Psicose

Ela se encolheu em um canto do quarto chorando,o cabelo lhe caia sobre o rosto escondendo as horriveis marcas e cicatrizes que lhe maculavam a pele alva.

Estava escuro e isso lhe dava medo,sim porque para ela o escuro sempre representou perigo.Suas mãos tremiam,na verdade seu corpo todo era percorrido por calafrios,não se sabia se eram de medo ou devido as varias feridas infecionadas em seu corpo,elas nunca curavam,nunca mesmo.Nas paredes podia ser ver marcas de sangue,mesmo no escuro elas eram bem visiveis,umas mais escuras outras mais claras,eram muitas,quase tingiam a parede de vermelho.O quarto estava em completa desordem,cacos de vidro se misturavam a espuma do colchão e as penas dos travesseiros,tudo espalhado pelo chão.Os cobertores também estavam rasgados e neles se podia ver mais marcas de sangue.

Ela quase arrancou os cebelos ou ouvir a chave girar na fechadura com um estalo,se escondeu debaixo da cama.A porta se abriu por completo,a silhueta de um homem forte apareceu em todas as paredes.

- Thalita...Não se esconda querida,seja uma boa garota ou terei que machucá-la de novo,não queremos isso não é?

Ela se comprimiu contra o chão frio,ele sempre a machucava,desde que sua mãe morrera sua vida tornara-se um inferno.

Estava cansada de ser humilhada,maltratada,molestada,machucada,estava muito cansada...

Ele a puxou pelos cabelos,tirando-a de seu esconderijo e jogando-a contra parede,doeu mas não tanto do que ele faria depois,aquilo a machucaria na alma...

Thalita levantou da cama,se encolheu contra a parede e chorou,arranhou seu corpo até abrir feridas.Ela via aquele porco roncar espalhado na cama depois de tudo o que fizera,ele lhe dava nojo,nojo profundo.

Ela deitou no chão frio,pegou um caco de vidro um pouco maior que os outros,o admirou por um tempo,o levou até o pulso esquerdo fez um pequeno corte e lambeu o sangue,deixou o sangue correr um pouco passou na barriga,aquilo lhe fez sentir-se tão bem...Era como se fosse um pouco mais pura.

Rasgando um pedaço do lençol ela fez uma mordaça improvisada.Aproximou-se do porco,num rapido movimento lhe envolveu a garganta com a tira de lençou então trançou na boca prendendo na cabeçeira da cama,não tinha como fugir sem se enforcar,ele arregalou os olhos de surpresa,ela sorriu,pegou o caco de vidro e desceu no rosto dele,lhe furando os olhos,abrindo grandes buracos em toda a face,o sangue jorrava sobre o corpo dela que sorria furando e furando,sim o sangue a purificava,a fazia sentir-se bem,ela so queria mais e mais.

Desceu o caco pelo corpo dele passando o sangue pelo corpo,sentindo que sua vitima tentava fugir,tinha espasmo de dor."Sofra canalha,sofra como me efez sofrer!".Ela ria,ria alto banhada do liquido vermelho...Aos poucos sua furia foi passando,mas nada mais restava na cama a não ser uma massa disforme.Ela de mais um sorriso,se vestiu com seus poucos trapos,abriu a porta e saiu pelos corredores matando quem tentava para-la.

Passava o pequeno cartão branco por todas as portas que achava,as pessoas saiam aos montes de seus quarto-prisão,alguns ainda meio tontos pelo efeito dos remedios,outros gritando a liberdade.Com um dos guardas mortos ela achou um isqueiro,aos poucos todas as portas tinham uma pequena fogueira na frente,ela ia na frente liderando os demais naquele frenesi de liberdade.

Em momentos o hospital psiquiatrico ardia como uma grande pira funerária,Thalita sorriu diante da beleza do fogo funebre,não teve muito tempo para ficar ali tinha que liderar.Assim,sob a luz do fogo e do luar,todos marcharam em direção a cidade,aquele ponto iluminado onde moravam todos que os haviam condenado...Agora os condenados buscavam vingança e ninguem mais estaria a salvo...

Sim,o tempo da salvação acabara e a partir daquela noite as ruas seriam lavadas com sangue...