Sombra – Ato VIII
Capítulo 2 – Charlô
Mark me mandou a Grenoble onde devia procurar na biblioteca municipal por uma garota de mais ou menos minha idade. Claro que deixei isso para a noite, poucas horas depois de eu chegar até lá. Capítulo 2 – Charlô
O prédio era bonito, sua arquitetura cheia de detalhes, mas não havia muito tempo para admirar. Precisava entrar e encontrar a garota. Subi até o terceiro andar, quebrando uma das janelas, o alarme não disparou. Segui caminhando pelo corredor.
Vasculhei por todas as sessões, história, economia, direito, filosofia e entre outras. Nada! Até ouviu um pequeno sussurro de uma porta mais distante, no fundo do corredor principal.
Abri a porta devagar para que não fosse notado e a passos lentos caminhava dentro daquela sala.
-Ei, eu não sou cega e nem surda. – falou aquela voz de garota, tão suave quanto o vento.
-Olá. Onde você está? – perguntei.
-Se concentre, vamos! Você é patético.
-Ainda não a vejo.
-Ok troglodita! Acenda a luz a sua direita. – estiquei a mão e a arrastei pela parede até encontrar a tecla.
-Ah, ai está você. – respondi.
-Decepcionante, prometeram que mandariam alguém para me proteger e é isso que me encontra?
-Bom, eu não vim para proteger você, vim para levá-la comigo, Mark e Derek foram os responsáveis por esse plano.
-Mark! Aquele sacana, vive me enchendo de ilusões, anjo tolo.
-Olha garota! Se não está feliz tudo bem, nem eu estou, só procuro respostas ok? Não sei o que sou, não sei que poderes tenho e não entendo o motivo do mundo estar assim, cheio de criaturas estranhas e com vontade de nos matar. Então se você preferir, eu vou embora e nunca mais nos veremos.
-Já acabou com essa choradeira? Eu entendo as coisas, também perdi meus pais Elliot, você não pode se sentir fraco por isso, se continuar assim logo morrerá, então levante a cabeça e me siga.
-Espere, como sabe meu nome? – perguntei.
-Mark me contou.
-Ele não me contou o seu.
-Charlô, juro que se você rir vai se arrepender.
Charlô era adoravelmente azeda, tinha dezoito anos, minha idade, um metro e setenta e cabelos ruivos. Seus olhos eram castanhos e seu sorriso era realmente muito bonito, nas raras ocasiões que era possível vê-lo.
-Então Elliot, de onde você vem?
-Interior. – respondi.
-Não, essa é a família que o adotou certo?
-Sim. Bom, eu nasci em Paris.
-Uau, eu sou daqui mesmo, cresci num orfanato até conseguir fugir, passei alguns anos peregrinando pela cidade, morando em casas abandonadas ou sem muitos moradores, mas a biblioteca sempre foi de certa forma o meu lar, todas as noites eu fico lá, lendo até amanhecer.
-Descobriu alo sobre o que somos? – perguntei.
-Não há nada para descobrir, somos diferentes e poderosos.
-Entendo, aonde vamos? – perguntei enquanto saíamos pela janela que quebrei.
-Ora seu idiota! Por que quebrou a janela? Ninguém nunca suspeitava que alguém passava as noites aqui, agora terão certeza e vão descobrir como eu sempre desarmo o alarme.
-Desculpe.
-Não. Vamos para um lugar seguro e sem coisas para você quebrar.