Almas Roubadas, Episódio III
III
- Vejam só, temos cinco garotos mortos que viram poeira, um policial e um legista, uma mídia enchendo nosso saco, uma população em pânico, e um garoto aqui que diz que o assassino é um monstro – dizia Oliveira – E o Richard nervoso...
- Na verdade é A assassina – disse Eduardo.
- Que se foda o sexo dessa praga! Eu quero saber quando vocês vão pegá-la
- É bem difícil quando não se trata de um ser humano – respondeu Eduardo.
- Você também está achando que é um monstro que anda matando esses jovens?
- Eu não acho nada, só que Luiz e o garoto disseram que são, e só o garoto está vivo ainda, e também acho que afastar Richard do caso, não vai ajudar em nada!
- E o que você sugere que eu faça? Viu o modo que ele me tratou?
- Ele perdeu um colega de trabalho, e sinceramente Oliveira, se ele não tivesse falado, eu teria.
- Dá licença pessoal – disse um rapaz – A análise do cabelo ficou pronta, acho que vocês vão querer ver isso.
Foram até a sala da análise.
- Veja o que temos aqui – disse o jovem – Este cabelo pertence a essa jovem – a foto dela foi posta na tela.
- Linda Gouveia, Nasceu dia 25 de dezembro de 1980 foi dada como morta no dia 06 de junho de 2006 – estava lendo Eduardo –
-Consegue saber o local em que ela morava?
- Sim – disse o rapaz – ela morava em uma cidadezinha do interior do estado.
- Ótimo – disse Oliveira – já sabemos quem é a assassina.
- Chefe, eu não quero ser pessimista, mas estamos procurando uma garota que morreu em 2006, isso não é estranho?
- Muito, mas pode ter acontecido um equívoco.
- Faça um favor, ponha Richard de volta no caso.
- Está bem, mas se vocês falharem, os dois estão fora, entendeu?
- Sim.
Eduardo voltou para sua casa, sentou-se em seu sofá, viu o retrato que tinha de sua esposa e filho: - Não posso acreditar que estou achando que a história do garoto é verdadeira, como eu queria vocês comigo agora! – Eduardo pegou no sono.
Eduardo acordou por volta das 19h00 com o telefone tocando.
- Alô.
- Eduardo!
- Quem é?
- Eduardo – a voz cada vez mais fica identificável.
- Alô!
- Morra, morra – a ligação caiu.
Eduardo desligou e quando olhou para frente viu um dos garotos estender o braço como se pedisse ajuda.
- Cruz credo! – disse Eduardo, e quando olhou de novo nada estava lá.
Mais do que depressa, o policial pegou suas coisas e saiu de casa, pegou o celular e ligou para Richard.
- Richard, me encontre na delegacia.
- O que houve Eduardo?
- Lá eu te explico!
Na delegacia, Richard viu Eduardo chegando.
- O que aconteceu? Vim correndo para cá.
- Venha, vamos viajar!
- Viajar? Como assim?
- Vamos para a cidade da suposta assassina!
- Você está louco Edu?
- Não, e se você não for eu vou sozinho!
- Você venceu, vamos.
Os dois então foram para a cidadezinha no interior. No caminho após conversarem, Richard pergunta:
- Lembra-se do perito que estava no primeiro assassinato?
- Sim, eu me lembro.
- Lembra também que ele falou sobre uma lenda na cidade em que ele vivia?
- Sim, eu me lembro...
- Você não está juntando as peças?
- Não muito...
- Edu, ta na cara que é essa a cidade, só você não quer enxergar, essa lenda realmente é verdadeira!
- Não me importo se é verdadeira ou não, o que me importa é que um dos nossos amigos foi morto junto com mais seis!
Continuaram a viajem, chegaram a cidadezinha por volta das 3h00 da manhã.
- Veja ali tem um hotel, podemos ficar ali, até de manhã – falou Richard.
- Verdade, nós precisamos descansar um pouco.
Pediram um quarto, com camas de solteiro e foram descansar. Eduardo e Richard tiraram seus cintos com as armas e tiraram os sapatos.
- Vamos descansar um pouco, amanhã descobriremos quem é Linda – Eduardo olhava para a foto, colocou a foto em cima da cômoda e foram dormir.
No dia seguinte acordaram bem de manhã, pagaram o quarto e foram para o centro da cidadezinha e lá perguntavam para todos se conheciam a garota, mas ninguém reconhecia.
- Esse pessoal está mentindo! – disse Eduardo.
- Como pode ter tanta certeza?
