(Sem Nome) feito por um amigo meu, Jairo - Parte 1 - Vampiros
-Saudações meu filho querido.
Permita-me que eu me apresente, sim?
Meu nome é Adriano, sim...Adriano de Antares, o Coração do Escorpião...
Sou descendente de nobres condes portugueses...
Mas isso já não interessa neste momento, o que interessa é o porque de estar aqui...
Luto contra feras bestiais, que, alguns humanos.-Seu olhar pousou frio em meus olhos, como se escondesse algo de mim.- Se acostumaram a chamar de lobisomens...
Mas, particularmente, eu, e os de minha raça, os chamamos de licantropos.
Sim, licantropos, pois são vitimas de uma rara doença...Ou sejam lá quais forem seus nomes.
A chamam de licantropia...
Essa na verdade, é a explicação que os mortais dão a esse fenômeno.-Há há...Doença.Essa é boa...Mas enfim...
Nós sabemos a sua verdadeira historia, sim, digo nós, pois não sou o único a combater estas criaturas...
Minha família e meu Clã combatem esses seres a mais de 300 anos...
Em sangrentas guerras que perduram há séculos, onde muitos irmãos já sucumbiram.-E seu olhar pousou frio sobre o corpo estirado no chão, molhado pela chuva.Seus lábios mostraram um esboço, do que parecia ser um sorriso.-Foste escolhido...
-Vamos levanta-te! Sei que ainda estás fraco, mas é por pouco tempo, até teu novo corpo, agora imortal, se acostume a tua nova condição.
Você deve estar se perguntando por que eu estou lhe dizendo isso não é?
Tua mente deve estar confusa e obscura não é mesmo?
Não te preocupes, todos começaram assim, inclusive eu, teu criador...
Pois agora tu és minha cria, meu filho, meu servo, e eu te sou um protetor, um pai amoroso, aquele que vai te ensinar a caminhar pela noite eterna, que irá ensinar-te a viver nessa tranqüila escuridão, nessa sem amores, pois agora, eu sou tua família, e tu pertences a mim.
-Soa poético não?
-...
Sois muito calado meu filho...Aquieta teu coração, agora imortal, pois tua antiga condição já se fora, e agora sois eterno, assim como a noite e as estrelas que salpicam o céu negro.
-Venha, levanta-te, caminhe comigo nesse mundo de dor, e verás coisas que teu coração jamais sonhara. Apresentar-te-ei a tua nova família, levar-te-ei ao teu novo lar, o Clã Coração do Escorpião.
****
Chove lá fora
Uma chuva que não caía há muito tempo
Dessas para lavar a alma...
Alma?
Se ao menos eu tivesse uma...
Eu poderia ter o que amar
Poderia ser você,
Que esta lendo essas frases sem sentido
Não quero que me entendas...
Somente que sintas meu choro
Que sintas a dor de meu coração
Morto
Não escolhi esta não-vida
Mas a escolheram por mim
Numa noite como essa...
Com uma chuva semelhante
Permiti que o destino escolhesse por mim
E esse foi meu presente
Uma não-vida
Uma não-morte
****
Um imenso castelo se ergueu imponente diante de meus olhos.
Nunca imaginara que no meio daquele bosque pudesse haver algo tão belo e assustador como aquele castelo, que se erguia forte, como um verdadeiro senhor feudal diante de meros escravos.
-Vês? Este é teu novo lar.
Fora o que aquele estranho homem me falara, um homem não muito alto de pele alva e cabelos escuros.
Chovia muito naquela noite, o céu, negro, se revestia do mais puro ódio, e despejava sua ira em forma de chuva.Em forma de tempestade.
Minha mente estava confusa, como eu havia ido parar ali? E por que aquele estranho homem sorria pra mim?
Tomando coragem então, resolvi perguntar.
-Que lugar é esse? Quem é você? Como eu vim parar aqui?
E com doçura na voz, e ainda sorrindo para mim ele me respondeu dizendo:
-És meu filho agora.
Explosões aconteceram em minha mente! Não sabia o que estava acontecendo, e como num passe de mágica comecei a ter uma visão. Comecei a me lembrar do que havia acontecido...
Estava no trabalho.Havia saído mais tarde. Começara a chover. Comecei a correr para me proteger da chuva. Tentei pegar um atalho. Precisava chegar em casa. Minha mãe estava me esperando. Aniversário. Mas de quem? Dela? Talvez...Gargalhadas. Medo.
Um homem bem vestido. Um sorriso doentio. Medo. Um potente soco em meu rosto. Dor. Choro. A imagem da minha mãe brigado comigo pelo meu atraso. Um chute no estomago. Medo. Desespero. Outro soco no rosto. Choro. Meu Deus. Rezou uma Ave-Maria. Outro soco. Dor. Uma costela quebrada provavelmente. Ave Maria cheia de graça. Um potente chute no estomago. O Senhor é convosco. Uma gargalhada doentia. Bendita sois vós entre as mulheres.Uma dor latente. Mordida. Mordida no pescoço.
Dor. Choro.Inconsciência.
Ohh Deus...Eu havia me lembrado!
****
A minha alma
Que caminha solitária
Pelo manto negro noturno
À procura de uma negra alma
Com quem possa partilhar as dores
Nesta estrada árdua
Tropeço em pedras
E machuca os meus pés em constantes espinhos
Meu sangue jorra molhando o chão
E alimentando as rosas daquele lugar
Rosas estas que já beberam outros sangues
Sangues de inocentes, e melancólicas almas
Que procuravam a negra paz
Percorro o meu caminho
Dia após dia, noite após noite
Á procura da paz
Não sei se vou acha-la...
Mas esse é o meu destino
O qual eu percorro
Tentando apenas amenizar a dor
Essa que carrego desde o dia em que fui criado
(Marcela Ferreira)
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-Vamos filho, entre em vosso novo lar...
Aquele rosto sereno, alvo, e estranhamente sedutor me convencera a fazer o que me pedira.Sendo assim, obedeci, e adentrei aquelas magníficas portas de ébano.
O lugar era magnífico! Estatuetas de anjos e lindas armaduras reluzentes adornavam aquele triste e ao mesmo tempo belo salão.Uma escada de puro mármore se mostrava imponente, assim que adentramos naquele imenso saguão.Belíssimos quadros com imagens que se pareciam como que vivas, retratavam batalhas entre humanos que portavam espadas com cabos de ouro, alguns adornados de pedras, outros, o mais puro ouro polido, ao que parecia, e seres bestiais, como lobos que andavam de pé como os homens; adornavam também a pintura.
-Vês? Este é teu novo lar.
Olhei aquele homem, vi que seus olhos eram escuros, como dois pequeninos besouros; Porem a serenidade daquele olhar, às vezes se tornava perturbadora, como se uma estranha mágica habitasse naqueles olhos.Seu rosto era belo, e seus cabelos, compridos e negros como a noite, seu rosto transparecia um estranho ar sedutor, algo mágico, enigmático.
-Tenho que ir embora cara, minha família deve estar me esperando pra...Para alguma coisa que eu não me lembro...Mas não posso ficar mais tempo aqui.
Ele então me olhou, e seu olhar já não transparecia mais aquela serenidade inicial, era algo doentio, louco.
-Esqueça de tua antiga vida! És um de nós agora! E o que antes chamara de família, chamarás agora de comida! Agora vives do sangue para o sangue, da dor para a dor!
Calei-me neste instante.E minha mente trabalhava loucamente, afinal, tentava de todas as formas entender o que estava acontecendo comigo.E ele nada me disse, apenas olhou-me, e seu olhar era frio, distante, como se desde o inicio de sua existência, ele houvera me odiado.
No topo da escada, surgiu um outro homem, este usava roupas de couro, cuidadosamente bem feitas. Era um pouco mais alto do que aquele homem que se postava ao meu lado, e seus cabelos eram mais longos e claros, porem sua pele era de igual palidez. Em sua cintura estava uma espada, cuidadosamente embainhada, seu cabo, era feito do mais puro ouro polido, pois reluzia em contato com a luz das poucas velas que iluminavam o topo da escadaria.
-Adriano, que bom vê-lo de volta.
-Também fico feliz em vê-lo novamente Henrique.-Respondeu secamente.
