O Prédio

O casal Sílvio e Priscila haviam acabado de se mudar para a casa nova, não só a casa era nova, mas também o casal, recém casados ambos estavam em processo de adaptação, Priscila considerava aquela etapa primordial para o processo de fortalecimento da relação.

Mudaram-se para um prédio antigo, formado por dois apartamentos por andar, estes eram divididos pelo elevador, de um lado do andar ficavam os apartamentos ímpares e do outro os pares, ao todo existiam 5 andares no edifício e eles iriam morar no apartamento número 8 , no penúltimo andar, acima deles apenas mais dois apartamentos, sendo que um ficava do lado ímpar, a princípio o casal gostou da ideia, pois acima deles haveria apenas 02 apartamentos e sendo um do lado ímpar, isso era sinônimo de tranquilidade e pouco barulho.

O prédio que haviam se mudado era inserido em um condomínio de nome Estrela da Noite, que possuía mais 05 torres como aquela, tudo muito seguro, contando inclusive com o serviço de portaria e segurança, o local ficava em uma área isolada da cidade, um lugar bonito e tranquilo, o único “problema” era ser próximo ao cemitério da cidade, o que gerava boatos de ser um local com energias negativas e até mesmo assombrado, Sílvio e Priscila não acreditavam nestas coisas e com a oportunidade de adquirir a “casa” própria não pensaram duas vezes para comprarem o imóvel.

Foram se adaptando a vida a dois e também a nova moradia, o tempo passou rápido e logo fez 06 meses de convívio, tudo estava tranquilo, não brigavam e se davam bem, e em relação a nova casa não tinham problemas, aparentemente tudo estava no seu devido lugar, a única coisa que achavam estranho era o fato de nunca terem visto algum vizinho, mas isso era bom, significava mais tranquilidade.

Em um sábado a noite, lá pelas 23 horas, assistiam um filme quando ouviram barulhos no andar de cima, móveis sendo arrastado de um lado para o outro, depois de um tempo o barulho cessou, obviamente Sílvio não gostou, pois aquele ruído o irritava, além de atrapalhar o filme, pensou em falar com o porteiro para avisar os moradores de que aquilo estava incomodando e também arrastar móveis aquele horário infringia as regras do condomínio, sua esposa o convenceu de que não era necessário, e ele mais calmo ignorou a situação e nada fez.

No outro dia não ouviram mais nenhum barulho dos vizinhos, poderia ser que ele ou ela viajasse muito a trabalho e por isso não haviam ouvido sinal de movimentação no andar de cima antes, o fato é que ficou mais uns dois meses em plena tranquilidade, até que novamente em um sábado ouvi-se no andar acima movimentação de móveis, só que dessa vez mais forte, e o barulho durou um pouco mais, Sílvio ignorou, pois apenas um dia a cada dois meses não faria diferença para atrapalhar sua paz.

Mais uns 02 meses de silêncio e novamente o barulho de móveis se arrastando no andar de cima, só que dessa vez era muito forte, e também ouvia-se vozes, pessoas chorando e outras rindo, Sílvio esperou para ver se o barulho cessaria, porém passou uma hora e aquele ruído passava e os incomodavam muito, além é claro de que poderia ser uma briga ou algo do tipo, desta vez ele não conseguiu fingir que não estava ouvindo nada, ligou para o porteiro e pediu para que o mesmo comunicasse aos apartamentos do andar de cima que atrapalhavam os vizinhos debaixo, o porteiro sério disse que seria impossível fazer aquilo, Sílvio perguntou porquê seria impossível, o porteiro falou em um tom seco e assustador:

- Seu Sílvio, não é possível pedir para que seus vizinhos do andar de cima parem com o barulho, simplesmente porque faz 03 anos que não mora ninguém lá....Sílvio desligou o telefone e fez silêncio total no ambiente.

O_Interditado
Enviado por O_Interditado em 23/02/2016
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