A Cigana
A CIGANA.
Gama Gantois
È possível que você não acredite no sobrenatural. È muito provável que você ridicularize aqueles que por já ter tido, de alguma forma, alguma experiência com as almas desencarnadas, acreditam que os espíritos atrasados, possam voltar para atormentar os vivos. Se você está nesse caso, acho bom a partir de agora, mudar o seu modo de pensar, pois os espíritos malignos existem. A história que vou contar acredite ou não, é verdadeira, não é nenhuma Lenda Urbana, ela é real. O que devemos procurar é se ela tem relação com alguma maldição ou se não passa de mera coincidência?
Lá pelos anos quarenta tinha eu oito anos de idade, e cheguei a conhecer de longe o protagonista desta narrativa. Ela era uma Cigana, que surgia do nada e desaparecia da mesma forma que aparecia. Ela ficava perambulando pelas ruas do bairro, atormentando os moradores. Seu aspecto era horrendo. Seus cabelos negros eram todos cacheados. Seu olhar era tenro dava a impressão de querer sugar a nossa alma. Vestia um vestido rodado todo colorido e trazia na boca ligeiramente retorcida, um enorme cachimbo.
Pois bem. Essa Cigana ficava batendo de porta em porta pedindo alguma coisa para si. Em certos momentos pedia comida: outros roupas. Aquele que por ventura negasse, ela predizia a morte do chefe da casa. Dizem que até aquele momento somente um vizinho que se negara a ajudá-la teve morte quase que instantânea. Por isso, ninguém se atrevia a lhe negar coisa alguma.
Muitos acreditavam que ela fosse à morte que vinha em busca de suas almas. Outros, que era o demônio na sua forma de mulher. Pelo sim ou pelo não, a Cigana ia se dando muito bem, pois ninguém ousava lhe negar nada
Como toda regra tem sua exceção, o Coronel César dizia abertamente que não acreditava na pré monição da Cigana. Que ela não passava de uma espertalhona, de uma vigarista. Que espalhava o terror para ter benefícios próprios. Achava que aqueles que davam ouvidos a crendice popular não passavam de meros idiotas. Que se algum dia ela batesse a sua porta, levaria uma banana. A verdade dos fatos era de que a Cigana jamais batera á porta do Coronel. Este fato intrigava bastante a população do bairro que não compreendia aquela atitude .
Certo dia surgindo do nada, como sempre acontecia, a Cigana vindo não se sabe de onde, foi bater na casa do Coronel. Este,ao vê-la foi logo dizendo que não lhe daria nem um tostão, expulsando-a da sua casa. Esta, ao chegar ao portão, dirigindo-se ao incrédulo Coronel lhe disse que ainda naquela noite, exatamente ás 11horas e vinte dois minutos, viria buscar a sua alma para levá-la a satanás. Ao dizer essas palavras soltou uma gargalhada tão profunda que quem a ouviu ficou todo arrepiado.
Apavorada a esposa do Coronel implorou que marido voltasse atrás, obtendo do cônjuge a negativa. Desesperada jogou uma moeda para cigana. Esta olhando a moeda no chão, virou-se para mulher, mandando que ela guardasse para quando a sua hora chegasse.
Nem preciso dizer o alvoroço que esse fato provocou em todo bairro. O que aconteceria na maldição anunciada pela Cigana? Quem estaria com a razão? O Coronel ou a Bruxa? E você meu caro leitor, o que acha? Quem está com verdade?
Bem. Quando o relógio marcava 11 horas e vinte dois minutos, ouviu-se um grito desesperado partido de dentro da residência do Coronel. Todos os corajosos acorreram ao local, ainda a tempo de ver a cigana em disparada levando algo nas mãos que não souberam definir.
Quando chegaram á sala encontraram o Coronel sem vida, e sua esposa em estado de choque gritando qual uma louca:
-A Cigana cumpriu o que prometeu. Ela levou a alma do meu marido.