Olhei para fora, a chuva caia com mais intensidade, com mais vigor, o dia seguinte prometia ser lindo, sem nenhuma nuvem no céu, e a Mãe Terra, agradecia pela chuva que a vinha reconfortar, que traria a força necessária para mais um período de dor.
Lembrou-se de sua mãe, hoje, ele não apareceria para o jantar.Seria para um jantar que ela o esperava?Talvez.Hoje ele não apareceria para o tal aniversario.Aniversário?De onde tirara a idéia de aniversário? Ela devia estar preocupada com sua demora. Pensou na sua irmãzinha perguntando a sua mãe onde ele estaria, afinal, ele sempre brincara com ela antes dela ir dormir.Pensou em Natalia, sua namorada, o que seriam dos dois agora?O que estava acontecendo com ele?Por que estava assim? Por que pensava dessa maneira?Oh Deus, tantos “por quês” apareciam em sua mente.
Juan encolheu-se num canto daquele magnífico salão, que se parecia com um sonho, de tamanha beleza, sempre gostara da arquitetura medieval; Aliás, aquilo na verdade, se parecia muito mais com um pesadelo, um pesadelo que ele queria acordar logo, e depois que acordasse, iria correndo para o quarto de sua mãe, dormir com ela, pedir colo a ela.
Pensando nisso, chorou, chorou imensamente, como se comungasse com o temporal que caía.
Neste instante outro trovão ribombou lá fora, mostrando a ira dos céus.Durante toda aquela noite choveria, pois, os céus estavam em ira e choravam, mais um humano havia sucumbido; onde estava a fé daquela raça favorecida por Deus?Mais um sem-alma estava neste plano, mais um a tormentar os filhos da Luz. Os céus choraram imensamente nesta noite, em forma de chuva, em forma de tempestade.
****
Estou aqui
Olhando para um céu de duvidas e incertezas
Esperando a chuva cair
O vento que sopra
Pode limpar a minha mente...
Lagrimas caem de meu rosto sofrido
Desejo algo melhor para um futuro distante
Os sinos já revelam a hora do fim
Do fim de meus anseios
Eu espero por longos dias de chuva...
2000 mil dias de chuva
Para limpar meu coração
2000 mil dias de chuva
Como um raio que cruza o céu
Estarei para sempre aqui
Esperando por você
Um céu se estende acima de nós
Prelúdio de um futuro nebuloso
Visões escuras
Como de um sonho escuro
Sem a esperança
Sem o sussurrar do vento
Mas como as águias
Renovam-se os nossos corações...
Estarei para sempre com você
Nos longos dias de chuva
Não te esqueças de mim
Pois jamais me esquecerei de ti
Espero-te nos dias de chuva...
****
A reunião havia começado a mais ou menos umas duas horas, e Rachel, estava muito nervosa.
Seu mestre havia entrado naquela sala e ainda não saíra, pensamentos negativos começaram a lhe povoar a mente, e a lhe turvar o coração.Uma reunião importante estava acontecendo naquele imponente salão; os grandes mestres de sua Ordem cabalística estavam em uma importante reunião, precisavam urgentemente escolher mais um Cavaleiro.
Rachel era uma bela jovem de aproximadamente 22 anos, de longos cabelos loiros encaracolados e olhos cor de mel, porem, jovem, pelos padrões da ordem que seguia.Apesar de jovem, Rachel era muito vivaz e aprendia rápido.Estava apta para ser mais um cavaleiro da Ordem, onde as mulheres eram poucas, e como cavaleiros, raríssimos.
As grandes portas de carvalho se abriram, e de lá saíram os lideres da Ordem, alguns com rostos sérios, outros contentes, e entre eles estava Miguel, seu amigo e mestre.
Miguel era um homem negro próximo dos 45 anos, sábio e muito ponderado em suas escolhas, ele a escolhera, pois a conhecia bem, sabia que ela tinha capacidade para ser uma grande cavaleira, senão a melhor da ordem.
Este caminhava contente ao seu encontro, ostentando seu belo sorriso nos lábios.
-Parabéns Rachel!-disse ele entre seu sorriso.-Foste indicada a mais nova cavaleira da Ordem.
-Ohh Miguel! Obrigada por me indicar.
-Não me agradeça, foste indicada porque tens capacidade, te mostrastes valorosa nos testes.-Te prepares para hoje à noite, será realizado o ritual de consagração, onde receberá vossa espada, tua arma contra o maligno.
-Tudo que sei, devo a ti Miguel.-Disse ela com algumas lágrimas marejando os olhos.
Miguel lhe dera um grande sorriso, e a abraçou.
-Me sois como uma filha.-Disse.
-E tu, me és como um pai, te agradeço por tudo, meu mestre.
Estavam num prédio, no centro de Londres, chovia muito naquela tarde, e um grande engarrafamento estava se formando. Pessoas corriam em meio à chuva, carros buzinavam freneticamente, os semáforos pareciam ensandecidos, e os motoristas, a beira de um ataque de nervos.
Em meio aquele caos, numa esquina, sem chamar a atenção de ninguém se erguia uma antiga construção, cinzenta, pálida, inofensiva, porém ali estava uma das mais importantes ferramentas de defesa da humanidade.
****
O telefone tocou.
-Alô?
-Oi Léo, aqui é a Marcela!
-Oi Má, como cê ta?
-To bem, meio mal...Você sabe né?
-Não...O que aconteceu?
-Eu te falei, o Willian...Eu terminei com ele, aliás, ele terminou comigo.
-Ah é...Verdade, você me falou mesmo.
-Mas então, tudo pronto pra hoje Leozito?
-Ah, nem sei...Tenho que fazer o trabalho lá da faculdade. E é para depois de amanhã.
-Ah Léo, desencana! Em pleno sábado, cê vai ficar fazendo trabalho pra facul?
-Ta bom, ta bom Marcela, eu saio com você hoje...Mas viu...Aonde vamos?
-Léo! Cê num sabe que dia é hoje?
-Não...Que dia é hoje?
-Léo! Hoje é aniversario do Juan! A mãe dele esta esperando a gente, ela vai fazer uma festa surpresa.
-Nossa! Verdade, hoje é aniversario dele, eu havia me esquecido!
-Pois é né?
-É.
-Bom, já já eu to passando ai na sua casa ok?
-Certo.
-Então ta, beijinhos, tchau.
-Beijos.
Passadas meia hora, um carro estacionou em frente ao pequeno prédio de quatro andares no bairro da Bela Vista.
Ouviu-se uma buzina.
Leonardo era um jovem de aproximadamente vinte anos e estava se arrumando quando a buzina do carro de sua amiga tocou, ele rapidamente vestiu sua jaqueta de couro, afinal fazia um pouco de frio naquela noite e chovia muito. Desceu as escadas do prédio e abriu a porta, e lá viu um Corsa sedam preto, o carro de sua amiga Marcela.
Ajeitou o casaco sobre a cabeça, afinal, não estava com a menor vontade de molhar seu cabelo; abriu a porta do prédio com certa violência, e saiu correndo em direção ao carro, que estava parado a poucos metros à frente.Ao se aproximar do carro, a porta deste se abriu, e de relance pode ver o rosto de sua amiga, rindo de sua situação.
-Demorou ô Cinderela!
-Há Há Há,como você é engraçada Marcela.
Os dois começaram a rir, mas logo em seguida parando, pois Marcela começara a falar:
-Léo, temos que ir logo, ta um transito desgraçado nessa cidade!
-O Pinheiros transbordou novamente?
-Lógico! Qual rio que não transborda nessa cidade maluca?
-É-disse concordando.
-O que você comprou pro Juan, Má?
-Um cd do Iron Maiden, que eu sei que ele ama.
-Ah, legal...Eu não tive tempo de comprar nada.
-Não pega nada Léozito, ele vai entender.
-Bom, há essa hora, o Juan deve estar saindo do trampo né?Bom...Se aquele chefe mala dele num segurou ele mais tempo.Nossa como pode?Obrigar a fazer hora extra bem no dia do aniversario?
-Ah, sei lá Léozito, meu chefe também é bem mala, cê sabe né?
-É...To ligado.
-Mas hoje em dia, a gente tem que agüentar né? Trampo num ta fácil não.
-Verdade.
****
O sol se deitou para que meu choro se levantasse
Nesta fria noite de outono
Onde as folhas caem mortas do topo das árvores
1095 noites se passaram desde aquela noite...
