SATANÁS VENCERÁ?

SATANÁS VENCERÁ?

GAMA GANTOIS

Sou o Padre Luis e a história que vou contar posso assegurar é real, pois, ela aconteceu comigo. Fui testemunha ocular.Temo que a batalha entre o bem e mal esperada para acontecer no fim dos tempos, já tenha acontecido e poucas pessoas tomaram conhecimento.

A história é a seguinte: - Trabalhava como missionário na Igreja de São Francisco em Salvador, na Bahia, quando recebi ordens dos meus superiores para me transferir para Santanópolis, uma pequena cidade do interior baiano, com uma população de aproximadamente sete mil habitantes na época. Segundo informações coisas prodigiosas estavam acontecendo, e a minha missão era levantar dados para uma posterior avaliação da Igreja.

Arrumei minhas poucas coisas e partir para cumprir a missão que me fora confiada. Assim, que cheguei à cidade comecei a tomar informações junto aos meus paroquianos dos fenômenos que segundo diziam aconteciam num terreiro de candomblé. Fui informado que ali ocorriam prodígios, inexplicáveis. Paralíticos voltam a andar, cegos a enxergar, doenças incuráveis eram curadas enfim coisas maravilhosas. O terreiro não ficava muito distante do centro da cidadezinha, apenas uns quarenta minutos do centro. As seções miraculosas aconteciam às sextas – feiras na chamada hora grande, ou seja, meia- noite.

Com muita expectativa e confesso ansioso aguardei a chegada do tal dia. Quando este chegou, retirei a batina (naquela época os padres não tinham permissão para andar em trajes civis), vesti uma roupa que havia levado e parti para o tal terreiro.

Quando lá cheguei tive a minha primeira surpresa, pois, havia muito gente, a maioria pessoas precisando de cuidados médicos. Como era recém chegado á cidade, era um ilustre desconhecido fato que me ajudaria muitíssimo no meu trabalho.

Às vinte horas os portões foram abertos, e tive a minha segunda surpresa. Todos aqueles que queriam entrar tinham que tomar uma taça de uma bebida vermelha semelhante ao vinho. Ao tomar me surpreendi. O paladar era idêntico ao vinho que nós Padres, ingerimos durante a Santa Missa. Ao adentrar naquilo que chamavam de templo, mais uma surpresa me aguardava. No centro do terreiro, havia 12 baianas, vestidas de branco com torço a cabeça cheia de colares e patuás. Porém, o que me chamou atenção era que todas elas eram lindíssimas. Essas doze baianas ficavam entoando cânticos num língua que não consegui decifrar. Os doentes foram sendo colocados em lugares especiais. E assim, entre cantorias sempre acompanhadas pelos atabaques, o povo ficava aguardando a chegada da hora grande. Quando o relógio marcava meia noite em ponto, ouviu-se um grito lancinante, um grito de dor. Pronto. A mãe de santo havia incorporado a tal entidade a qual ninguém sabia o nome, pois isso fazia parte do mistério.

Dirigindo-se ao grande círculo a mãe de santo, com um timbre de voz rufenha e com fisionomia transfigurada começou a falar:

- Meus filhos. Hoje é uma grande noite pra nós todos. Coisas prodigiosas irão acontecer aqui, no templo. Hoje estamos recebendo a visita do representante do ressuscitado.

Ao dizer essas palavras a mãe de santo, veio caminhando em minha direção. Eu comecei a rezar com toda a fé que tinha. Pedia ajuda aos céus e a Virgem Maria que viesse em meu socorro. Quando já estava bem próximo de mim ele começou a dizer:

- Veio fazer aqui o quê, seu vagabundo? Explorador da fé alheia!

Eu comecei a rezar e a exibir o crucifixo fazendo com ele o sinal da cruz.

