O rapaz da praia
Era aproximadamente meio dia de um calor infernal, beirando aos quarenta graus.
Apesar do dia nublado, minha pele ardia e então procurei a sombra amigável de uma árvore próxima a uma das passagens que davam naquela praia.
- Isto, agora, lembra e me chama a atenção: Meio dia, meia noite, seis da tarde, ou da manhã. Agora penso: Será algo cabalístico?
- Não sei! Só sei que ali fiquei. Até que não sei o porquê uma imagem me chamou atenção, sem nenhuma explicação.
Era um jovem moreno, alto, atlético, aparentando ser um surfista de vinte e poucos anos.
E algo em seu olhar tocou-me, parecia destoar daquele cenário. Talvez ele estivesse com um frio. De alma. Quem sabe?
Ele foi direto para o mar e em seguida formou-se um grupo de banhistas apontando e gritando em uma direção.
A direção era do local onde o surfista, sem prancha entrara e agora debatia-se... Até que o arrastaram para perto de mim que agora buscava aquele olhar enigmático e não o achava.
Tentei massagear seus pés, enquanto um banhista massageava seu coração e fazia respiração boca a boca, por longos minutos. Até que veio uma ambulância e levou o corpo já sem vida.
Fiquei pensativa, perplexa, sem compreender aquele olhar turvo de despedida, que ele me dera.