Eu desejo que ele volte, aquele tempo perdido,
Perdido entre meus crimes...
Eu fecho meus olhos, desejando que o tempo volte ao passado...
Se ao menos meu coração tivesse um lar...
1095 noites se passaram desde aquele momento
Esperei aqui
Então,adormeci...
-Dormi até que o sol mostrou seu esplendor novamente
...Irei ficar por aqui mesmo, já que não tenho mais lugar
O meu lar se tornou aqui, debaixo de alguma arvore, ou entre as pedras da cachoeira...
Eu preciso lutar por alguém,
Eu preciso amar alguém,
Novamente...
1095 dias se passaram...
O vento tocou em meus cabelos
E para mim, balbuciou seu lindo nome...
Ou fui eu quem quis escuta-lo?
Mas sei que,
Minha vida está em você,
Meu sorriso será por você,
Estarei a sua espera...
Eternamente.
****
Adriano havia dado ordem para que uma daquelas estranhas pessoas o levasse até seus novos aposentos.Com lagrimas marejando os olhos, fui sem protestar, só tinha em mente minha família, minha irmãzinha e minha mãe.O que fariam agora sem mim?Já que eu ajudava nas contas lá de casa?Meu pai morrera cerca de três anos atrás, e quando isso me ocorrera propus-me a ajudar o orçamento lá de casa.Afinal, meu pai sempre houvera nos sustentado, e desde sua trágica morte, cuja este não fora explicado, eu ajudava minha mãe em casa, trabalhando fora.Ficava imaginando, o que estariam pensando agora?Já que eu não chegava...Seqüestro?Talvez. O que Adriano me dissera? Que eles eram agora meu alimento? O que ele queria dizer?Que eu teria que mata-los agora? Por que?
Pensamentos obscuros lhe turvavam a mente e o coração, ele já não era mais o mesmo, algo dentro dele havia se modificado, ou melhor, estava se modificando.Desejava ardentemente que aquela chuva se esgotasse, e gostaria de que logo amanhecesse.Oh, como gostaria de ver mais uma vez a luz do sol e sentir seu toque quente...Sentir seu calor. Mas sabia que algo dentro dele mudava, algo morria...Secretamente, em silêncio...Algo dentro dele morria...Tudo seguindo da maneira como eles haviam planejado.
No mais completo silêncio.
****
Silêncio...
O mais profundo silêncio...
O silêncio que vem dos túmulos,
Que vem dor mortos
Numa perfeita sinfonia meu amigo,
Tudo se transforma no mais perfeito e belo silêncio
Mas para você, está tudo bem
Tudo segue conforme seu desejo
O seu querer obscuro...
Num quarto escuro
Em um canto escuro...
Assim como este,no qual estou preso em minha mente...
Silêncio...
O mais profundo silêncio...
Um grito de dor
Um grito de agonia, de solidão
Tudo seguindo como você deseja
No eterno silêncio
Um mortal silêncio,
O silêncio das nossas almas,
O silencio de meu choro.
Tudo se transforma nessa perfeita sinfonia
Orquestrada por seu desejo escuro
Tudo se torna...
O mais perfeito silêncio
****
Atravessávamos um belo corredor, seguido direto do saguão de entrada do imenso casarão.O corredor era adornado com belas armaduras medievais e alguns quadros peculiares.Os quadros tinhas gravuras estranhas...Havia homens com os braços erguidos sobre uma grande pedra, muito semelhantes a uma tábua se sacrifícios, e nesta se encontravam outras pessoas, com rostos que expressavam o mais puro horror, como se suas almas já estivessem ardendo nas chamas do inferno e seu corpo ainda estivesse em Gaia.
O sujeito parou bruscamente no final do corredor e abriu um alçapão.De lá uma escada descia para o subterrâneo da mansão.Ele desceu as escadas e eu o acompanhei, chegando ao nível inferior do lugar, diferentemente do andar superior, aquele lugar era feio, não havia luz alguma e mais se parecia com uma catacumba. Como que por um passe de mágica, tudo foi se clareando e aos poucos tudo me pareceu claro.Claro como o dia.
O rapaz que me guiava virou-se para mim e me encarou com um acerta expressão de desconfiança, ele assim como os outros, era belo.Tinha cabelos castanhos escuros, quase negros, porem eram curtos e sua pele era semelhante à pele de Henrique.Seus olhos eram escuros, semelhante aos de Adriano, e ele era alto, devia ter entre um metro e oitenta e cinco a um metro e noventa.-Ao contrario de mim, que era mais baixo.-Seu olhar havia mudado para comigo, como se num lance de alguns segundos ele perdera aquela desconfiança e passara a ter compaixão.Ele mediu-me, e começou a falar, e sua voz era doce e serena, como se houvesse mágica naquela voz, estranha e sedutora.
-Você é novo aqui não é?
-Sim.-Respondi.
-Eu também...Chamo-me Matheus...E você?
Doeu-me o coração ao me lembrar de meu nome.Por que? Trazia-me recordações, lembranças de minha vida, que eu sentia que estava perdendo.
-Me chamo Juan...
E nesta hora minha voz saiu como que por mágica, doce, serena e completamente melódica... Também magicamente sedutora.
-Vejo que seremos muito amigos Juan...Sei o que você esta sentindo e sinto o mesmo que você.Sou novo aqui, também te recrutaram essa semana?
-Hum...?Recrutar? Não estou entendendo isso...
Ele dera uma risadinha, dessas que damos quando debochamos de alguém, o seu olhar desconfiado voltara, e ele começara a falar.
-É uma longa historia amigo...Uma longa historia.
****
Um grande sino tocou, e todos naquela hora se calaram.O soar do sino, era o sinal de que aquele importante ritual acabara de começar.
Aproximadamente sessenta pessoas se reuniam naquele imponente salão.Os iniciados e seus mestres, e também os grandes mestres da Ordem se reuniam ali.Aquela noite era uma noite de festa, quatro nomes foram indicados ao importante ritual.Este era o momento mais solene de todo a cerimônia, onde os nomes escritos em pedaços de papel seriam jogados no fogo, para a confirmação do chamado.
O salão era enorme.Todo feito em pedra e um belo lustre de velas adornava o teto daquele lugar.Na extremidade do salão, defronte a porta, estava um altar com uma bacia de cobre, e dentro dela, estavam os nomes dos quatro eleitos, escritos em pedaços de papel.
O grande sino tocou novamente, o sacerdote que estava ali a frente começara a falar:
-Irmãos, é com grande prazer que os saúdo.Estamos reunidos aqui nesta noite para eleger nossos novos guerreiros, aqueles cuja mão ferirá as forças do maligno.-E nessa hora, seu olhar se fixara nos futuros novos cavaleiros da ordem.-Alegrai-vos nesta noite! Pois hoje temos novas armas contra as trevas!-E dizendo isso, pronunciou algumas palavras inaudíveis e fez gestos com as mãos e os braços, e no mesmo instante uma chama azulada tomara conta daquela bacia de cobre com os nomes.
Como numa dança fantasmagórica, as chamas começaram a dançar e a crepitar dentro da bacia, e como num passe de mágica, uma chama avermelhada pulara do recipiente e no chão desenhara o primeiro nome.Salazar.-Este era um cavaleiro não muito jovem, parecia ter quase trinta anos, um típico londrino, seus cabelos já eram esbranquiçados e sua expressão era dura.Ele se levantara e se postara em frente ao altar, defronte a bacia de cobre.
As chamas voltaram a fazer a sua sinistra dança, quando duas línguas de fogo se irromperam da bacia e desenharam no chão mais dois nomes.Nicolas e John.Esses dois se levantaram e também se posicionaram defronte o altar.Nicolas e John eram dois jovens londrinos de aproximadamente vinte e cinco anos.Nicolas era branco, de olhos azuis e cabelos loiros.John tinha olhos escuros e cabelos castanhos médios e um olhar frio e penetrante.
Mais uma vez as chamas se agitaram, e uma chama esverdeada pulou da bacia e serpenteou o chão, demorando em fazer seu desenho objetivo, mas logo então desenhou no chão um outro nome.Rachel.Uma bela jovem se levantara no meio da multidão.Seus longos cabelos loiros e encaracolados se moviam, como numa dança mágica quando ela andava.Seus olhos castanhos médios revelavam uma vivacidade cativante, e seu belo rosto era encantador.Estava vestida com uma calça de couro e um belo espartilho vermelho, e pendurado em seu pescoço estava um pequeno ankh de prata.Ela também se postara defronte a bacia de cobre juntamente com os outros.
