A FACE OCULTA DOS FANTASMAS

Na nuvem de palavras não ditas, nas histórias que se contam a noite, nas silhuetas noturnas de coisas não compreendidas, coisas sinistras transitam entre nós [...]

E é como o céu que as vezes embora limpo, transforma-se numa terrível Tempestade, numa fração de segundos [...]

Ernest Bown era um homem estudioso de fenômenos paranormais; ele também era um estudioso da bíblia, e tinha um conceito diferente que a maioria acerca de aparições fantasmagóricas ou espíritos.

Ernest morava no Brasil há mais de 30 anos e falava o português fluentemente, morava numa cidade interiorana de Minas Gerais.

Em suas experiências e estudos ele jamais houvera de fato visto, o que iria ver, apesar de saber sobre o que se tratava.

Numa manhã fria de outono, Ernest que passeava pelo bosque ouviu um estranho relato debatido entre dois antigos moradores do bairro, estavam ambos sentados num banco de madeira. Logo, decidiu aproximar-se, cumprimentou os dois e acendeu um cigarro de palha.

A conversa voltou a reacender:

-Homem de Deus, os novos vizinhos disseram que não tem paz nessa casa, mesmo após reforma-la!

-Isso é imaginação Rodolfo! casas velhas fazem barulhos mesmo...

-Barulhos podem ser natural, mas aparições não Alcides! e ele disse que viu um homem encarando ele e depois entrou na parede!

-Ora bolas! esse cara ta ficando alucinado!!- tornou o amigo

Ernest disse intrigado:

-Você disse que a aparição entrou pela parede?

-Sim, foi o que o homem disse! eles estão saindo da casa hoje!

-Hum, acho que devo me apresentar, meu nome é Ernest Bown, sou aposentado e investigo fenômenos paranormais, mas esse caso me parece bem peculiar, gostaria de ir neste lugar!

Os três fizeram amizade e ficaram acertados de ir a casa após a saída da Família.

Ernest havia se preparado para a incursão a casa, trazia numa bolsa a tira colo alguns apetrechos.

Eram 20:00 quando enfim se encontraram em local combinado, Rodolfo parecia amedrontado, enquanto Alcides tomava um gole de conhaque na garrafa.

-Tá muito frio, alguém aceita um trago?- disse ele

-Arrggh... dá aqui esse conhaque Alcides, senão você não chega ao fim da noite!- disse Rodolfo pegando a garrafa.

Um vento frio e sibilante corria entre as arvores, o lugar ficava numa colina pouco elevada.

A lua pairava célere no céu, despontando sobre as montanhas, era a única luz que despontava na encosta da rua treze, nenhum som ecoava, havia apenas um lúgubre e inquietante silêncio.

Conforme consta, a grande casa havia sido dada em herança ao antigo dono, que ao morrer deixou para o filho mais moço.

Segundo contavam, o antigo dono e Pai do novo proprietário havia sido encontrado morto no porão há uns 8 anos atrás, a causa mortis nunca foi revelada.

Os três chegaram a escada de madeira que dava acesso a casa, havia sido reformada há pouco tempo, mas o rangido típico do pisar na madeira em meio ao silêncio deixou Rodolfo amedrontado, sem delongas chegaram a porta da casa que estava apenas encostada, Ernest empurrou-a com o pé, no interior da casa pairavam trevas que se entrecortavam com a luz da lua que sorrateira, se infiltrava pelas janelas. Rodolfo disse baixinho: - Não pensei que iríamos tão longe, esse lugar é muito sinistro!

-Cala boca Rodolfo- balbuciou Alcides segurando uma lanterna- se tiver alguém escondido aqui vai escapar!

-Ouch home, tú é doido é? quem é que vai se esconder num lugar desse!

-Calma!- ponderou Ernest- vamos entrar! ainda é cedo, vamos reconhecer o terreno!

O Tempo passou rápido e apesar dos murmúrios de Rodolfo, Ernest mapeou a casa com ajuda de um aparelho eletrônico.

Uma hora mais tarde, Rodolfo estacou próximo a porta dos fundos, havia escutado algo, Alcides aproximou-se e forçou a porta, abrindo-a.

Não havia nada alí, apenas um morcego que passou razante por Rodolfo.

Ernest estava entre a porta da cozinha com a sala quando ouviu um barulho, algo caíra no chão. Ernest se aproximou ligando a lanterna, era um vaso com planta que caíra de cima de uma mureta.

-Estranho isso- disse Alcides sacando um revolver- se tiver alguém aí pode sair senão vou atirar!

Rodolfo aproximou-se temeroso.

-Para com isso Alcides, olha eu não tô pressentindo boas coisas nessa casa!!

-Perfeito- disse Ernest- sugiro que fique lá fora, ou vá embora... as coisas aqui vão esquentar!

