QUANDO AS LUZES SE APAGAM
- Mãe! Eu não gosto de dormir no escuro. (fala Samantha, chorando).
Samantha tinha oito anos de idade e não gostava de dormir no escuro. Dizia ela que todas as vezes que apagavam a luz do quarto, ela ouvia vozes, que pediam socorro. Pessoas que choravam e suplicavam algo que ela não sabia o quê.
A mãe Débora e o pai Sandro não acreditavam muito na filha. Pedro, o irmão mais velho, de quinze anos de idade, adorava tirar sarro de Samantha.
Pedro chamava ela de doida, paranóica, recalcada e outros adjetivos mais.
Samantha tinha um quarto cor-de-rosa e cheio de ursos de pelúcia. Ela amava o quarto durante o dia. Mas quando chegava a noite, ela se escondia debaixo dos cobertores com medo das vozes. Vozes de crianças.
Foi aí que, certa noite, Samantha caiu no sono. Pedro, para assustar a irmã, resolveu apagar a luz do quarto. Ela nem percebeu, pois estava num sono profundo.
De repente, no meio da noite, ela acorda, ao ouvir um coral de crianças cantando:
“Um, dois, três, já foi a nossa vez. Quatro, cinco, seis, agora é sua vez. Ele está vindo e quer te pegar. E não adianta correr que sua alma ele vai sugar”.
Samantha começa a gritar, pedindo socorro, debaixo dos cobertores. Débora e Sandro correm apavorados para ver o que tinha acontecido com a filha. Pedro ri disfarçadamente, zombando da irmã.
Débora e Sandro, já não agüentando o medo que a filha tinha do escuro, resolveram levá-la a uma psiquiatra.
Dois meses de terapia e nada dela perder o medo. Porque sempre que Samantha deitava e apagavam as luzes, ela ouvia as vozes e gritava. Os pais, já cansados de pagar o tratamento, que era muito caro, e não ver melhoras, resolveram deixar ela dormir com a luz acessa mesmo.
Mas novamente Pedro nota que ela estava dormindo profundamente. Com as pontas dos pés e sem fazer nenhum barulho ele resolve apagar a luz do quarto. E se esconde atrás da porta, esperando os gritos da irmã.
Porém, dessa vez não foi possível escutar os gritos.
Pedro, estranhando a irmã não ter gritado, resolve ver o que tinha acontecido. Será que o tratamento deu certo?, pensou ele, desanimado, pois não poderia mais tirar sarro da irmã.
Pedro entrou no quarto, acendeu a luz e... viu!
Samantha estava deitada com os braços e as pernas esticados, toda dura e pálida, já sem vida, e com a boca aberta, como se alguém tivesse sugado sua alma. Pedro ficou paralisado e assustado. Foi quando a luz do quarto se apagou sozinha e a porta também se fechou. Subitamente, Pedro começou ouvir vozes sinistras, como fosse um coral de criança cantando:
“Um, dois, três, ela morreu. Quatro, cinco, seis, é sua vez. Ele está vindo e quer te pegar. E não adianta correr que sua alma ele vai sugar”....
Enlouquecido, Pedro começou a gritar:
- NÃÃÃÃÃOOOOO!!!
FIM