- É só olhar a cara deles, quando perguntamos
- Ei, vocês que estão procurando a garota aí da foto – disse um homem que se aproximou.
- Sim, somos nós, por quê?
- Eu acho que posso ajudar vocês.
- Quem é você?
- Meu nome é Pablo, vocês são da polícia?
- Sim, sou Eduardo e esse aqui é o Richard. Bem Pablo, o que tem a nos dizer?
- Aqui não, vamos ao meu armazém.
- Por quê?
- Ela não é um assunto muito bom aqui.
Eduardo e Richard seguiram Pablo ao armazém, ao entrarem, Pablo fechou as portas.
- Para que tudo isso? – perguntou Eduardo.
- Essa garota que vocês procuram é Linda Gouveia, certo?
- Sim, ela mesmo.
- Desculpe, mas posso saber o por quê?
- Essa garota é procurada por sete mortes na capital.
- Impossível!
- Como é impossível? – perguntou Richard.
- Porque essa garota foi morta a quase sete anos.
- Isso nós soubemos, mas parece que ela não está tão morta assim.
- Eu vi com meus próprios olhos, ela ser enterrada!
- E como ela morreu?
- Quando ela nasceu, muitas coisas ruins começaram a acontecer aqui nessa cidade, aqui cremos que o demônio nasce a cada quinhentos anos em uma mulher, para sugar almas.
- E como podem ter certeza que era ela?
- Tudo ia bem até seu nascimento, logo depois tudo começou a dar errado, as pessoas tinham medo dela, sua mãe a escondia dentro de casa e assim foi durante vinte e seis anos, mas um dia a população se revoltou e invadiu a casa de Linda, sua mãe nada pôde fazer, alguns homens a levaram para a igreja e em solo sagrado, enfiaram uma estaca em seu coração, acabando assim com o perigo.
- Parece que isso não funcionou muito bem...
- Ainda não terminei, após algum tempo todos que participaram do ato, foram morrendo um a um, dia após dia, logo depois membros de suas famílias.
- E o senhor?
- Eu não, eu apenas fui ao enterro para ver o quão era ignorante esse povo daqui.
- Onde ela está enterrada?
- Atrás da antiga igreja da cidade, foi enterrada lá, para que Deus sugasse o mal que existia nela.
- Pode nos levar até lá? E a mãe, nós podemos conversar com ela?
- Levar eu até levo, mas a segunda creio que não.
- Por que não?
- Dona Lourdes ficou louca, após o acontecido e foi internada no sanatório da cidade, ela não fala com ninguém e é muito arisca.
- Disso nós cuidamos, vamos à igreja!
Entraram no carro e foram para a antiga igreja, chegando lá tudo estava caindo aos pedaços.
- Pablo, deixe-me fazer uma pergunta idiota, por que essa igreja é a antiga igreja?
- Após o enterro da garota, a paróquia mudou de lugar, para que não se contaminasse com a maldade que estava em seu solo.
- Já imaginava.
Foram para trás da igreja, um local cheio de lama e árvores mortas
- Esse lugar me dá arrepios! – disse Richard.
Chegaram próximo ao túmulo da garota que estava coberto de folhas secas e galhos, tiraram tudo e estava escrito na lápide, “Linda Gouveia” que Deus purifique sua alma.
- Já viram? – perguntou Pablo – Vamos embora!
- Não – Disse Eduardo – Richard, pegue as pás, vamos começar a cavar!
- Estão loucos? Vão tirar o mal daí de dentro?
- Você mesmo disse que não acreditava – Disse Richard colocando a pá e começando a desenterrar
- Mas não quero pagar para ver.
- Fique sossegado!
Após uma hora conseguiram desenterrar totalmente o caixão
- Pelo amor de Deus, não abram esse caixão!
- Você disse para não abrir o caixão certo? – Perguntou Eduardo suando e cheio de terra – Então me responda se alguém enterra um corpo com as borboletas do caixão aberta!
- Como assim?
Eduardo abriu o caixão, e lá dentro não havia ninguém.
- Por que eu não estou surpreso? – perguntou Eduardo.
- Não há ninguém aqui – disse Richard.
- Como não? Eu a vi ser enterrada, eu vi tudo!
- Parece que ela então ressuscitou.
- Igual a Jesus Cristo – disse Pablo.
- Desculpe, mas se ela é comparada ao demônio, por que fala igual a Jesus Cristo?
- Ela nasceu em 25 de Dezembro, ela é a versão do mal, ela também ressuscitou.
- Chega disso Pablo, nos leve ao sanatório, temos perguntas para dona Lourdes.
- Está bem.