_ Não adianta, seu vagabundo. Não adianta pedir proteção ao seu patrão. Ele é fraco, covarde. Fomos nós que o pregamos na cruz e Ele não reagiu. Não socorreu seus discípulos. Os deixou a míngua. Se tivessem lutado a história seria outra. Ele sempre abandona seus seguidores. Estes são sempre perseguidos e sofrem muito para seguir seus ensinamentos, aliás, todos equivocados. O mundo é dos fortes, dos mais espertos. Vencer na vida a qualquer preço é o novo mandamento. O mandamento do nosso mestre Lúcifer.

No Coliseu romano, seu Deus, deixou inocentes morrer. Nada fez para salvá-los. Seu Deus é covarde, fraco, mentiroso, pois, promete e não cumpre. Só os tolos podem acreditar que terão recompensa após á morte. Que garantias Ele dá? Quem vem contar pros outros que ficaram aqui a terra,que aqueles que se foram e que seguiram os mandamentos do seu Deus, estão no paraíso? Já Lúcifer, o meu patrão, não. Quem o segue tem, luxo, poder, riqueza, aqui na terra. Podem se entregar a luxuria, ao vício ter o prazer de matar. Matar é delicioso. Você decidir quem vive ou que morre. Os seguidores de Lúcifer são os vencedores, os fortes. Somos nós que dominamos o planeta. Só não somos absolutos porque vocês existem. Mas, nós vamos expulsar todos os seguidores do crucificado daqui da terra. Falhamos na primeira tentativa quando incumbimos nosso maior guerreiro Adolfo Hitler de exterminar a base da crença do seu patrão. Ele falhou em sua missão. Deixou- se levar pela vaidade, exterminou apenas seis milhões desses malditos judeus, e olha que o crucificado quando esteve no planeta era judeu e nada fez para ajudar os seus patrícios. Deixou-os como sempre faz morrer da pior forma possível. Mas, a hora da segunda tentativa está muito próxima. Mas, agora vamos cuidar desse vagabundo que ousou vir à casa do meu pai.

Ao dizer essas palavras a mãe de santo e as doze baianas me cercaram. Suas fisionomias se transformaram, mostraram as suas faces reais e meus amigos posso lhes assegurar eram horrendas. Eu continuei firme em minhas orações. Lembro-me muito pouco dessa parte. Só sei que tive a sensação de ser levado para as alturas e largado no espaço. Meu corpo veio caindo, caindo, até esborrachar-se no chão. Senti dores horrorosas. Só sei que eu quando acordei desse transe, estava sentado no banco da igreja sentindo dores por todo o corpo. Ainda assustado contei os fatos para o pároco que obviamente não acreditou em nada do que lhe disse. Então, lhe convidei para voltarmos na sexta – feira seguinte, no que ele aceitou.

Quando lá chegamos até a hora grande tudo ocorreu conforme eu havia descrito. Quando chegou a meia noite e os atabaques rufaram e a mãe de santo, cercada pelas doses baianas, veio até nós e com sua voz cavernosa.

_ Voltou seu vagabundo. Gostou do tratamento que lhe dispensamos. Pensa que esse outro aí vai te salvar? A ordem do meu patrão é liquidá-los. Acabar com os vermes que emporcalham o planeta. Ao dizer essas palavras avançaram sobre nós. Caímos de joelhos rezando e exibindo nossos crucifixos e bíblias. Rezamos, com muita fé. Ao abrirmos os olhos vimos um ser translúcido, todo de branco trazendo na mão esquerda um escudo, e na direita uma enorme espada. Estava empenhado numa batalha de vida e de morte. O homem que vimos, temos certeza absoluta de que era um anjo enviado pelo Senhor, que ia abatendo um a um os soldados do exército de satanás. Por fim, a mãe de santo bateu em retirada mas, sem antes dizer: _ Nós voltaremos. A guerra não acabou. Satanás reinará.

Quando acordamos estávamos deitados em nossas camas. Será que sonhamos? Não! Pelo fato de não estarmos usando as nossas batinas. Será que Satã, vencerá o bem? Eu não acredito e vocês meu caro leitor acredita?

Gama gantois
Enviado por Gama gantois em 21/01/2016
Reeditado em 30/01/2016
Código do texto: T5518011
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