O GUARDIÃO - Thriller Psicológico (PARTE I)

(...)

Já passava das duas da manhã e a minha mãe ainda não havia chegado do trabalho, preocupada, me levantei da cama e fui assistir um pouco de televisão já que havia perdido o sono, fiquei mudando de canal procurando algo de bom para assistir, mas não passava nada de interessante. Ela chegou por volta das três da madrugada, explicando que o último cliente havia pagado por um tempo dobrado o que ela não podia recusar. Perguntei se estava tudo bem, ela respondeu que sim, beijou a minha testa, foi tomar um banho e pediu para que eu desligasse a TV e fosse dormir já que teria que levantar cedo. Desliguei a TV, fui ao banheiro, depois à cozinha, peguei uma garrafinha com água gelada, fui para o meu quarto, tranquei a porta, apaguei a luz, cai na cama e dormi. Por volta das 04h10min, ouvi uma pancada na janela e vi um clarão, rapidamente me levantei e fui correndo até ela para saber de onde surgia aquela luz forte, e quando fiquei próxima dela, senti um vento tão forte sobre o meu peito que me empurrou até a cama, quase que ela se quebrou com o impacto, na verdade quase cai pelo vão entre a cama e o canto da parede, só não cai porque o meu braço esquerdo foi de encontro a cômoda o que atenuou todo o impacto, fiquei com o braço suspenso um pouco no ar para que a dor aliviasse. Por um instante me esqueci do clarão, até que ao virar a cabeça para me ajeitar, dei para trás e percebi que a claridade vinha se aproximando da minha cama, meu corpo ficou todo arrepiado, pois à medida que ia se aproximando dos meus pés, eu me debatia tentando inutilmente me afastar, porém eu já estava no fim da cama. Percebi que era impossível escapar daquela situação embaraçosa, fechei os olhos apertando as pálpebras com toda força acreditando que quem fosse que estivesse por detrás daquela claridade me deixaria em paz se acaso eu conseguisse o ignorar.

Tremendo, suando frio e sentindo tamanha dor insuportável em meu braço, estava quase chorando sussurrando orações. Foi quando uma mão áspera tocou a minha face direita e disse:

- Abra os olhos.

Fingi que não havia escutado e continuei com as orações agora mais intensas... Nesse momento levei uma bofetada no rosto e uma voz alta e estridente gritou:

- Eu mandei que abrisse os olhos. Anda, não queira que eu faça isso por você.

Tomei coragem e abri os olhos, mas àquela claridade era tão forte que chegou a doer os meus olhos, coloquei a mão direita na frente para protegê-los, até então não sabia do que se tratava, mas só pelo cheiro pude ter uma ideia de que estava diante de algo que não era normal porque o que quer que fosse aquilo fedia como peixe podre, seu cheiro era insuportável demais para aguentar. Amedrontada fiz as seguintes perguntas:

- Quem é você?... O que é você?... O que quer comigo?

Ouvi risadas e uma voz usando um tom sarcástico me respondeu:

- Você quer saber quem sou eu? Bem, eu fui enviado até você porque você foi escolhida após uma seleção entre milhares de garotas existentes em todo o globo terrestre.

- Seleção de quê? E pra quê?

Imediatamente a risada parou e a resposta veio em um tom mais agressivo:

- Se você calar essa boca eu conto, ok? Nada de interrupções, estamos entendidos?

- Ãhã.

- Como ia dizendo mesmo? Certo, me lembrei. Essa seleção foi feita através das atitudes que vocês garotas egoístas tem em relação ao mundo, garotas que só pensam em si próprias e acabam se esquecendo dos demais. Bem, que indelicadeza de minha parte, primeiro deixa eu me apresentar. Eu me chamo Selfos e tenho desempenhado uma função de suma importância ao longo dos últimos tempos, o que posso te adiantar é que já vivi tempo demais sendo o guardião do portal entre a fantasia e a realidade. Não entrando muito em detalhes, o meu trabalho é basicamente manter o equilíbrio entre a realidade e o mundo dos sonhos. Infelizmente esse trabalho é muito cansativo e já estou farto disso tudo, por sorte, o meu prazo de validade está quase no fim, por isso eu estou aqui, para que você traga ao mundo o meu futuro sucessor. Já lhe adianto que não adianta negar a tal solicitação, caso contrário eu serei obrigado a derramar o seu sangue com as minhas próprias mãos como forma de punição por tamanha rebeldia. Você virá comigo, eu retirarei o seu conteúdo reprodutor, unirei ao meu que está sendo guardado há muitos anos e depois de feita essa união, introduzirei o resultado em seu ventre e você gerará e trará a vida o novo guardião. Você voltará para casa e não se recordará de absolutamente nada, eu cuidarei do meu pequeno sucessor até que ele esteja forte o suficiente para se defender sozinho, então eu morrerei.

Pulei da cama e corri para acender a luz, mas antes de acendê-la senti uma mão me puxando para trás e me jogando no chão e como o meu quarto é pequeno que mal cabe o meu guarda-roupa, a cômoda, a escrivaninha e a cama, bati a cabeça na beirada da cama.

***CONTINUA...

Gabi Alves
Enviado por Gabi Alves em 09/06/2016
Reeditado em 09/06/2016
Código do texto: T5662068
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