O Visitante Noturno
As gotas caíam lá fora. Havia chovido por um tempo e das folhas das árvores pingavam um restante da água vinda do céu. A lua já estava saindo do seu esconderijo por trás das nuvens, enquanto a solitária garota observava o tempo da janela de sua sala.
Ela ligou o ventilador na menor velocidade e acomodou-se no sofá para escrever. Já era por volta de 1h20 e sua mente fluía com novas estórias a serem contadas nas páginas cúmplices da sua imaginação.
Às 2h faltou energia elétrica e a garota estava sem sono. Apesar de ter um leve medo do escuro, não levantou-se para acender uma vela e nem mesmo procurou seu celular para clarear o ambiente. Preferiu ficar quieta em seu canto, pensando na vida. Nem ao menos se importou com estranhos barulhos em seu quintal.
Quando uma certa luz diferente começou a piscar na cozinha, ergueu-se para conferir o que era. Chegando lá, se deparou com dois olhos enormes brilhando intensamente no escuro. Passos em sua direção foram escutados e duas mãos com garras afiadas seguraram os ombros dela. A garota teve seu coração disparado naquele instante, mas ainda demonstrou uma curiosidade em passar a mão no estranho ser, percebendo que o mesmo possuía duas grandes asas e, ao tocar seus lábios, também pode encontrar enormes dentes caninos. Qual reação de espanto alguém teria nessa situação, não é mesmo? Mas ela beijou a boca do seu visitante noturno e com ele dançou a valsa do silêncio.
O dia amanheceu e a garota acordou deitada no sofá com a caneta e o caderno em seus braços, porém em seu útero começava a estadia de 9 meses do descendente do misterioso ser da noite.