Mistérios da vida ou da morte - parte II
Eu não sei bem o porquê estas coisas acontecem comigo. Mas foi justamente numa dessas últimas sextas feiras do mês deste ano que tudo aconteceu novamente.
Eu estava sentada numa poltrona da frente do ônibus que me levaria para casa, após um dia cansativo de trabalho, quando uma senhora vestida como uma adolescente resolveu puxar conversa comigo.
Dizia ter um espírito muito jovem, caminhava muito durante o dia e à noite também, pois gostava dos amigos que sempre a acompanhavam e gostava de conhecer pessoas novas.
Perguntou-me o que eu fazia e quando soube que eu era professora, disse ter um autor predileto, o Machado de Assis, que era seu amigo de infância e vizinho, disse ela.
Eu estranhei, pensei que ela se confundira, pois ele morrera em 1908...?) e ela não aparentava séculos de de idade.
Mas logo a seguir ela me perguntou como eram os jovens de agora.
Achei isto estranho, mas pensei ser Alzaimer.
Como eu estava cansada, àquelas onze horas e meia da noite não poderia ser diferente. E assim de vez em quando eu cochilava meio ao bate papo. O que deve ter incomodado à lépida idosa, muito interessada num bom bate-papo.
E eu pensava com meus botões: - Tinha de ser comigo.
E ela simpaticamente continuou seus "causos" de família e amigos e como eram elegantes e educadas as pessoas do passado e disse que um dia me contaria sua história de amor.
E eu movida por aquela cantilena sobre tantas pessoas que eu nem conhecia e detalhes peguei no sono por segundos.
Até que algo me chamou a atença, parecia ser um "dejavu".
- Eu já vira aquela cena antes: A lépida senhora agora, sem a minha companhia, proseava muito preocupada ...
Não comigo, contudo com alguém que eu não conseguia saber quem era, pois ele era invisível.
E ela dava broncas falando para a pessoa não sair do lado dela, que fosse obediente, pois havia muitos carros e ele poderia se perder dela e como eu mesma falara, os tempos atuais mudaram e as pessoas de hoje são mais violentas e brigam por qualquer coisa. ATÉ que...
Novamente em frente do cemitério a jovem antiga senhora divertida, agora de cabelos escuros - Não sei o porquê...
Ao que pensei: - danadinha tentando disfarçar, mas eu já sei que ela é ...a loira do cemitério.
Nesse exato momento, ela sumiu da poltrona.
Ela apenas desceu do ônibus, sem pedir para o motorista parar e assim desceu, num salto, com o veículo em movimento.
Eu confusamente olhei para o motorista e cobrador para ver suas reações.
Eles pareciam absortos com a rotina de seu trabalho e sonolentos, nessa noite eles não fizeram nenhuma piada. Parecia que nem tinham visto aquela mulher.
Então eu pensei: - Nossa, dessa vez eu dormi, de fato. Que sonho sonho maluco!