OS FILHOS DE OMED
OS FILHOS DE OMED.
INTRODUÇÃO
Corria ano de 1850. Pressionado pela Inglaterra que havia promulgado a Lei “Bill Aberdeen” que dava o direito ao Reino Unido, de aprisionar em alto mar, navios negreiros, levando a ferros os comandantes e a população dessas naves, para serem julgados pelos Tribunais Ingleses, o Imperador D. Pedro II sancionou a “ Lei Eusébio de Queiróz, proibindo o tráfico de escravos no Brasil.
A Lei Eusébio de Queiróz provocou mudanças radicais no comportamento dos senhores escravagistas, influindo também no mercado de escravos. Isto por que não havendo mais o tráfico as mulheres negras e os chamados “reprodutores” tiveram seu valor aumentado no mercado. Tornaram-se “peças”fundamentais pois, a partir daquele momento caberia a eles aumentarem o numero de escravos nas fazendas. Esses reprodutores humanos eram geralmente negros fortes e bem dotados. Sua função era transar com as negras escravas quando essas estivessem no seu período fértil ou no cio como era usual chamar a esses momentos.
A FAZENDA SANTA MARGARIDA.
Nossa história é passada na Fazenda Santa Margarida, as margens do Rio Preto, que divide o estado do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Esta propriedade representa um dos atos mais violentos dos 350 anos da escravidão em terras brasileira: Dirigia os trabalhos da fazenda com mão de ferro o Barão de Juruna. Para o Barão, os negros escravos não passavam de animais que não possuíam sequer alma. Eram seres desprezíveis que só existiam para trabalhar e para aumentar a riquezas dos senhores. Tinha prazer mórbido em torturar os escravos. Não perdoava o menor deslize, o menor erro. Errou, o pobre negro já sabia o que lhe esperava. Ia direto para a masmorra, onde havia os instrumentos de tortura usados como castigo, como por exemplo, o tronco, e vira- mundo. Ainda hoje se podem ver as paredes da masmorra lanhadas pelas unhas dos escravos quando estavam sendo castigados.
“O Barão tinha tanto desprezo pela vida humana que exigia que ele próprio marcasse com um símbolo, a ferro e a fogo, crianças com apenas 30 dias de nascidas, assim ele classificava o reprodutor.”
Acompanhando a tendência da moda, o Barão comprou doze negros para que fossem seus reprodutores. A idéia do Barão era fazer reprodução para depois vender no mercado. Entre esses reprodutores veio a figura do negro chamado Omed. Omed era um negro diferenciado, dos demais. Pouco comia e bebia. Nunca reclamava de nada, chegava mesmo a aplaudir o Barão, e apoiá-lo em suas torturas. Parece que se regozijava com o sofrimento dos negros. O Barão sentia uma atração pelo negro Omed e se não fosse ele um escravo, bem que poderia ser amigo dele. Na verdade Omed era um excelente reprodutor. Já tinha dado ao Barão cerca de quarenta filhos.
Achando que a produção de escravos estava em baixa, o Senhor Barão resolveu que as meninas com doze anos de idade teriam que reproduzir, por causa disto, muitas delas morriam aos quinze anos. As mulheres que não reproduziam eram torturadas até a morte. A cada ciclo menstrual as mulheres temiam por sua vida.
Assim, era vida na Fazenda Santa Margarida. Certo dia, não se sabe a razão, o Barão vendo Omed namorando uma escrava fora do cio, resolveu castigá-lo. Chamou o feitor e mandou que este levasse o escravo infrator pra masmorra. Quando tentava cumprir a ordem do Barão, o feitor, sofreu um ataque fulminante vindo a falecer de morte desconhecida. Acostumado a ver suas ordens cumpridas, resolveu o Barão, ele próprio castigar o negro Omed. Quando avançava com os seus capangas para levar Omed pra masmorra, o Barão viu que o escravo não estava sozinho. A sua volta se encontravam todos os seus filhos protegendo o pai Omed. O Barão ordenou que seus homens atirassem pra matar. As balas não penetravam no corpo dos filhos de Omed, que avançavam contra os homens do Barão. Estes bateram em retiradas deixando o Barão entregue a sua própria sorte.
Foi construída uma fogueira no meio da senzala, onde Barão ardeu até a morte. Nos relatos dos negros escravos que assistiram a cena, eles contam que os filhos de Omed se transformaram em figuras horrendas e que exalavam deles um forte odor de enxofre. Muitos escravos juram que Omed era o demônio em pessoa. Eu não acredito muito nessa história. Mais uma coisa me intriga bastante. Vocês já leram o nome do negro Omed de trás pra frente? Então, leiam!