E novamente o sacerdote disse:
-Vocês foram escolhidos para serem novos cavaleiros da Ordem.-Os olhos do sacerdote passaram por entre os escolhidos.-Recebam agora vossas espadas.
Ouviu-se um grande ruído no imenso salão, como de correntes se arrastando, e o grande lustre de velas que estava no teto, começara a descer.
As espadas estavam sobre o lustre, e sob o olhar de todos, os recém nomeados cavaleiros, tomaram suas espadas.
Quando os quatro tomaram as espadas, o sacerdote que estava à frente disse:
-Ide pelo mundo, derrotem as forças do maligno.
E dizendo isso, despediu a todos que estavam presentes e encerrou o ritual com algumas palavras em latim.
****
Chovia naquela noite, Sueli esperava o filho chegar do trabalho.Onde estaria seu filho naquela hora? Será que ele havia conseguido pegar o ônibus? Afinal, caía uma chuva dos diabos naquela noite.
A campainha tocou.Ela foi atender, olhou pelo olho mágico e viu que eram Fernando e Fabio, amigos de seu filho.Ela os havia convidado para uma festa surpresa, a festa daquele oito de maio, a festa que jamais se realizaria.Se ela soubesse o que havia acontecido com seu filho, entraria para o primeiro hospício concerteza.Abriu a porta.
Fabio fora o primeiro a entrar, ele era um garoto com aproximadamente dezoito anos e cabelos raspados.E logo em seguida entrara Fernando, outro garoto, este com vinte e um anos e cabelos igualmente curtos.
-Olá dona Sueli.-Disse o primeiro
-Oi meu querido, que bom que você veio.-E beijou-lhe o rosto
-Oi Tia!-Disse o animado Fernando,
-Oi Fer, fico feliz por que veio também, entrem.
-Amores, vocês sabem se o Leonardo e a Marcela vão vir para a festa?
-Xii tia, a gente nem sabe não, mas acho que sim, os três não se desgrudam.Tia, a gente pode ir ligar o som lá? É que eu trouxe um cd legal aqui, e o Juan é quem curte.Angra.Banda boa, do caralho num é não Fábio?
-Ô se é!-Respondeu o de cabelos raspados.
-Ok.Fiquem à vontade, eu só estou estranhando a demora do Juan, ele não costuma demorar.
-Ah tia, nem esquente, já já ele ta aparecendo por aí,reclamando da chuva e do vento,que bagunçou o cabelo dele.Mó chodó dele e aquele cabelo.
-Cê ta certo Fer, daqui a pouco ele deve estar chegando.
Mas coração de mãe não se engana, ela sabia, bem no fundo, que alguma coisa havia acontecido com o filho.Ele não costumava se demorar na rua.A chuva apertara, caía com mais intensidade, como se os céus estivessem em ira, em fúria.Um arrepio percorreu-lhe a espinha.Fez um sinal da cruz.Ao fundo podia ouvir os garotos ouvindo o tal cd de heavy metal.Angra fora o que um deles lhe dissera, lembrava de seu filho comentando sobre essa banda, dizia que ela era muito boa, que o vocalista, Edu Falaschi, era sua inspiração para cantar.Seu filho cantava muito bem.-E um sorriso se esboçou em seu rosto.-Ele sempre ficava cantarolando, amava isso, tinha uma banda daquele chamado “heavy metal”, sua voz era cheia de melodia, alguns de seus amigos brincavam com ele dizendo que ele só ficava com as garotas, por causa de sua voz, melódica, doce e serena.-E sua expressão mudou completamente.-Estava preocupada, somente isso.Sua intuição de mãe lhe dizia isso, algo estava errado.Precisava rezar, e fora isso que ela resolvera fazer.
****
-...Então é isso Juan.-Acabara de explicar Matheus.-Essa é a verdade, o motivo de estarmos aqui, fomos selecionados para esta vida.Mas você foi vítima de Adriano, e eu de Henrique.Eles nos escolheram para sermos soldados de uma guerra que está porvir.
-Mas que guerra é essa Matheus? E por que eles me escolheram? Eu sou um lixo, não tenho capacidade nenhuma.Ainda mais para uma guerra.
-Não? É isso o que você realmente acha? Não deixe teus olhos te enganarem Juan, a aparência é somente uma casca.
-Mas...Cara, eu trabalho numa lojinha de conveniência, ajudo minha mãe em casa.-E um aperto lhe passou pelo coração.-O que eu posso fazer numa guerra?E ainda mais contra essas feras que você disse.
-Foi o que eu lhe disse Juan...Não deixe a aparência te enganar, suas qualidades aumentaram cem vezes agora, pelo menos fora isso que Henrique me dissera.
-Como assim cara? Qualidades aumentadas cem vezes?Como isso?
O olhar de Matheus tornara-se sombrio nesse instante, algo demente, doentio.-Estamos mortos agora, porém ainda estamos vivos, entende?
-Não muito.
-Entenda Juan, agora temos uma nova vida, ou uma nova morte, do sangue para o sangue, da dor para a dor.Somos imortais.-E nesse instante sua voz pareceu distante e ele começara a se recordar do que Adriano lhe dissera, que ele seria imortal, como as estrelas que salpicam o céu negro. Nunca mais teria que temer a morte, afinal, ele já estava morto mesmo.Algo acabara de se realizar dentro dele, algo acabara de perecer, ele sentia...Acabava de morrer.-Então Juan, agora somos imortais.-E a voz de Matheus fora voltando ao normal.- Somos como as estrelas que salpicam o céu negro, agora me entende?Não precisamos temer a morte.
-Sim...Agora tudo faz sentido Matheus.-E o meu olhar ficara frio, demente e doentio, como o de Adriano, muito mais do que o olhar daquele que conversava comigo.-Sinto sede...
-Já?Henrique me disse que só poderemos beber daqui a uns dois dias por qu...
-Não estou interessado no que esse tal ai lhe disse.-Disse como uma voz totalmente doce e melódica.-Quero beber agora meu amigo, será que não compreendes meu desejo?Meus anseios, afinal, o que teria de mal em bebermos um pouco?Sei que queres saciar-te também, tanto quanto eu, senão mais.
Matheus parecia hipnotizado, o que aquele estranho lhe dizia parecia ser tão certo, tão sábio, e ele também estava com sede, mas não uma sede normal...Ele estava era com sede se sangue, um sangue quente e doce de um inocente, era verdade que Henrique lhe dissera que ele só poderia beber depois de alguns dias, mas pouco importava o que Henrique havia dito, o que aquele rapaz moreno com cabelos enrolados chegando até os ombros lhe dizia era muito mais interessante.Que poder poderia habitar naquela voz?Por que ele se sentia daquela maneira? Como que dominado por aquele rosto tão belo quanto o seu?Sua voz era doce e serena, diferente da voz de seu mestre e criador.Ela lhe inspirava, mas também lhe atormentava.Aquela voz parecia ecoar dentro de sua mente, como se lhe emitisse uma ordem, ele queria beber, e ele tinha uma voz doce, diferente de Henrique, que lhe transmitia medo.A voz...Somente isso lhe importava naquela hora, seguir, obedecer ao que a voz lhe dizia, aquela voz tão calma, tão doce...Era como o soar de alguma musica, era como se aquele estranho que estava a sua frente começasse a cantar.Era algo mágico, enigmático...Assustador.
O alçapão acabara de abrir e uma luz avermelhada entrava naquela peculiar catacumba, onde seriam os aposentos dos escolhidos, dos peões.
Henrique acabara de entrar e vira a cena.
O protegido de Adriano estava falando com o seu escolhido, mas parecia hipnotiza-lo, parecia convence-lo de fazer algo que ele lhe dissera para não fazer.
Então esse seria o poder daquele novato?Convencer os outros a realizarem seus desejos e intuitos?Sentiu a voz daquele novato tentando penetra-lhe a mente, mas como se fosse um leve cutucar. Se aquele novato, recém transformado já podia fazer essas coisas, imagine daqui a duzentos anos?Ele tinha um poder incrível, e por esse dom, merecia morrer naquele instante, ele merecia sumir, deixar de existir, e ele seria o seu algoz. Henrique o mataria ali mesmo, aquele estranho morreria ali, naquela hora.
