A Maldição Africana

O vento balança leve as colinas ao pé das montanhas onde apenas arbustos cresceram desde que foi extinta aquela grande comunidade.
Algumas cruzes rodeadas de denso matagal era o unico indício de que houveram pessoas que habitaram aquele lugar.
A quarenta anos atraz existiam 5 mil pessoas na comunidade e algumas famílias morando ao redor desta.
Vivendo da agricultura, algumas diversificaram as atividades para melhor sobreviverem, neste país tão pobre.
5 destas famílias optaram por criar escargots, caracóis herbívoros que podem ser africanos ou europeus.
Alimentam-se de couve ou alface e ainda melancia, maça e banana.
Após tres anos de trabalho, eram as famílias que mais prosperavam em toda a região, pois toda a produção era
comercializada antes de estarem prontas.
Este sucesso provocou a inveja entre outros habitantes, entre eles, antigos habitantes de presidios, bandidos de toda a   espécie e até estudados moradores do lugar.
Não conformavam-se que tanto trabalhassem e o governo não liberasse o alvará para que todos pudessem realizar tal trabalho.
Com certa razão, pois em muitos lugares, depois de abandonados pelos criadores os escargots tornaram-se pragas difíceis de combater, e até mesmo transmissores de doenças.
Entre estes inconformados estava um jovem médico, que no passado abalava a comunidade com seu estilo rebelde de ser, egoista e extremamamente cruel em brigas de rua, acobertado sempre pelos pais, chefes políticos locais.
Reuniu ele vários simpatizantes de sua causa, que pretendia a completa ruina dos produtores de escargots.
Com viagens frequentes à capital, o "doutor", como era chamado, tornou-se um expert em escargots e de amigos seus encontrou ele uma solução para o "problema".
Parecia simples, nas melancias que eram plantadas em grande quantidade para alimentação dos animais, seria injetado uma bactéria que possuia o mesmo poder de destruição da estricnina.
Durante várias noites foram injetadas as bactérias nas melancias e por fim, era só aguardar o resultado.
Uma estranha expectativa havia entre aquele grupo de bandidos.
Volta e meia o "doutor" atendia o telefone de um deles, cobrando os resultados, afinal ja se passara 1 mes.
Afinal depois de 2 meses, não se ouvia entre eles mais nada a respeito, achavam ter fracassado a tentativa.
As coisas não iam bem para os produtores de escargots, ja havia 3 meses que não mandavam mais seu produto para venda no exterior, e devido a grande produção teriam que encontrar outro mercado.
A grande festa anual da comunidade se aproximava e a pedido do padre local, ofereceram aos festeiros grande parte de sua produção.
Um dia antes ja estavam no frigorífico da igreja 2 toneladas de escargots, que devido estar fora dos habitos dos locais
teria que ser misturado a outros alimentos ao inves de ser preparado somente ele.
Naquela manhã a cidade estava vazia, todos sem excessão estavam no pavilhão da igreja...
Missas sucederam-se até a hora do almoço, e enfim as 12 horas o almoço esta no buffet e uma fila interminavel formou-se.
As primeiras vítimas da tragédia começaram a passar mal as 13 horas, uma hora após ter começado o almoço.
O "doutor" estava almoçando na festa quando um estalo lhe alfinetou a mente...e ja estava terminando seu almoço.
Perguntou-se: Sera????
Sem excessão todas as pessoas aquela hora, de alguma forma ja haviam comido algum tipo de comida e em todas elas havia a carne de escargots.
Um inchaço terrivel, falta de ar e.....a morte em poucos instantes.
Eram 4 horas da tarde e apenas um velho disco de vinil rodando era o unico som na imensidão.
Nas ruas, na igreja, a morte de uma maneira atroz levara milhares de vidas, pela via que o "doutor" havia criado.
A bactéria inexplicavelmente não fez mal aos escargots e ao contrário, sucederam-se mutações nos corpos dos animais, tornando-se extremamente mortal ao ser humano.
O governo horas depois isolou a area e incinerou todas os cinco galpões onde eram produzidos os animais, bem como as fazendas e todos os animais que nelas continham.
A comunidade? Uma meia duzia de pessoas sobrou e desapareceram dali após a tragédia.
Por isso só o silencio faz parte hoje desse panorama e vez por outra embaixo de uma árvore, sob uma pedra,
as luzes da manhã mostram uma viscosa trilha...

Malgaxe
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 09/08/2016
Código do texto: T5723763
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