A Maldição da Noiva.
A MALDIÇÃO DA NOIVA.
Gama Gantois
A notícia caiu como uma bomba. Paulo ou Paulinho como era conhecido, pedira a mão de Cirena em casamento, e esta aceitara. Cirena era uma linda moça, que surgiu no povoado vindo da cidade vizinha. Era de família desconhecida. Mas, graças aos seus modos polidos, em pouco tempo chamou atenção para si, inclusive do sem caráter Paulinho, seu futuro marido. Tudo seria normal, se o noivo não carregasse a maldição da noiva nas costas.
Paulinho era um rapaz muito convencido. Era filho único do Coronel Argemiro, homem sem escrúpulos e sem moral que promovia verdadeiras orgias dentro da sua própria casa, tudo diante dos olhos de sua esposa, Dona Margarida, uma mulher fina e educada que a tudo assistia sem nada poder fazer. Argemiro era o fazendeiro mais rico e poderoso da cidade de Jará, uma cidade do interior de Minas Gerais e apoiava seu filho em tudo de errado que ele fizesse. Paulinho por possuir poder e prestígio, não respeitava leis, regulamentos, conceitos. Era o todo poderoso, achando que podia tudo por ser filho de quem era.
Quem o contrariasse pode ter certeza aparecia morto no valão. Um dia, Paulinho se disse, apaixonado por Jussara moça muito linda, filha de um peão que trabalhava na fazenda do seu pai. Conhecendo a fama do patrãozinho, Jussara não queria nenhuma aproximação com o crápula. Paulo não era homem para aceitar rejeição, principalmente vindo, da ralé, como chamava aqueles que trabalhavam para a sua família;
Na verdade, Jussara amava Julião um caboclo trabalhador, honesto que a amava de verdade. O casal tinha planos para o futuro. Iriam casar, ter filhos e com um pouco de sorte iriam morar na cidade grande, onde poderiam dar um futuro melhor para A família.
Ao descobrir que a causa da sua rejeição tinha um nome – Julião, Paulinho não pensou duas vezes: mandou matar o pobre homem, para desespero de Jussara. Pensando ter o caminho livre para conquistar a mulher do seu desejo, Paulinho voltou à carga, mas, sem nenhum resultado. Vendo que eram infrutíferas suas investidas, resolveu partir para ignorância, ameaçando a indefesa mulher. Se ela não cedesse aos seus caprichos ele mandaria assassinar toda a sua família.
Jussara então aquiesceu à pressão do canalha. Marcou uma hora em que seus pais estavam trabalhando na lavoura. A hora combinada lá estava o pulha. Ao entrar na choupana de dois cômodos, se surpreendeu ao ver a moça trajando o seu vestido de noiva. Nervoso perguntou o que estava se passando, ao que ela respondeu:
-- Não se assuste. Era com este vestido que dona Margarida, sua mãe me deu, que eu ia me casar com o grande amor da minha vida, - Julião, o homem que você covardemente mandou matar. Somente a um homem digno como meu noivo, eu entregaria a minha pureza. A você não!
Dizendo isto pegou um facão que estava escondido e cortou profundamente os pulsos. O sangue da pobre rapariga esguichava tornando vermelho o branco do vestido. Paulinho em vez de socorrer a pobre suicida saiu em disparada, mas, sem antes ouvir:
“- Eu voltarei no dia do seu casamento e se você não se casar estarei presente no dia da sua morte.
Este fato correu mundo e ficou conhecido como A Maldição da Noiva, por isso, causou surpresa a noticia do casamento de Paulinho com Cirena. O noivo é claro desdenhava da maldição.
No dia do casamento a Igreja estava apinhada de gente pra saber se a Maldição iria ser cumprida. Ao pé do altar estava o pulha, quando toca a marcha nupcial. Cirena de braços com o padrinho caminha elegantemente na direção do altar. De repente os olhos do noivo começam a se dilatar. Cirena se transformava por instantes em Jussara para em seguida voltar a ser ela, Cirena, mais daí a instantes era Jussara novamente. E assim, foi todo trajeto da nave da igreja. Ao chegar ao altar era Cirena.Ao findar a cerimônia na hora do beijo, Paulinho fecha os olhos e beija a noiva. Quando abriu seus olhos uma surpresa o aguardava. O vestido branco da noiva se transforma em vermelho e o rosto de Cirena era uma caveira horrorosa, tendo duas cavidades enormes no lugar dos olhos. Dizem que seu corpo se transformou num monte de pó, ouvindo-se ao fundo uma gargalhada infernal.
Paulinho morreu alguns anos depois, num hospício vendo em todos os lugares a imagem de Jussara.