Henrique entrara sem fazer ruído algum.
Como que por um passe de mágica, Matheus saíra do transe e parecia perturbado, olhou para Juan e lhe franziu o cenho, deixando a mostra suas terríveis presas, seus caninos estavam alongados e seus olhos estavam vermelhos, ele olhava para a escuridão a procura de algo.Farejou o escuro e sentiu que havia um intruso ali.
Henrique se sentira intimidado, entrara sem fazer ruído algum, nem mesmo Adriano poderia percebe-lo, mas aquele outro, seu soldado, o havia sentido. Sabia onde ele se escondia.Ponderou sobre sua decisão, se matasse o escolhido de Adriano, teria que matar o seu escolhido também.E, naquele momento, essa não seria uma boa escolha, afinal, com o poder daqueles dois novatos unidos, eles poderiam achar aquele ajuntamento de licantropos e facilitar a busca dos lideres do clã.Pensou um pouco.Resolveu sair das sombras.
Aqueles novatos o olhavam.O olhavam desconfiados.Ajeitou seus longos cabelos castanhos e andou em direção a eles.-Ele sentia um grande desdém por eles, afinal, perto dele, eles eram uns lixos.
Matheus vira aquele imponente vampiro caminhando em sua direção, o olhava desconfiado, podia jurar que teve uma sensação estranha, jurava que seu criador tentara, ou pelo menos pensara em mata-lo, não somente a ele, mas ao seu novo amigo também.
Juan o olhava, não tinha expressão alguma no rosto, aquele vampiro alto e de longos cabelos castanhos claros que caminhava em sua direção o enfeitiçava, ele parecia tão belo, tão forte.Ele andava em sua direção, e Juan se sentia hipnotizado por ele.
Henrique evocara seu dom, o de conquistar, o de seduzir.Ainda mortal sempre causava fatal atração nas pessoas, e quando ele se transformara naquela criatura, sua qualidade, transformara-se em dom.Ele era um ser da noite, das trevas.Ele era um vampiro.
Henrique estava exercendo seu dom, sabia que estava encantando aquele novato.
O alçapão abria-se novamente.Adriano pulara dentro da catacumba, seus olhos pareciam duas chamas vivas, demoníacas.Seu cenho estava franzido, deixando os longos caninos a mostra.Sentiu poder no ar, sabia que Henrique estava usando seu dom, mas sentia algo diferente...Sabia, de alguma forma, que aqueles novos soldados, não eram comuns.Deles exalava algo místico, diferente.Olhou para Henrique, este também lhe franzia o cenho, e seus olhos ficaram vermelhos, como duas brasas vivas.
O inferno não estava tão longe, estava perto...Ali, naquela sala, naquela catacumba...Naquela sepultura.O inferno estava ali mesmo, junto com aqueles demônios.Ali estava o primeiro ato do espetáculo mais sinistro da Terra.
****
Rachel estava em seu quarto, sentada em sua cama, refletia sobre o que tinha acontecido há poucos instantes.Ela havia sido nomeada cavaleira de sua Ordem.Sua espada de prata reluzente descansava sobre o seu colo.Refletia.Há alguns dias estava tendo visões estranhas.Rachel não era normal, ela era especial.Tinha visões.E em raras às vezes, podia prever o futuro.Ela tinha um poderoso oráculo junto a ela.Essas visões a perturbavam.Mostravam a dor da humanidade, lhe mostravam o Mal do Mundo.No dia anterior, antes de ser eleita, tivera uma visão enquanto fazia sua habitual meditação.Sonhara com um jovem belo, de cabelos ondulados que lhe caiam até os ombros, este lhe olhava com desejo; e, lagrimas molhavam seu belo rosto pálido.Rachel sabia que aquela visão era um mal pressagio.Mas se sentia atraída pelo rosto que olhava para ela, aquele rosto que chorava, que lhe pedia ajuda.Quando ela saíra do transe, ela se sentia fraca, como todas as vezes que isso acontecia.Mas aquele rosto sempre lhe acompanhava nos sonhos.Ela sabia, de alguma forma, que ela estava ligada aquele jovem.Que sua missão acabava de começar.
Mas de onde seria aquele garoto?E por que seu rosto lhe perturbava tanto?E por que ele a perseguia em seus sonhos?Rachel se sentia atraída, era isso que sentia, atração pelo belo e pálido rosto que sempre aparecia em seus sonhos.E pensando nisso, acabou adormecendo em meio a tantos pensamentos e dúvidas.
Essa noite não fora uma das mais agradáveis para Rachel.Pois mais uma vez ela sonhara, mas dessa vez não foi somente o belo rosto do jovem que lhe veio à mente, ele viera acompanhado.Um outro jovem estava ao lado do jovem que ela estava habituada a sonhar.Este era mais alto e parecia mais forte, seu cabelo era curto e ele tinha uma expressão dura no rosto.Ao contrario de seu amigo mais baixo, este não tinha uma expressão arrependida em sua face.Mas de alguma maneira parecia proteger o outro, ele lhe olhava desconfiado.Ele olhou para Rachel e seus olhos ficaram como duas brasas vivas, infernais, e ele lhe franziu o cenho.
Rachel acordara completamente molhada de suor, o dia estava amanhecendo e os primeiros raios de sol da manhã já penetravam em seu quarto.O que havia acontecido? Será que sonhara um sonho qualquer e sem importância, ou realmente tivera uma visão?Seu Oráculo falara consigo novamente alertando do perigo?Duvidas lhe brotaram a mente, o que seria aquilo?Nem em seus piores pesadelos jamais sonhara com algo tão assustador...
Duvidas, somente dúvidas...Aquilo seria real ou mero sonho?Seria o seu oráculo avisando de algum perigo eminente?Avisando-lhe do real ou do espiritual? Afinal, sempre soubera da existência de vampiros astrais...
Rachel olhou para o relógio que estava em cima de sua cômoda.O relógio marcava sete e meia da manhã.Rachel se levantou e caminhou em direção ao banheiro, abriu o chuveiro e esperou alguns instantes até a água se esquentar.Assim que a água se esquentou, Rachel se despiu e entrou embaixo do chuveiro, sentindo a água aquente descer sobre seu corpo, meditou alguns instantes no que acabara de sonhar; aquilo fora realmente muito esquisito.Tomou uma decisão, iria falar com seu mestre Miguel, ele sabia o que aquilo significava, e essa, seria a decisão mais sábia que poderia tomar.
Saindo do chuveiro, Rachel mirou o espelho embaçado, passou sua mão sobre ele e o desembaçou.Olhou seu rosto que estava avermelhado por causa da água quente do chuveiro.Abriu a porta do banheiro e saiu nua, em direção a sua cama, antes de entrar no banheiro havia deixado já separada a roupa que usaria neste dia.Uma calça social preta, um blazer preto com riscas de giz e uma blusa branca.Abriu uma das gavetas de sua cômoda e tirou uma calcinha branca de rendas, e a vestiu, não usaria soutian hoje, afinal, ele marcaria sua pele jovem, e Rachel iria usar uma blusa que não pedia este acessório.Ela terminara de se vestir.Estava belíssima.Uma olhada rápida no relógio e ela pode ver que já estava atrasada para o trabalho, pegou sua bolsa e as chaves de seu carro, caminhou em direção a porta e saiu, trancou-a antes de pegar o elevador.
Fazia um lindo dia lá fora, e o sol sorria para a bela Londres naquela manhã de terça feira.Rachel se dirigiu para a garagem de seu prédio, indo buscar seu carro para ir ao trabalho, mas chegando perto deste, resolvera ir a pé, afinal, sua casa não ficava muito longe de seu trabalho e mesmo atrasada, chegaria mais rápido a pé do que de carro, afinal de contas, não teria que perder tempo procurando uma vaga no estacionamento para deixar seu automóvel.Sendo assim, Rachel saíra de seu prédio em direção ao seu trabalho.Sem se preocupar com sonhos ou visões estranhas, sem se preocupar com nada, somente com o seu trabalho.
