A MULHER DE PRETO

A MULHER DE PRETO.

Gama Gantois

Será a realidade um sonho? Ou será que o sonho se transforma em realidade? Será que todos nós temos minutos de alucinações dentro da nossa lucidez, ou quem sabe somos todos lúcidos com lapsos de loucura? Afinal, qual é a realidade que prevalece: A dos loucos ou a nossa? Serão os loucos os sadios ou ao contrário, nós os sadios, os loucos? Você meu caro leitor, o que acha disto tudo?

Pode parecer que essas questões sejam de somenos importância, mas, no caso que vou narrar elas são fundamentais.

Este caso aconteceu comigo quando tinha oito anos de idade, portanto, lá se vão mais de sessenta e ele não me sai da cabeça. Eu estava muito triste com o falecimento de minha mãe. Foi uma morte inesperada. Ela estava bem na véspera feliz alegre como sempre, quando um Acidente Vascular violento a pegou de surpresa. Em menos de vinte -e- quatro horas, para o meu desespero, ela estava morta. A tristeza se abateu sobre mim de uma maneira que não achava mais graça em viver. Imaginem um guri com oito anos não querer mais viver. Mas, é a pura verdade. Eu não conseguia mais brincar, comer, dormir. Foi então, que meu pai teve a idéia de realizarmos uma viagem pelo nordeste brasileiro. Achava ele que eu vendo novas paisagens, conhecendo outras pessoas poderia amenizar a minha dor. Eu confesso não queria ir, meu coração me aconselhava a ficar onde estava, mas, meu pai sabia convencer as pessoas quando ele queria. Para facilitar a nossa viagem ele resolveu que iríamos no carro da família.

No dia aprazado lá fomos nós rumo ao nordeste brasileiro. Nosso destino inicial seria a Bahia. No terceiro dia de viagem, lembro-me bem, eu estava muito cansado e cochilava no banco traseiro. Foi então, que sonhei ou tive uma premonição, sei lá o que tive só me recordo de que me vi num posto onde havia uma lanchonete. Eu estava sentado numa cadeira comendo um sanduíche quando veio vindo em minha direção, uma mulher loira muito parecida com minha mãe, mas, não sei por que tive certeza de que não era minha mãe. Estava toda de preto e tinha um olhar muito estranho. Vendo que aquela a mulher caminhava em minha direção, meu pai se aproximou de mim com se pressentisse que algo de anormal iria acontecer. Ao perceber a presença do meu pai, a mulher mudou a forma de olhar e começou a conversar em voz baixa com ele. Depois de alguns minutos de prosa, ela foi embora. Papai aproximando-se de mim, disse-me que ela solicitara uma carona até a próxima cidade. Não sei explicar a razão, pois, comecei a chorar, dizendo que não queria aquela estranha no carro. Acordei chorando o que assustou muito ao meu pai.

A viagem continuou tranqüila até que avistamos um posto. Resolvemos parar descansar e comermos um pouco. Qual não foi minha surpresa. Era o mesmo posto do meu sonho ou da minha alucinação. Sentei-me no mesmo banco do pesadelo e comecei a comer um sanduíche, quando surgindo do nada, eis que a mulher de preto aparece, com o mesmo andar e o mesmo olhar. Não preciso dizer que a cena ocorreu tal e qual no meu sonho. Quando partimos ainda pôde vê-la gesticulando e pulando de raiva.

Dei o caso por encerrado e acabei a adormecendo e sonhando novamente, só que desta vez com a minha mãe verdadeira. Sorrindo ela ma abraçou beijando-me na face, como só ela sabia fazer e me disse:

_ Filho aquela mulher era o demônio disfarçado. Ela pede carona ao viajante provoca um acidente, para se apoderar da alma do incauto. Mas, agora vou lhe dizer uma coisa. Quando vocês estiverem retornando terão que passar por esse mesmo caminho. Então, vai acontecer um fato terrível, mas, eu estarei por perto para protegê-los.

A turnê pelo nordeste foi uma verdadeira terapia pra mim. Já estava um pouco mais conformado com a morte de minha genitora. Depois de mais de quarenta dias viajando empreendemos o nosso retorno. Foi então, que me lembrando das palavras da minha mãe, pedi ao meu pai que não passássemos pelo mesmo lugar. Não foi possível. Quando já estávamos perto do fatídico posto, eis que surge no meio da estrada, a mulher de preto. Para evitar atropelá-la papai tentou uma manobra de alto risco. Nessa manobra o carro despencou pela ribanceira.

Acordei do coma seis dias depois do acidente. Ao abrir os olhos, deparei-me com os meus pais a beira da cama. Papai estava radiante de felicidade tinha feito a passagem só que eu ainda não sabia, pois, estava meio atordoado Foi mamãe quem me relatou o ocorrido, mas, tranqüilizou-me afirmando que eles estariam sempre por perto me protegendo. Então, ela me revelou o grande segredo. Disse abrindo seu belo sorriso que a mulher de preto era o demônio, que queria levar a alma do papa pro inferno, mas, ela não deixou.

Por causa dessa história, real me internaram nessa clínica psiquiátrica, embora não seja louco. Você acredita em mim, não acredita? Será que fiquei louco em função desta história ou foi a minha loucura que a inventou? Por favor dê a sua opinião!

Gama gantois
Enviado por Gama gantois em 23/12/2015
Reeditado em 28/01/2016
Código do texto: T5488963
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