Hoje Mesmo Estaremos no Inferno
HOJE MESMO ESTAREMOS NO INFERNO.
Gama Gantois.
João era um homem, de poucas palavras, que tinha um olhar triste e poucos amigos. Sua vida era um desastre. Na verdade, era um fracassado. Era oposto do “Rei Midas”, pois tudo o que tocava era fadado ao fracasso. Assim, de fracasso em fracasso, ia levando á vida. Já tivera vários empregos e negócios que não deram em nada. Casamentos foram muitos todos com pouca duração. Quando tudo parecia que estava correndo bem, lá vinha a bomba. João perdia tudo. Para cada desilusão, um novo começo, para mais adiante colher mais um fracasso.
Assim, chegou aos 58 anos de idade sem ter nada na vida. Não tinha emprego, casa, família, amigos, nada. Vivia de pequenos biscates. Um dia, conseguiu arranjar emprego como balconista de uma farmácia. Ali ficou trabalhando, esperando ser despedido a qualquer momento como era hábito em sua vida. De repente quando o sol começava a declinar atrás da montanha, viu um fusca todo branco, parar á porta da farmácia. Saltou do interior do carro um homem, alto esguio, cabelos até os ombros. Vestia uma túnica alva, tênis da mesma cor. Com passos resolutos, dirigiu-se ao nosso personagem, pedindo para que lhe fosse aplicado uma lnjeção, no que foi atendido. O forasteiro era uma figura estranha, exalava um odor desconhecido. Ao se despedir do balconista, deixou-lhe um cartão para quando estivesse em dificuldades o procurasse. João guardou o cartão no bolso do jaleco, não lhe dando maiores atenções.
Dias depois, sem nenhuma razão aparente, fora despedido do emprego. João já não agüentava mais esses fracassos. Foi então, que se lembrou do cartão do misterioso homem. Sem pensar duas vezes dirigiu-se ao local indicado. Lá chegando levou um bruto susto. A residência do misterioso era um luxo só. Curioso, João começou a examinar quando alguém abrindo o portão o convidou a entrar. João atravessou vários corredores, várias salas, até chegar a um enorme salão. Sentado numa cadeira que mais parecia um trono todo dourado, com frisos pretos. Atrás, preso a parede havia o que parecia ser um quadro coberto por pano de cetim escuro.
Com a voz bastante suave, quase paternal, o misterioso individuo falou:
- Você demorou meu filho por quê?
- Não sei explicar, senhor. Como é mesmo o seu nome?
- Sanatas.
-Sanatas? Que nome diferente. Nunca ouvi esse nome.
- Por isso, mesmo. Eu sou único. Bem, você veio aqui porque está precisando de mim. Certo?
- Certo
- Bem. Eu vou te ajudar. Mas, você jamais poderá negar um pedido meu. Você será rico, poderoso, enfim um vencedor. Aceita?
- Sim. Aceito
-Bem, assine esse termo de compromisso.
Premido pela necessidade, mas não acreditando muito naquela conversa, João assinou o documento e fez o caminho de volta. Já na rua viu um vendedor de bilhete da Loteria Federal. Sem pestanejar comprou um bilhete inteiro sem muita convicção. No dia da extração, não deu outra coisa. Lá estava o número do nosso amigo. A partir desse fato, sua vida mudou radicalmente. João só tinha sucesso. Ficou muito rico, poderoso com vaticinou o Senhor Sanatas.
O tempo passou. Algum tempo depois, João ficou muito doente. A medicina era impotente para salvá-lo. Algumas horas antes de entregar a alma ao Criador recebeu a visita do seu amigo Sanatas.
Ao vê-lo um frio correu por todo o seu corpo. O visitante se aproximando do doente lhe sussurrou:
- Vim lhe pedir o favor do qual você não pode negar, conforme nosso trato firmado em documento
- Pede meu amigo. È dinheiro?
- Não, João. Quero a sua alma. Hoje mesmo estaremos ardendo nos quintos dos meus domínios.
_ Mas, você nunca me disse quem era?
Como não disse? Qual é ó meu nome?
- Sanatas.
- Leia de trás pra frente.
_ SATANÁS.
João soltou um grito lancinante e morreu. No mesmo instante Satanás levou a alma daquele homem para o Inferno.
Meus amigos. Nunca acreditem em coisas fáceis, pois, a vida é difícil. Cuidado, pois, satanás tem muitas faces. Ele é o rei da mentira, da ilusão.
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