O ônibus
O Ônibus
Gama Gantois
O ônibus seguia seu destino. E estrada era deveras perigosa, pois, além das curvas quase sempre fechadas, a sinalização era precária e o acostamento não existia. Além do mais, aquela estrada era rota de escoamento de drogas e contrabandos. Por isso, o número de acidentes e de assaltos era absurdo.
No entanto, dentro do veículo havia algo estranho, de sobrenatural no ar como se alguma coisa muito perigosa estivesse por acontecer.
Nisso uma criança começou chorar, obrigando a sua mãe a esconder a sua cabeça no seu peito, afagando seus cabelos carinhosamente.
Lá na frente sentada junto á janela uma senhora com idade bastante avançada, tirando seu terço da bolsa, rezava com muita fé.
O motorista, uma figura estranha,com o rosto retesado e numa atitude suspeita de quando em quando, passava as mãos sobre a cabeça como tivesse algo lhe incomodando.
Os demais passageiros elevavam seus pensamentos aos céus numa prece fervorosa pedindo que chegassem aos seus destinos sãos e salvos.
A viagem seguia seu caminho, até aquele momento sem nenhum problema. De repente, o motorista parou o veículo virando-se para os passageiros, avisou que ia começar o trecho mais perigoso da via. Onde proliferavam os assaltos e onde havia as mais perigosas curvas. Todos os passageiros começaram a esconder como podiam seus bens. O motorista deu a partida lentamente redobrando-se em cuidados, para que nada de mal acontecesse naquela jornada. Ao dobrar a primeira curva surgiram dois guardas que com as mãos levantadas, mandava que o veículo parasse.
Os passageiros aflitos começaram a gritar para que o motorista aumentasse a velocidade e não parasse, pois, era muito comum bandido se disfarçar de policial para assaltar, ou o que era pior, muitas vezes, eram os próprios policiais os assaltantes.
Contrariando as solicitações dos passageiros, o estranho motorista sempre passando as mãos sobre a cabeça como se tivesse algo lhe incomodando, estacionou o veículo no local determinado pelos policiais.
Sempre de armas em punho, como a querer intimidar os passageiros, os agentes da lei começaram a revistar as bagagens em busca e drogas, ou de contrabandos.
Depois de promoverem uma minuciosa inspeção e nada encontrando mandaram o ônibus seguir viagem, para o alívio dos passageiros.
Depois, de fazerem as devidas anotações para a confecção do relatório, os dois policiais começaram a conversar sobre o estranho o acontecimento. Disse um deles:
- Você notou a cara do motorista?
- Não. Não notei nada.
- Você não viu uma mancha vermelha no lado direito da cabeça que mais parecia sangue?
- Bobagem. Você sabe que nesta região é muito comum pessoas terem manchas no rosto.
Estavam nessa conversa, quando através do radio da policia lhes foram solicitados que fossem socorrer um ônibus, que tinha se acidentado, uma quilometro abaixo do local onde se encontravam.
Antes de entrarem na viatura ainda viram o ônibus que vistoriaram fazendo a curva rumo ao seu destino.
Quando chegaram ao local do acidente avistaram o veículo no fundo de um precipício. Com muita dificuldade conseguira descer chegando ao local do desastre. Constataram que não havia sobrevivente. Estavam todos mortos, infelizmente.
Então, munido de rádio começaram a passar informações para a central de policia sobre o ocorrido. Ao ditar a placa do ônibus acidentado, levaram um baita susto. A placa era a mesma do ônibus que eles tinham vistoriado ainda há pouco. Assustados com o que viram notaram que o motorista do ônibus, havia batido com a cabeça no pára-brisa e ainda se podia se ver um filete de sangue escorrendo pelo lado direito do seu rosto.
Não preciso dizer que os dois valentes policiais saíram dali voando.