Morte lenta

Ela não acreditava no que estava acontecendo. Queria apenas visitar um familiar. Antes andava em direção a casa da avó, com uma bela cesta de comida, agora estava presa num quarto que parecia ter saído do mais aterrorizante pesadelo.

A cama, onde a pequena estava amarrada, apresentava manchas escuras de sangue, ressecadas e novas, assim como quase todo o chão do quarto. Além da nova pintura daquele aposento, via-se também algumas partes cortadas de corpo humano, mais precisamente de sua avó. Haviam pedaços de perna e braço, mas alguns não eram possíveis de se identificar, a não ser pelo cheiro. Quando chegara ao quarto, foram essas imagens que a paralisaram, tornando-a um alvo perfeito para seu captor.

Agora atada ao leito, a pobre garota de vermelho, que se confundia às cores de sangue à cama, aguardava pelo sofrimento que regressaria pela única porta do quarto. Não conseguia parar de chorar ao olhar para o pé da cama e não ver os próprios. O corte fora feito a cima dos tornozelos. Um corte irregular, que deixava a imagem mais repugnante. Ela chorava por saber que jamais andaria e por ver que não havia escapatória para a sua lenta tortura.

Há dois dias, Chapeuzinho lutara contra um lobo ao lado de um caçador, e que agora sabe que ele não era um aliado, mas um infeliz canibal que estava apenas tirando do caminho um inimigo que queria comer de seu alimento. O caçador já havia se alimentado do lobo e da avó, e a pequena de vermelho seria sua mais doce sobremesa.

RENAN MOTTA
Enviado por RENAN MOTTA em 13/05/2016
Reeditado em 03/07/2024
Código do texto: T5634735
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