O GUARDIÃO - Thriller Psicológico (FINAL)

- O que pensa que está fazendo? Tá tentando fugir de mim por acaso?

- Sai de perto de mim! Eu não vou pra canto nenhum com você!

Mesmo com dor me arrastei até a porta e a destranquei, depois corri para o corredor. Desci a escada em direção a sala, tropecei entre os degraus e só não cai porque me apoiei na parede. Por incrível que pareça a minha mãe parecia que nem estava em casa, pois nem diante do barulho e de minha correria ela saiu de seu quarto. Assim que botei os pés na sala, aquele clarão surgiu bem na minha frente e as gargalhadas continuavam.

- Já te disse que não adianta correr.

Joguei um vaso de flores que estava em cima de uma mesinha que ficava no pé da escada, mas atingiu a parede.

- Sai daqui!

- Só saio se você vier comigo. Já estou perdendo a paciência.

Depois de alguns minutos de resistência, ele pulou em cima de mim, me apertou com força contra a parede me sufocando, cuspiu na minha cara e me arrastou por uma luz. Passamos por um portal até que chegamos a um imenso laboratório todo branco. Quando chegamos nesse laboratório, a claridade se apagou e finalmente pude ver como ele era. Sua aparência era pior do que eu imaginava: ele era um homem baixo, de peso normal, nem muito gordo e nem muito magro, era careca, sua barba era branca e cobria quase todo o rosto que era cheio de cicatrizes, tinha apenas a orelha esquerda e no lugar da direta tinha um buraco que dava a entender que a orelha havia sido arrancada com ouvido e tudo mais, era moreno, aparentemente tinha uns 55 anos, faltavam-lhe alguns dentes da frente e os que lhe sobraram eram amarelados, andava arrastando a perna direita com a mão e tinha o hábito de cochichar como se estivesse discutindo com alguém, seus sapatos, sua calça e seu jaleco eram brancos. Não me recordo de muita coisa, talvez seja pelo fato de me sentir meio que anestesiada com toda aquela história sem pé nem cabeça, o que lembro com precisão foi que fui obrigada a tirar toda a roupa e enquanto eu as tirava na frente dele, ele não tirava os olhos de mim o que me fez pensar que ele iria abusar de mim, o que não aconteceu, felizmente. Após eu ter ficado alguns minutos nua, ele me entregou uma roupa de paciente, me deitou sobre uma maca e em meio a soros e aparelhos, eu recebi uma anestesia e apaguei geral. Acordei alguns instantes depois sentindo algo se mexendo na minha barriga, eu a toquei e percebi que ela estava grande, aproveitei que estava sozinha, levantei meio que atordoada, olhei em um espelho e para a minha surpresa eu estava com um barrigão que aparentava sete meses de gestação, eu sabia que iria ter que trazer um bebê ao mundo, mas não que tudo aconteceria tão depressa... Os pontapés em meu ventre estavam começando a me machucar.

- O que você está fazendo em pé? Não põe em risco a vida do próximo guardião!

Corri direto para a maca, Selfos me deixava apavorada, tinha medo do que ele pudesse ser capaz.

Minha barriga ficou maior e rebaixada em questão de minutos, comecei a sentir dores fortes nela, mais precisamente na região abaixo do umbigo, era uma dor insuportável, era pior do que as cólicas menstruais que sempre sugavam toda a minha energia, comecei a respirar ofegante, meu coração estava muito acelerado, parecia que aquele bebê estava lutando dentro de mim, de tanta dor quase desmaiei foi então que urinei. Eu havia acabado de entrar em trabalho de parto e Selfos não fazia nada, assistia tudo soltando uma risada alta, meus gritos agonizantes o deixavam nas alturas, seus gritos me deixavam louca:

- Isso pequenino, faça-a sofrer! Mostre a ela toda a sua força!

Após esforços exaustivos, o senti saindo de dentro de mim, assim que ele saiu àquela dor aliviou, contudo o bebê não chorou. Selfos cortou o cordão umbilical, o enrolou em um pano, o trouxe até a mim e me mostrou o seu rostinho, era um menino com as mesmas características que eu, ele era branco e de cabelos lisos e negros, estava com os olhos fechados e mexendo os bracinhos até que ao se aproximar do meu rosto arregalou os seus grandes olhos cor de âmbar que também eram semelhantes aos meus e vomitou bem no meio da minha cara e mesmo se tratando de um serzinho tão pequeno que deveria passar a imagem de inocência, aqueles olhos eram profundos, de certa forma me intrigavam e quando eu perguntei como ele iria se chamar, Selfos me desprezou dando as costas e eu apaguei...

As 07h00min o celular despertou, eu acordei meio exausta como se não tivesse dormido a noite inteira e o pior, eu não entendia o porquê de tanta dor no braço esquerdo... E por que havia sangue em meu lençol e em minha camisola se o meu ciclo menstrual havia terminado há apenas onze dias?

(...)

Gabi Alves
Enviado por Gabi Alves em 09/06/2016
Reeditado em 10/06/2016
Código do texto: T5662310
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