Todos os dias pedia desesperadamente, mas não sabendo exatamente a quem, vociferava, esbravejava ao léu por um preparo espiritual.
Acreditava em anjos, em elementais, forças superiores poderosas, era a qualquer uma delas a quem se dirigia diariamente e constantemente, pedindo e seguro do que queria: ser uma espécie de santo, um profeta capaz de converter almas más em boas, transformar água em vinho, pedra em pão.
Até que num dia, aliás, numa madrugada de um sono profundo, foi arrebatado por uma luz imensa que lhe ofuscou a visão e por anos, residiu pacientemente naquilo que acreditava ser uma nave espacial, dentro da qual, todos os dias, recebia uma sessão de luz diferente. Sentia que aquele era o seu tão sonhado preparo. Nunca pediu explicações, do porquê de nunca ter visto por ali viva alma, por ninguém ter dirigido a ele uma palavra sequer, por não ter recebido um ensinamento de forma verbal. Aceitou tudo com a resignação dos humildes.
Tendo cumprido seu tempo na "nave", foi liberto, num lugar pobre, feio, muito sujo, fedorento, semidesértico, na alta madrugada. Pensou: "será que este é o lugar para começar a minha missão?".
Pôs as mãos nos bolsos e percebeu que estavam abarrotados de dinheiro. Sentiu fome e sede. "Será que essas notas ainda valem?" Ao caminhar mais um pouco, sentiu um cheiro ótimo de comida e ao olhar para a direção, viu que era um bar,
aparentemente clandestino, nos fundos de uma casa e estava cheio. Cheio de pessoas muito mal encaradas que ao avistá-lo, olharam para ele todas ao mesmo tempo. Ali parecia a sucursal do inferno pelo ambiente e calor que fazia. Descobriu quem eram os frequentadores: prostitutas da vila ao lado, policiais do presídio em frente, parentes e amigos dos presos, alguns presos na condicional, bêbados, viciados, médicos do hospital ao lado...Todos doidões, por isso ali nunca teve confusão. Um espaço democrático para as almas perdidas, convivendo harmoniosamente. Em outra sala, havia mesas de sinuca e carteado.
Pegou uma de cada nota dos bolsos e perguntou no balcão: "Boa noite, senhor, essas notas valem aqui?" O homem examinou, com seriedade, bem as notas e respondeu: " Euros? Valem sim!". Perguntou o que tinha para comer. Tinham acabado de sair mocotó e carne assada com batatas coradas. Pediu a segunda opção e, por incrível que pareça, tinha um vinho tinto de mesa da casa, espetacular. Vinho destinado aos "grandões", mas como estava forrado de Euros, logo lhe foi oferecido. Diante disso já começaram a perguntar quem seria o forasteiro. E um cafetão esperto já convocou de súbito sua mais bela cortesã para colher informações sobre ele.
Ela se sentou à mesa e começou um clima de paquera, olhares e sorrisos. Foi quando, no meio de tudo, apareceu furioso, na porta do bar, o "dono" da moça, trepadão até os dentes, atingindo-o com uma coronhada no rosto e o arremeçando ao chão.
Levantou-se furioso e percebeu estar com uma força descomunal, bateu muito no homem e ninguém interferiu, pois era uma espécie de intimidador de todos ali. Pegou uma das armas e preparou-se para atirar no homem forte, desacordado e caído.
Conquanto, uma voz suave conteve o transe de sua cega ira: "Não, moço, não faz isso!".
Era o rosto mais lindo visto por ele. Num segundo, todos os que estavam no bar transformaram-se em luz. Alguém que não viu, sentenciou severamente: "Você não passou no teste! Não tem nenhuma vocação para a santidade! Pode levar, carrasco!"
E foi arrastado para um quarto escuro por um carrasco de um gabão azul com capuz cobrindo a cabeça, acompanhado de seu gato escuro, Rubinho!
Acreditava em anjos, em elementais, forças superiores poderosas, era a qualquer uma delas a quem se dirigia diariamente e constantemente, pedindo e seguro do que queria: ser uma espécie de santo, um profeta capaz de converter almas más em boas, transformar água em vinho, pedra em pão.
Até que num dia, aliás, numa madrugada de um sono profundo, foi arrebatado por uma luz imensa que lhe ofuscou a visão e por anos, residiu pacientemente naquilo que acreditava ser uma nave espacial, dentro da qual, todos os dias, recebia uma sessão de luz diferente. Sentia que aquele era o seu tão sonhado preparo. Nunca pediu explicações, do porquê de nunca ter visto por ali viva alma, por ninguém ter dirigido a ele uma palavra sequer, por não ter recebido um ensinamento de forma verbal. Aceitou tudo com a resignação dos humildes.
Tendo cumprido seu tempo na "nave", foi liberto, num lugar pobre, feio, muito sujo, fedorento, semidesértico, na alta madrugada. Pensou: "será que este é o lugar para começar a minha missão?".
Pôs as mãos nos bolsos e percebeu que estavam abarrotados de dinheiro. Sentiu fome e sede. "Será que essas notas ainda valem?" Ao caminhar mais um pouco, sentiu um cheiro ótimo de comida e ao olhar para a direção, viu que era um bar,
aparentemente clandestino, nos fundos de uma casa e estava cheio. Cheio de pessoas muito mal encaradas que ao avistá-lo, olharam para ele todas ao mesmo tempo. Ali parecia a sucursal do inferno pelo ambiente e calor que fazia. Descobriu quem eram os frequentadores: prostitutas da vila ao lado, policiais do presídio em frente, parentes e amigos dos presos, alguns presos na condicional, bêbados, viciados, médicos do hospital ao lado...Todos doidões, por isso ali nunca teve confusão. Um espaço democrático para as almas perdidas, convivendo harmoniosamente. Em outra sala, havia mesas de sinuca e carteado.
Pegou uma de cada nota dos bolsos e perguntou no balcão: "Boa noite, senhor, essas notas valem aqui?" O homem examinou, com seriedade, bem as notas e respondeu: " Euros? Valem sim!". Perguntou o que tinha para comer. Tinham acabado de sair mocotó e carne assada com batatas coradas. Pediu a segunda opção e, por incrível que pareça, tinha um vinho tinto de mesa da casa, espetacular. Vinho destinado aos "grandões", mas como estava forrado de Euros, logo lhe foi oferecido. Diante disso já começaram a perguntar quem seria o forasteiro. E um cafetão esperto já convocou de súbito sua mais bela cortesã para colher informações sobre ele.
Ela se sentou à mesa e começou um clima de paquera, olhares e sorrisos. Foi quando, no meio de tudo, apareceu furioso, na porta do bar, o "dono" da moça, trepadão até os dentes, atingindo-o com uma coronhada no rosto e o arremeçando ao chão.
Levantou-se furioso e percebeu estar com uma força descomunal, bateu muito no homem e ninguém interferiu, pois era uma espécie de intimidador de todos ali. Pegou uma das armas e preparou-se para atirar no homem forte, desacordado e caído.
Conquanto, uma voz suave conteve o transe de sua cega ira: "Não, moço, não faz isso!".
Era o rosto mais lindo visto por ele. Num segundo, todos os que estavam no bar transformaram-se em luz. Alguém que não viu, sentenciou severamente: "Você não passou no teste! Não tem nenhuma vocação para a santidade! Pode levar, carrasco!"
E foi arrastado para um quarto escuro por um carrasco de um gabão azul com capuz cobrindo a cabeça, acompanhado de seu gato escuro, Rubinho!