CRIATURAS



Córdoba, Argentina.

“Eles vem quando as luzes se apagam, por favor, deixem as luzes acesas!”

Esse era o grito constante de pavor vindo do quarto de numero 436. A voz do rapaz se perdia em ecos pelos corredores sombrios iluminados por algumas lâmpadas intercaladas. As lâmpadas queimavam constantemente e, isso chegava a intrigar os médicos em suas visitas periódicas.
O hospital de loucos era o lugar dele diziam alguns enfermeiros, mas o rapaz era afortunado de família abastada.
Aquela ala do hospital fora isolada somente para ele e, muitos pacientes que ficavam em quartos próximos pediram para ficar longe, não suportavam seus gritos de pavor.
Um dos psiquiatras que tratara do rapaz era o Dr. J Salazar e, dissera que fazia pouco tempo que ele vinha tendo aqueles acessos de paranoia. O rapaz enlouquecera, ele passou a ter visões de criaturas estranhas, sombras que desciam do teto, mas aquilo estava só na mente do rapaz dissera o bom doutor.
Aquela seria a última visita do Dr. Salazar ao rapaz naquela noite, eram mais ou menos dez e meia, o médico era cético em relação às visões do pobre homem e, por incrível que possa parecer o moço estava calmo, apenas pelos estranhos sussurros que emitia, ele parecia sussurrar: “eles estão vindo, estão vindo! ”.
Apenas uma das luminárias estava acesa próxima à porta de entrada do quarto, o enfermeiro ficara do lado de fora, o doutor gostava de ficar a sós com os pacientes.
Passaram-se alguns minutos, até que o silencio e a calmaria deu lugar a gritos de pânico e horror.
“Eles vêm quando as luzes se apagam, por favor, deixem as luzes acesas! ”.
As sombras começaram a descer do teto aterrorizando o rapaz, olhos arregalados de pavor e dedos trêmulos apontavam para a parede. Salazar tentava acalmar o rapaz insistindo que aquilo estava só na mente dele, que não havia nada ali…
Mas o paciente continuava a apontar e a gritar, forçando o médico a virar a cabeça em direção à parede. Horrível! é a descrição da cena, as bochechas do Doutor pereciam trepidar e os seus olhos piscavam freneticamente, Salazar via com seus próprios olhos o que o rapaz falava em seus acessos de loucura, afinal ele estava falando a verdade, aquelas criaturas existiam mesmo.
Aquelas criaturas eram mesmo horrorosas: pareciam homens lagartos, e tinham a aparência esfumaçada com olhos vermelhos como sangue. No entanto com o paciente desmaiado àquelas visões agora compartilhadas apenas pelo médico era seguida de tremedeira e gritos de horror.
As lâmpadas estouraram e, toda aquela algazarra chamou a atenção do enfermeiro que forçara a porta, mas ela parecia não responder aos seus solavancos, nada, parecia trancada por dentro por uma força invisível... Foram alguns minutos de terror até a porta se abrir.
Com a lanterna na mão o enfermeiro procurou na escuridão acender uma das luminárias e viu a cama do paciente, ela parecia estar encharcada de um liquido escuro que pingava no chão branco e polido, um vapor fétido subia do lençol manchado parecendo ser apenas a sombra do que fora um corpo.
- Dr. Salazar! Disse o enfermeiro, mas ele não respondeu apenas ficara sentado na cadeira de olhos vidrados para a parede, sussurrando palavras desconexas, “Eles vem quando as luzes se apagam, por favor, deixem as luzes acesas! Não há como fugir deles”.

Salazar enlouquecido sabia naquele momento que seria a próxima vítima das terríveis criaturas.

FIM
FernandoCreed
Enviado por FernandoCreed em 01/12/2015
Reeditado em 08/10/2017
Código do texto: T5466682
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