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A lua se postava linda em meio ao céu estrelado.Estava cheia, mostrando o seu vigor e esplendor total, derramava sua luz sobre o solo brasileiro, banhava a floresta da Serra do Mar.
Um vulto passou rapidamente por entre as arvores.Parou.Levantou-se sobre duas patas e farejou o ar em busca de algo.Correu em direção a uma pedra alta que ficava quase no meio da floresta, de lá, teria uma melhor visão do que procurava.Subiu na pedra e se levantou sobre as duas patas.Farejou o ar.Sentiu um cheiro forte.Vinha do leste.Farejou novamente e dessa vez respirou longa e profundamente.Não muito longe dali havia talvez um acampamento ou um ajuntamento de pessoas.Carne fresca...
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Danilo havia planejado aquele acampamento há vários meses, e estava muito feliz.Levaria Nadia, sua namorada, e sob a luz do luar e das estrelas, ela concerteza mudaria de idéia e perderia sua virgindade com ele.
Danilo estava relembrando em todo o trabalho que tivera para convencer os pais de sua namorada a deixarem ela ir para a Serra do Mar, quando esta se aproximou e sentou-se ao seu lado.Nadia era linda, morena de cabelos lisos que desciam até o meio das costas.Tinha os lábios carnudos e seus olhos escuros pareciam dois pequenos besouros.Tinha um belo corpo, era na verdade uma moça apesar da pouca idade.Tinha somente dezesseis anos, e por causa da pouca idade, seus pais nunca concordaram com a idéia do namoro com um sujeito mais velho, mas com a insistência da filha, acabaram cedendo e permitindo o namoro.
Danilo sempre fora um safado, típico canalha, porém se encantara com aquela menina de olhar doce e encantador, desejava ardentemente possuir aquele corpo jovem, aquele corpo de menina-moça, queria ouvi-la gemer de prazer sob seus braços fortes, e aquela noite estava perfeita para isso.Nadia se recusava transar com ele, falava que só se entregaria a um homem depois do casamento, a maior besteira que Danilo já ouvira, nenhuma mulher jamais se recusara a ir para a cama com ele, e ela, não seria a primeira.
Tudo já estava esquematizado, para garantir mais segurança a Nadia e aos seus pais, Danilo chamara mais alguns amigos para irem acampar, mas que na hora certa estariam bem longe de sua barraca, para que ele e Nadia pudessem ficar mais à vontade.
Danilo estava sentado em frente da barraca quando Nadia veio e sentou-se ao seu lado.Danilo observou os seios de sua namorada sob a blusinha cor de rosa, como estavam belos, roliços, durinhos, encantadoramente apetitosos.
Nadia olhou para o seu namorado, como o amava, ninguém nunca a tinha feito tão feliz como ele.Ele era engraçado, bonito e forte, Nadia o conhecera numa festa da igreja de seu bairro.Nesse dia ele chegara na festa com sua moto fazendo estardalhaço.Seu pai fora falar com aquele estranho homem da moto, mas quando Nadia o viu tirar o capacete, foi amor a primeira vista.Nunca se apaixonara tão perdidamente por alguém, ela sabia, que ele era o homem de sua vida.Depois de uma calorosa discussão de seu futuro homem com o seu pai, ele resolvera ir embora, porém antes de ir ele lhe lançara um olhar encantador, que definitivamente arrebatara seu coração.Depois desse dia, Nadia nunca mais tornou a ver aquele homem que mexera tanto com sua alma, mas como sempre acreditara em destino, Nadia sempre acreditou que um dia o reencontraria e assim foi.Cerca de três meses depois da festa da igreja, fora aniversario de seu irmão mais novo e em comemoração seu pai pedira algumas pizzas numa pizzaria que acabara de abrir, e para a emoção de Nadia o entregador era o seu príncipe encantando.É verdade que ele não a reconheceu, porém Nadia fazia questão de estar sempre passando pela pizzaria para ver se via o seu amado, ou quando podia, sempre pedia pizzas do mesmo lugar.Um dia tomando coragem, fora conversar com o entregador.Falou que sempre o observava, que nunca se esquecera dele desde o dia da festa da igreja, queria assumir um compromisso sério com ele.E ele, aceitara.
Porem seus pais nunca aceitaram o seu namoro com o rapaz de rosto bonito, moreno e olhos verdes que Nadia escolhera para ser seu futuro marido.Mas com o passar do tempo ela conseguira dobrar os pais e o convencera de que aquela fora a melhor escolha dela, afinal de contas,ele era trabalhador.
Porém, seus pais não conseguiam gostar dele, apesar dos esforços dela para isso, é bem verdade que seu namorado não ajudava muito, nunca fora simpático com seus pais além de não ter pretensão alguma quanto ao futuro, diferente de Nadia que queria ser professora.Além da diferença de idade, Nadia tinha dezesseis anos enquanto seu namorado tinha vinte.Mas de uns tempos pra cá, Danilo mudara muito com Nadia, não era tão carinhoso como no começo do namoro, ele só falava em transar, parecia que nada mais interessava em Nadia, senão seu corpo, senão se entregar ao namorado que tanto amava.Ele vivia dizendo que a maior prova de amor é se entregar a quem se ama, que eles deveriam transar, porém Nadia sempre repetia a mesma resposta todas as vezes que ele tocava no assunto: Só transaria com ele depois do casamento, e essa, era a sua palavra final.
Naquela noite a lua estava linda, e as estrelas salpicavam o céu negro.Danilo olhava para a sua namorada que estava sentada ao seu lado, olhava seus seios volumosos, olhava seu rosto perfeito, seus lábios carnudos, e hoje, nessa noite aquele corpo seria seu, gemeria debaixo de seus braços, sentiria seu corpo moreno e quente, tudo estava perfeito naquela noite.
Uma nuvem passou cobrindo a lua, e escurecendo momentaneamente o lugar, um arrepio percorreu o corpo de Nadia, ela estremeceu como se estivesse com frio e abraçou o namorado.
Danilo abraçou a namorada, e roçava suavemente seu corpo contra os seios de sua mulher enquanto beijava seu pescoço carinhosamente.
A nuvem passou a luz da lua voltara a banhar aquele acampamento, Nadia já mais calma se desvencilhara do abraço apertado do namorado, ah, como o amava, como ele era perfeito para ela, lindo, moreno e forte, e quando seus olhos verdes a fitavam demoradamente?Ah Deus, como era maravilhosa aquela sensação! Nadia se sentia protegida, e amada.Era essa a sensação que não conseguia descrever com palavras...Sentia-se amada.
-Nadia, você esta com fome?-perguntara Danilo lançando-lhe um olhar malicioso.
-Sim, eu estou.
-Então espere um pouco, porque o Rubinho e o Dé foram buscar umas madeiras pra gente fazer uma fogueira e poder preparar o rango.
-Ah, certo então, nossa Dan, que lugar sinistro você arranjou pra gente acampar einh?
Danilo resmungara algo que Nadia não conseguira entender e se virara de costas para ela em direção a sua barraca, ele se abaixara e pegara algo que Nadia não conseguiu ver o que era, e então ela perguntou:
-Amor, o que você esta fazendo aí?
E com a voz transbordando de malicia, ele respondera.-Algo que você vai adorar, eu te garanto amorzinho, eu te garanto.
Danilo havia deixado tudo arrumado, seus amigos Rubens e André já haviam se afastado o bastante para não atrapalharem sua noite perfeita, com a desculpa de arranjarem madeira para a fogueira, eles deixaram Nadia e Danilo sozinhos; a oportunidade perfeita.Nadia seria dele essa noite, e não haveria ninguém, ninguém mesmo que pudesse impedir sua conquista.
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O vulto passou correndo sob quatro patas por entre as arvores, parando vez ou outra para farejar o ar, e quando fazia isso, se erguia sobre as duas patas traseiras e erguia bem alta sua cabeça e assim podia farejar o ar.
Estava na trilha certa, em pouco tempo estaria naquele ajuntamento, onde poderia se fartar de carne fresca e ficar mais forte.Sua matilha também estava caçando naquela noite, estavam mais fortes, mais valentes, pois assim era.A lua dava força, vigor, mas também os deixavam loucos, e sob a lua cheia, não podiam controlar a transformação.
E para poderem novamente se controlar tinham que comer e beber muito sangue, ou esperar que chegasse o fim do ciclo da lua cheia.
