comentou o delegado Peres – olhando os corpos esquartejados do casal, com suas partes grotescamente espalhadas por todo o quarto.
– Com certeza o mesmo modus operandi, daquela professora que encontramos o corpo há poucos dias – disse o investigador – com certeza foram pelo menos dois assassinos em ambos os casos.
– E os filhos do casal?
– Morreram no acidente com o jato da família.
– Que tragédia! Coitados, pelo menos os garotos não sofreram. Deve ter sido uma morte rápida.
FIM
TEMA: CRIATURAS DO INFERNO