-E-Esquentar? CRUZES!! vou ficar lá fora!!- gaguejou Rodolfo

Rodolfo de fato saiu, resolveu sentar-se num banco e aguardar...

Impaciente, olhava incessantemente seu relógio...

Alcides e Ernest ficaram na casa, passadas quase uma hora nada de estranho. momentos depois, Alcides sentiu o frio aumentar consideravelmente, Ernest pegou algo na mochila, era uma pequena garrada de Whisky: -tome um trago, vai precisar!

Alcides ainda bebia na garrafa quando um grito cortou o silêncio, era Rodolfo. Correram até a entrada, Rodolfo estava em pé.

-O que houve ?- disse Ernest

-T-Tinha um h-Homem na janela!- Gaguejou Rodolfo- olhando pra mim!! acho que era o antigo dono dessa casa!!

Ernest aproximou-se de Rodolfo, ele estava trêmulo.

-Acho melhor você ficar com a gente!

-N-não..N-não...eu vou embora daqui!- gritou Rodolfo saindo incontinente sem olhar para trás.

-Acho melhor você ir com ele Alcides, ele está desequilibrado, deixe-me sozinho aqui.

-Não acha melhor ir embora também Ernest?

-Não, fique tranquilo, sei com o que estou lidando.

-Ok que Deus te guarde! amanha voltamos a conversar.

Ernest aproximou-se novamente da entrada e a porta da casa bateu forte diante dele.

-Uau- disse Ernest- você está estressado? já sei nós viemos perturba-lo antes do tempo não é?

Um Silêncio inquietante se propagava, e uma rajada de vento frio e congelante passou por ele.

Ernest entrou na casa, logo, começou a proferir palavras em idioma aramaico, ouviu-se um barulho nas escadas, um vulto negro se deslocara para próximo de Ernest, sua silhueta contrastava com os fachos de luz natural, vindo de fora.

Ernest deu um passo para trás, abrindo no escuro sua bíblia já bastante surrada, citando um texto bíblico em idioma grego, a porta fechou-se com certa violência atrás de Ernest, ele falou:

-Conheço tuas trapaças, que não és nenhum homem falecido, tú és aliado de Satanás! aparta-te de mim em nome do Senhor Jesus!

Ernest virou-se repentinamente tendo a bíblia em suas mãos, então ouviu um sussurro : - E como sabes disso? já enganei aos milhares, tú conheces a fala tribal dos antigos, quem é você homem mortal?

-Sou apenas um servo de Deus, a bíblia explica que as pessoas ao morrer voltam ao pó e o espírito volta a Deus. (Eclesiastes 12:7) e que estão inconscientes (9:5,10) e o Senhor Jesus disse que dormem (João11:11,14) na epístola de Judas 1.6 li que vocês só podem ser daqueles que vieram para a terra nos dias do justo Noé, havia entregado seu coração aos devaneios e ao seu líder, Satanás. Agora estás preso nesse mundo em densas trevas, porque não te arrependes do mal?

Novamente o sussurro veio aos seus ouvidos:

- Vislumbramos um outro caminho, que nos apraz, e Tú sabes demais, creio que devias morrer!

-Eu ordeno em nome do Altíssimo Deus e do Senhor Jesus que saias daqui e que vá para um lugar ermo, onde ninguém habita, e não enganes mais a ninguém!

Ao dizer isso Ernest abriu a bíblia em direção ao demônio imerso em trevas, uma luz intensa se propagou e ele desapareceu!

Ernest caiu ao chão quase desmaiado.

Momentos depois alguém abriu a porta, Ernest ainda zonzo, apontou o facho de luz, era Alcides.

-Você está bem meu amigo- disse Alcides vindo ajuda-lo

-Sim, graças a Deus estou.

-Eu ví uma luz muito forte aqui, e algo parece que fugiu como um raio pros céus! poxa, acho que agora creio em Deus e em anjos e demônios!

Ernest sorriu:

-Ainda bem que tudo deu certo, ele fugiu, esses pseudo Fantasmas são demônios que se disfarçam em pessoas falecidas para levar muitos ao engano amigo. mas Deus é verás e fiel, vamos embora!

Dias depois informaram Rodolfo sobre o ocorrido e marcaram um encontro no bar da esquina.

Lá um homem já idoso relatou que sua casa vinha sendo atormentada há alguns dias, após a mudança para aquela cidade, Ernest se levantou e educadamente perguntou:

-Posso visitar sua casa amigo?

Alcides começou a rir baixinho, falando com Rodolfo:

-Ele nunca desiste!

............... Fim.

Mario B Duran
Enviado por Mario B Duran em 23/07/2016
Reeditado em 23/07/2016
Código do texto: T5706429
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