Só isso importava nesse instante.Matar.
Precisava matar, ele estava com fome e sede, precisava se saciar.Precisava ser forte, ser o mais forte de seu bando, precisava de forças.Precisava matar.
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-Cara, ta muito frio aqui velho!-Dissera Rubens.
-Ah Rubinho, agora cê vai ficar de frescura?-Retrucara André.
-Num é questão de frescura Dé, é que ta frio mesmo.
-Cê num trouxe uma blusa não?
-Pior que não cara.
-Bom, então você vai se fuder, porque o Dan, ta lá com a mina dele.
-É eu sei, e a gente não vai poder voltar enquanto ele não tiver comido a virgenzinha.-E dizendo isso riu.
-Ah, Rubinho só você mesmo einh?-Disse André rindo também.-E o foda é que ta ficando cada vez mais frio cara.
-Uhum...Cara, você sabe pra onde estamos indo?É que já faz uns vinte minutos que a gente ta andando sem saber o rumo, tenho mo medo de se perder nesses baguio de floresta e tal.
-É cara, eu nem sei pra onde estamos indo mesmo, mas fique de boa a gente só andou em linha reta, pra voltar é fácil.
-Ah, sei lá...Num acho que a gente deva se afastar muito do acampa não cara, porque quem manja desses lances de mata é o Dan né?
-É sim, mas fique de boa Rubinho, venha...Eu ouvi barulho de água, deve ter um riacho aqui perto, a gente vai lá, toma um pouco de água, por que eu to cum sede, e depois volta ok?
-Beleza Dé.
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-Deite aqui comigo amor.-Dissera Danilo.
Nadia se aproximara de Danilo, afinal, a voz de seu namorado era doce, era como se a hipnotizasse.
Danilo sabia de sua influência sobre sua namorada, e ela, seria dele aquela noite.
Experimentaria sua deliciosa carne morena, nem que fosse a força, Nadia não resistiria seus braços fortes e seu corpo quente e pesado, Nadia, não teria como escapar, seria dele por bem ou por mal se fosse preciso.
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-Chegamos Rubinho, não te falei que devia haver um riacho por aqui?-Dissera André.
-Verdade cara, bom, vamos logo tomar essa água e voltar para o acampa, quero que o Dan se foda cara, eu to com frio, quero entrar na minha barraca, vestir uma blusa bem quente e ir dormir.
-Boa cara, eu também to afim disso, bom, vamu beber logo a água que eu to com sede.
-Beleza Dé.
Rubens fora o primeiro a se abaixar para beber um pouco de água, e foi o primeiro a ter aquela horrenda visão, quisera Deus que ele estivesse sonhando, ou melhor, tendo um pesadelo, um de seus piores pesadelos.
Aquela criatura grotesca se elevava a poucos metros à frente, parecia um homem demasiadamente grande, mas não um homem comum, suas feições lembravam um animal.Um animal grande e muito perigoso.Ele tinha estranhas feições de cachorro...Ou seria um lobo?
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Estava no rastro certo, já podia sentir o cheiro de sua comida se aproximando.Por ali havia um pequeno córrego, e geralmente as pessoas acampavam não muito longe dali.
Desviou-se de alguns galhos que estavam no chão, mortos.Pulou por cima de uma arvore caída que havia por ali, fez uma curva e chegou ao córrego, e para sua surpresa, Gaia o estava presenteando, dois meros mortais estavam ali, como que a sua espera, preparados por Gaia.Ergueu-se sob duas patas traseiras, ficando em pé, mostrando seu poder e majestade, como um rei cruel; Como grande senhor dos demônios que caminhava por sobre Terra.
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Não houve tempo para Rubens avisar André, a criatura fora rápida demais, pulara sobre seu amigo e com um único golpe lhe deslocara o pescoço do lugar.André caíra no chão com um baque surdo, abafado pelas folhas secas e pela terra fofa.André perecia sob o julgo de tão terrível criatura.
Rubens ficara paralisado de medo, aquela criatura se movia com grande agilidade, matara seu amigo com um único golpe, mas pelo que parecia, ela não o vira, já que ele estava abaixado, ele teria que tentar se esgueirar dali, e tentar correr, chegar ao acampamento e avisar Danilo e Nadia que um monstro estava à solta naquele lugar.Teria que aproveitar da situação teria, que deixar o corpo de seu amigo ali, a mercê daquela criatura, largar seu corpo jogado naquele lugar, com aquele ser a lamber o seu sangue, mas precisava salvar sua vida, e era isso que faria.Rubens começara a rastejar quando sentiu uma lufada quente de ar em redor de seu pescoço.Fechou os olhos e lagrimas irromperam deles.Lembrou-se de Deus nessa hora, e nos instantes que se passaram, pediu perdão por tudo que havia feito de errado, afinal, ele freqüentara uma igreja quando era mais novo, e deixara de ir quando tinha uns dezesseis anos, por causa de uma paixonite; fora por causa dela que ele deixara de ser músico.Rubens tocava violão.Brigara muito com sua mãe desde a sua saída da igreja.Sempre a via chorando pelos cantos, orando, rogando a Deus que tivesse misericórdia de seu filho, pra que o trouxesse de volta a sua casa.Lembrou-se dos momentos felizes que passara na infância, de quando brincava de pega-pega na rua da sua casa, ou quando ia para o sítio da sua avó.Lembrou-se novamente da igreja, de quando tocava violão nos cultos.Chorou.Lagrimas escorreram de seus olhos.Pediu perdão a Deus.Lembrou que momentos antes de sair para aquele acampamento maldito, o qual nunca devia ter ido, brigara com sua mãe, e que mesmo assim ela dissera: ”-Deus te proteja meu filho”.
Chorou.Chegara a hora de seu fim.Ele morreria ali, naquele lugar, em meio a folhas secas e a terra úmida, mas aquele era o intento de Deus, ele iria morrer, sabia disso.Ele somente chorava.Somente isso.
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Depois de ter terminado de matar um humano com um único golpe, virou-se para o outro que começava a rastejar em busca de fuga.Não deixaria aquele pobre mortal fugir, nem se desse a ele duas horas de fuga, ele jamais fugiria se seu poderoso faro.Voltou-se novamente sobre quatro patas e caminhou lentamente em direção a aquele humano que tentava inutilmente rastejar para longe dali.Curvou-se sobre o pescoço dele, com a mínima força, fechara sua mandíbula gigante sobre o pescoço daquele mero homem.Sentira o sangue quente jorrar para dentro de sua boca e descendo-lhe a garganta, como se fizesse um carinho nela.Aquele líquido quente e doce.Sugaria todo sangue daquele mortal e devoraria sua carne também, faria isso com os dois que acabara de matar e logo depois seguiria em frente, seguindo aquele cheiro doce que estava sentindo agora, cheiro de fêmea no cio, parecia que alguém estava querendo acasalar não longe dali, e ele, participaria dessa festa também; se banqueteando dos dois, de suas presas.Terminou de devorar o segundo corpo que havia derrubado e agora se dirigia para o primeiro para lamber seu sangue derramado e também lhe comer um pouco da carne. Sentia-se mais forte.Muito mais poderoso.
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Nadia, convencida por seu namorado, entrara na barraca.Danilo entrara depois e a fechara por dentro.Ela sorria para ele, esperava que seu namorado se deitasse ao seu lado e os dois dormissem abraçadinhos, fazendo juras de amor eterno.Danilo olhava sua namorada, sua mulher, sua fêmea.Logo ela seria dele, logo ela gemeria sob seus braços fortes e seu corpo pesado, e a hora estava chegando.Danilo olhou profundamente os olhos de sua namorada, ela não teria como escapar essa noite, não teria para onde correr, não teria seu pai a lhe proteger.Nadia seria dele nessa noite, nessa noite perfeita aonde as estrelas brilhavam e a lua lançava sua maravilhosa luz na Serra do Mar.Nadia não iria se arrepender, aliás, ela iria pedir mais, muito mais depois daquela noite.Danilo sempre fora um garanhão, ótimo na cama e nenhuma mulher jamais reclamou de seu sexo, muito pelo contrario, sempre pediam mais.Nadia iria gemer como nunca naquela noite, por bem...Ou até mesmo por mal...Mas de uma coisa ele tinha certeza, ela iria adorar e concerteza, iria querer muito mais.
Danilo continuava olhando para o belo corpo de sua namorada.Um arrepio passou pela espinha de Nadia, como de um pressagio, um mal pressagio.Sentia-se incomodada algo ruim acontecera, ou estava prestes a acontecer, ela se sentia estranha.Danilo lançando um olhar malicioso para sua namorada lhe disse:
-Amor, fique mais a vontade, estamos só nos dois aqui.-E dizendo isso tirou a camiseta.
Nadia observou seu namorado tirar a camiseta, ele estava perfeito, o cabelo curto desarrumado.E observou o tórax malhado do seu amor.Estava lindo.
E ele sorria para ela, porem não um sorriso normal, era algo estranho.
-Fique mais à vontade meu amor.-Dissera novamente Danilo.
Nadia não entendera a principio quando viu.Depois de uns segundos que demoraram horas para passar, ela conseguiu entender.Danilo desabotoara sua calça jeans da Zoomp, e em poucos segundos, estava somente de cueca; Sua cueca boxer branca também da mesma marca.
-Fique mais à vontade meu amor.-Disse Danilo mais uma vez, lançando a Nadia um olhar malicioso.
Danilo estava perfeito, seu corpo escultural a mostra, seus cabelos curtos despenteados e seus olhos verdes fitavam sua namorada com uma voracidade que Nadia nunca contemplara.Nadia não resistiria a ele, e concerteza, ela iria pedir mais depois daquela noite...Muito mais.
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Erguera-se sobre duas patas novamente, e farejou o ar.Aquela noite estava quente, muito quente.Pode sentir o ar entrar pelas narinas e chegar ao seu pulmão.Ativou a sua incrível audição e o seu potente faro.Não estavam muito longe dali.Um macho e uma fêmea estavam ali por perto, cerca de poucos instantes dali.
Mais carne, muito mais sangue...
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-A noite está quente Nadia, por que não ficamos mais à vontade?Aliás, por que você não fica um pouco mais à vontade?-Perguntara Danilo a sua namorada.
-Danilo, o que você está querendo?
-Ahh, nada que você não queira meu amor, isso eu lhe garanto.
Danilo engatinhara em direção a sua namorada que estava sentada num canto da barraca.Vinha engatinhando como um animal no cio, ele exalava confiança e de certa forma, beleza.
Nadia via aquela cena, via como seu namorado era lindo, quase perfeito.Ficava imaginando, por que seus pais não gostavam dele, ele era lindo, trabalhador.Esta certo que era um tanto ignorante e não queria nem saber de estudar,mas que importava aquilo?Ela o amava e era isso que importava, ela o amava com toda a força de seu coração.Ele era o homem de sua vida, ela sentia isso...Pelo menos era o que ela achava...
Danilo via a sua namorada sentadinha, linda, num canto da barraca, estava abraçando as pernas com os braços, como se estivesse se protegendo de algo que estava porvir.
Danilo chegara junto de Nadia, e com carinho começou a beijar-lhe o rosto e depois indo para a boca.
Danilo sentiu que Nadia começara a baixar a guarda e a relaxar um pouco, aos poucos, ela foi soltando os braços em redor das suas pernas.Danilo começou então a beijar-lhe o pescoço, e em certas horas, descrevendo círculos com a língua na orelha de Nadia.Podia perceber pela respiração da garota que ela estava começando a ficar tensa, pois a cada instante que se passava podia perceber sua respiração ficando cada vez mais pesada. Começou então a deslizar suas mãos grossas e fortes sobre as pernas de Nadia, que ficavam num movimento de vai e vem, de um sobe e desce sobre suas pernas macias.
Nadia sentia as mãos de seu namorado subindo e descendo sobre as suas pernas, estava sentindo um calor que jamais sentira, às vezes, sentia como se seus sentidos, se aguçassem e logo em seguida voltavam ao normal, era como se por poucos segundos ela se sentisse tomando conta de seu corpo cega, surda, muda e sem tato algum, sentia somente uma sensação de prazer. Nadia estava adorando aquela situação, seu namorado perfeito lhe fazendo carícias, lhe beijando o pescoço, a boca, e às vezes passava suavemente a língua em sua orelha. Porém sabia que se continuasse daquela maneira, concerteza iria mais além, acabaria transando com seu namorado, e isso, ela não queria fazer, afinal de contas, sabia bem o que queria, só transaria com seu namorado depois do casamento; Era assim que seus pais haviam lhe ensinado e também assim que o padre Pedro lhe falara num determinado dia, no dia de São Sebastião. Mas estava difícil resistir a tentação, seu namorado a cada segundo se tornava mais intenso, mais...Muito mais.
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Parou novamente o trote e se ergueu sobre s duas patas novamente.Não estava longe do local, mas parara porque sentira um cheiro estranho no ar. Cheiro de um macho e uma fêmea, prontos para o acasalamento, ou pelo menos se preparando para o acasalamento.Podia sentir o cheiro dele, se oferecendo para ela, e o cheiro de desejo que ela exalava para ele.
Em seu íntimo, sorriu, concerteza, ele participaria dessa festa. Ele já estava chegando, estava próximo, e concerteza chegaria na hora certa...Concerteza.
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Nadia não conseguia resistir aos beijos e carícias de seu namorado,ele era perfeito demais.
Sabia que se continuasse assim,acabaria transando com ele.
Danilo via que Nadia abaixava cada vez mais a guarda.Sabia o que estava fazendo,já fizera isso diversas vezes,toda mulher começa com aquele papinho absurdo de que não quer transar,ou quando querem,sempre querem ir para motéis caros e ir a restaurantes chiques,desses que vai todo o salário de um mês de trabalho,num único jantarzinho romântico.
Danilo sabia bem que não era bem assim como as coisas funcionavam,a maioria das mulheres gostaria que fosse dessa maneira,mas no fundo,não era nada disso que acontecia.Elas desejavam transar nesses lugares,em meio ao luxo,mas não era dessa maneira que a coisa funcionava,Danilo sabia bem.Todas desejavam isso,mas acabavam indo para os “matos” da vida,oficinas mecânicas sujas ou os prédios em construção espalhados pela cidade.De certa forma,Danilo estava sendo até que generoso com Nadia,estava levando-a para acampar e a natureza estava ajudando naquela noite,estava uma noite linda.Quantas mulheres não dariam tudo para estarem ali com Danilo,naquela barraca,e quantas não se ofereceram a ele para estarem ali naquela noite,no lugar de Nadia.De certa forma,Danilo estava sendo generoso e até carinhoso.Nadia não tinha do que reclamar,se ela soubesse do destino de várias mulheres,de como davam no meio da rua,e se ela soubesse das mulheres que Danilo já pegara nos “carros” da vida,ou em prédios em construção espalhados pela cidade.Nadia deveria se sentir honrada com a situação,Danilo estava ali somente para ela,somente por ela.Ela deveria se sentir grata por isso,e não ficar naquele joguinho mole de querer transar somente depois do casamento.
Nadia percebia os carinhos cada vez mais intensos de seu namorado,se lembrada do que sua mãe lhe disse uma vez.Nenhum homem prestava,e todo homem é canalha por natureza.Mas os calores iam subindo e descendo em Nadia,e ela começou a abrir a sua calça jeans.
Danilo começou a acariciar os seios de sua namorada enquanto a beijava,depois de alguns segundos,ele colocou as mãos por debaixo da blusinha cor de rosa de Nadia e voltou a acariciar-lhe os seios,mas dessa vez fazendo círculos com os dedos em redor ao bico do seu seio direito.
Nadia estava indo a loucura,e então levantou a sua blusinha,ficando nua na parte de cima do corpo,deixando a mostra seus seios duros e altamente deliciosos.A meia luz da lua iluminava aqueles corpos se beijando,se desejando.
Danilo parara de beijar sua namorada,parara para poder contempla-la.Estava linda,perfeita,a luz da lua a enchia de beleza,de mistério.Que poder ela exercia sobre ele? Por que ela exercia sobre ele tamanho desejo?
Nadia estava iluminada por uma luz azulada que vinha de fora,a luz da lua.Olhava com desejo para o seu namorado,sua respiração estava ofegante,e seu corpo pedia o corpo pesado e quente de seu namorado por cima do dela.Ela queria se entregar,queria amar.
****